Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta quinta-feira

Reforma da Previdência, Petrobras, Vale e recado do Copom estão no radar dos investidores

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Após a queda de 3,74% no pregão da véspera, no pior pregão desde a greve dos caminhoneiros, o Ibovespa deve dividir suas atenções entre a sinalização de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, de que dará prioridade à reforma da Previdência, a possibilidade de revisão dos dividendos trimestrais da Petrobras e a informação de que a Vale sabia dos problemas com a sirene na barragem de Brumadinho, item que poderia ter auxiliado no evacuamento e salvado vidas. 

Ainda no radar dos investidores está a defesa do Copom (Comitê de Política Monetária) de “cautela, serenidade e perseverança” para as próximas decisões, o que enfraquece as apostas de queda na taxa de juros nos próximos meses. Ontem, a Selic foi mantida em 6,50%, como já era esperado. 

Veja no que ficar de olho nesta quinta-feira (7):

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1. Bolsas mundiais

Os índices futuros dos Estados Unidos apontam para uma abertura em leve queda. As bolsas europeias operam, em sua maior parte, com ligeira queda em meio à temporada de resultados. 

As bolsas asiáticas encerraram sem direção definida, com queda no Japão e alta na Austrália à espera de novidades sobre a guerra comercial entre China e Estados Unidos. O secretário do Tesouro norte-americano Steven Mnuchin informou que está a caminho da China na próxima semana para novas reuniões.

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Vale lembrar que as bolsas na China e em Hong Kong permanecem fechadas ao longo desta semana devido ao Ano Novo Lunar. Enquanto isso, no mercado de câmbio, o dólar avança ante as demais moedas  após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ter feito uma avaliação curta, mas positiva sobre a economia americana. 

Os preços do petróleo operam em queda com a manutenção de produção recorde nos Estados Unidos. Já o minério de ferro atingiu nível mais alto em quase dois anos, com investidores pesando crise cada vez mais severa da Vale com especulações de que mercado enfrenta perda substancial de oferta contra preocupações de que choque possa levar outras mineradoras a elevar produção.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 8h01 (horário de Brasília):

*S&P 500 Futuro (EUA) -0,17%

*Dow Jones Futuro (EUA) -0,12%

*Nasdaq Futuro (EUA) -0,21%

*DAX (Alemanha) -0,53%

*FTSE (Reino Unido) +0,06%

*CAC-40 (França) -0,32%

*FTSE MIB (Itália) +0,10%

*Nikkei (Japão) -0,59% (fechado)

*Petróleo WTI +0,15%, a US$ 54,09 o barril

*Petróleo brent +0,02%, a US$ 62,69 o barril

*Bitcoin US$ 3.373 +0,17%
R$ 12.590 +0,17% (nas últimas 24 horas)

2. Reforma da Previdência

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), reiterou à GloboNews, na noite de ontem, que a votação da reforma da Previdência será tratada como prioritária no plenário da Casa. Segundo o parlamentar, o projeto de combate ao crime apresentado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, poderia tramitar nas comissões da Câmara junto com a reforma, mas avaliou que o debate em torno do projeto de segurança é “mais longo”. Antecipá-lo, portanto, poderia “contaminar” o plenário para a votação das novas regras de aposentadoria.

O presidente da Câmara reafirmou ainda que a reforma previdenciária deverá seguir o rito tradicional de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), destacando que o prazo é suficiente para que o governo organize sua base e angarie os votos suficientes para a aprovação do texto e também para a recuperação da saúde do presidente Jair Bolsonaro, que está internado após cirurgia para retirada da bolsa de colostomia. A conclusão do texto da reforma depende da alta do presidente e ainda não há estimativa para que isso aconteça.

O encaminhamento de uma nova proposta de PEC é justamente o que preocupa o mercado financeiro, uma vez que não aproveitar o texto do governo de Michel Temer, que já está pronto para ir à votação, deve atrasar a tramitação do projeto em alguns meses.

A proposta do governo para a reforma incluirá um novo regime trabalhista. Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, se aprovado o projeto de emenda constitucional, coexistirão no mercado de trabalho os dois sistemas: o novo, desconstitucionalizado, desregulamentado e com maior oferta de empregos; e o atual com a Justiça do Trabalho, os sindicatos e poucos empregos.

Segundo o ministro, “os jovens terão a oportunidade de escolher” o regime antigo com “muitos direitos e poucos empregos” ou o novo, que teria menos direitos e mais empregos.

Por outro lado, Maia disse na entrevista que esta é a “última” chance de o Congresso aprovar a reforma da Previdência Social sem tirar direitos da população.

3. Agenda econômica 

Em meio a uma agenda de indicadores esvaziada, a temporada de resultados corporativos do quarto trimestre de 2018 segue forte. Chamam atenção a Lojas Renner (LREN3), na quinta-feira (7) também após o fechamento da bolsa, além da Klabin (KLBN11), que no mesmo dia apresenta seu resultado financeiro, mas desta vez antes do início dos negócios na B3.

Nos Estados Unidos saem os índices de preços PCE, os dados da renda e dos gastos pessoais do quarto trimestre e os pedidos por seguro desemprego. Mark Carney, presidente do Banco da Inglaterra, fala em coletiva de imprensa, Londres, às 10h30, após decisão do Bank of England às 10h. Nos EUA, Robert Kaplan, Richard Clarida e James Bullard, do Federal Reserve, falam ao longo do dia.

Clique aqui para conferir a agenda completa de indicadores.

4. Noticiário político 

O Ministério de Infraestrutura enviará ao Congresso um projeto de lei criando a ANT (Agência Nacional dos Transportes), uma espécie de superagência de infraestrutura, informa o jornal Folha de S. Paulo. Ela será formada pela junção da ANTT (de regulação dos transportes terrestres) e da Antaq (terminais portuários), ambas com diretores envolvidos em esquemas de corrupção e favorecimento a empresas. Em entrevista à Folha, o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Freitas, afirmou que, ao juntá-las, haverá somente cinco diretores.

A equipe econômica do governo estuda a criação de uma nova contribuição das empresas para financiar o INSS, substituindo a atual cobrança de 20% sobre folha de pagamentos, considerada muito alta. Seria uma forma de aliviar a carga tributária das empresas, uma promessa feita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em sua posse.

O governo também tem planos de amenizar os descontos sobre os salários dos trabalhadores de baixa renda e estuda a redução da alíquota mínima cobrada no INSS, de 8% para 7,5%, e aumentar para os que ganham mais, dos atuais 11% para até 14%.

5. Noticiário corporativo

>> Uma troca de e-mails entre profissionais da Vale e duas empresas ligadas à segurança da barragem de Brumadinho mostra que, dois dias antes do rompimento, a Vale já havia identificado problemas nos dados de sensores responsáveis por monitorar a estrutura. Os e-mails foram identificados pela Polícia Federal e as informações foram obtidas pelo G1. 

Além disso, a Vale suspendeu ontem as operações na barragem de Laranjeiras, na Mina de Brucutu (localizada a cerca de 100 quilômetros de Belo Horizonte), e da Mina de Jangada, que fica na mesma área da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, após decisão da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais pela suspensão da Autorização Provisória para Operar da primeira e da Licença de Operação da segunda. A Vale informou que adotará as medidas administrativas e judiciais cabíveis quanto à decisão da secretaria.

Ainda sobre a tragédia, a Vale pediu mais tempo para analisar o texto do TAP (Termo de Ajuste Preliminar), que define obrigações para adoção de medidas emergenciais e reparadoras por danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho (MG). O TAP foi proposto à mineradora durante audiência ontem na 6ª Vara da Fazenda Pública Estadual e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte. Uma nova audiência ficou marcada para dia 14 de fevereiro.

Ainda na audiência, a Justiça mineira determinou a transferência, em caráter de urgência, para o governo de Minas Gerais, de R$ 13,44 milhões para cobrir os valores gastos até agora pelo Executivo estadual com medidas emergenciais.

Em meio ao cenário de acúmulo de incertezas, os ADRs da Vale foram rebaixados para equal-weight pelo Morgan Stanley, com o preço-alvo sendo colocado em revisão. Já o Credit Suisse reduziu o preço-alvo em US$ 3, para US$ 15,50.

“Ainda mantemos o outperform, pois ainda enxergamos 28% de upside, mas acreditamos que as próximas semanas podem trazer mais noticias negativas, aumentando a volatilidade do papel e reduzindo o apetite do investidor”, destacam os analistas do banco suíço. 

>> A BRF celebrou acordo com a Tyson International Holding Co. estabelecendo os termos e condições para a alienação de 100% das ações detidas pela BRF em unidades de processamento de alimentos e abate de aves localizadas na Europa e Tailândia. Segundo fato relevante divulgado na manhã desta quinta-feira, 7, a transação considerou um “enterprise value” das empresas de US$ 340 milhões.

De acordo com a companhia, a conclusão do negócio ainda aguarda a verificação de algumas condições precedentes, incluindo a aprovação pelas autoridades regulatórias.

A operação, destaca a BRF, faz parte do plano de reestruturação operacional e financeira da companhia pelo qual pretende arrecadar cerca de R$ 4,1 bilhões. Inicialmente, o grupo previa atingir R$ 5 bilhões com os desinvestimentos.

Com a venda, a companhia estima que a razão entre dívida líquida/Ebitda ajustado ficará em torno de 5 vezes no quarto trimestre de 2018, incluindo os efeitos pro forma de todas as vendas de ativos já anunciadas, e chegando a 3,65 vezes no quarto trimestre de 2019, “o que representa um adiamento de seis meses para o alcance das metas divulgadas em junho de 2018”, conclui a empresa.

>> O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que a companhia pretende reavaliar a atual política de pagamento de dividendos trimestrais, aprovada em abril do ano passado. “Vamos reexaminar isso”, disse o executivo, em entrevista ao Valor Econômico. Ele afirmou que, em um momento em que realiza esforços de desalavancagem, a empresa não vê espaço para uma política mais agressiva de distribuição de dividendos. 

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Castello Branco também disse que espera chegar até o fim do mês a um entendimento com o governo sobre a negociação da cessão onerosa. Por esse contrato, em 2010, a União cedeu à Petrobras o direito de produzir até 5 bilhões de barris no pré-sal como parte da capitalização da empresa. O acordo entre as partes deve destravar a realização do leilão dos excedentes da cessão onerosa (volumes descobertos que ultrapassam os 5 bilhões de barris). Segundo o CEO da estatal, o leilão deve ocorrer até fim deste ano

A estatal avalia ainda romper contratos firmados nos governos anteriores, principalmente com grandes grupos de teatro e cinema e com a imprensa profissional. Na nova gestão, o dinheiro deve ir para as redes sociais e artistas menos conhecidos, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. 

>> As negociações para a venda do negócio de mineração da siderúrgica Usiminas travaram, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo com fontes a par do assunto. As conversas foram interrompidas na semana passada, poucos dias após o rompimento da barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que pertence à Vale.

Avaliada em cerca de R$ 1 bilhão, a venda da Mineração Usiminas (Musa) é uma das prioridades da companhia mineira para reduzir seu pesado endividamento, de R$ 5,9 bilhões.Entre os potenciais interessados no ativo estão a ArcelorMittal e a Ferrous, que foi comprada pela Vale no fim do ano passado. O banco estava na fase de recebimento das propostas. A expectativa era concluir as negociações até julho. O grupo Sumitomo, que adquiriu sua participação na Musa em 2010, tem o direito de preferência pela compra do ativo, mas não manifestou interesse pelo negócio.

A Klabin registrou um lucro líquido de R$ 913 milhões no quarto trimestre de 2018, revertendo o prejuízo de R$ 83 milhões no mesmo período de 2017. A receita líquida de vendas subiu 21% na mesma base de comparação, passando de R$ 2,298 bilhões para R$ 2,785 bilhões, impulsionada pelo aumento no volume de vendas e melhor cenário de preços.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado apresentou um crescimento de 33% no quarto trimestre em relação ao mesmo período de 2017, enquanto a margem Ebitda (Ebitda/receita líquida) subiu 4 pontos percentuais, a 41%. 

Ao final de dezembro a relação dívida líquida/Ebitda foi de 3,1 vezes, redução de 0,3 vezes se comparada ao final do terceiro trimestre de 2018.

>> Segundo o Valor, a Odebrecht, controladora majoritária da Braskem, já admite internamente que, para vender a petroquímica à holandesa LyondellBasell, terá de receber parte do pagamento em dinheiro, e provavelmente uma parcela maior do que chegou a indicar ao longo das conversas. A Odebrecht preferiria receber toda sua fatia em ações da companhia europeia, listada na Bolsa de Nova York, e estimava que ficaria com cerca de 10% da empresa resultante da união.

>> No radar de recomendações, a Gafisa (GFSA3)  teve a recomendação reduzida a ’underperform’ pelo BB Investimentos, enquanto a Tenda (TEND3) foi rebaixada a market perform pelo mesmo banco. A Ultrapar (UGPA3), por sua vez, foi rebaixada a ’neutra’ por Safra, com preço-alvo de R$ 61.

(Com Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

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