Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta quinta-feira

Confira no que ficar de olho nesta quarta-feira antes de operar na B3

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A tensão política segue dando o tom no mercado brasileiro, enquanto as especulações sobre o pós-Temer aumentam a cada dia. No radar corporativo, a JBS segue no radar enquanto que, no exterior, EUA divulgam seguro-desemprego e estoques no atacado. Confira no que se atentar nesta quinta-feira (25):

1. Bolsas mundiais

As bolsas europeias registram leves ganhos nesta manhã, em meio à repercussão da ata considerada “dovish” (branda) do Fomc, o que leva também a um recuo do dólar ante a maioria das moedas emergentes. Vale destacar os dados da economia do continente.  O Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido aumentou 0,2% no primeiro trimestre ante o quarto trimestre de 2016 e registrou expansão anual de 2% no mesmo período. Há cerca de um mês, o ONS havia estimado crescimento mais forte, de 0,3% na comparação trimestral e de 2,1% no confronto anual. Economistas consultados pelo The Wall Street Journal previam que as estimativas originais seriam mantidas.

Na Ásia, os mercados acionários da China tiveram forte alta, com o índice CSI300 tendo o melhor dia em mais de nove meses, apesar da decisão surpresa da Moody’s de rebaixar a classificação de risco do país no dia anterior e também seguindo a ata do Fomc. Os operadores citaram as crescentes expectativas de que o índice global MSCI incorporasse ações chinesas no próximo mês e alguns também sugeriram que a compra direcionada pelo estado pode ter ajudado a sustentar o mercado.

No mercado de commodities, o petróleo recua para pouco abaixo de US$ 51 com investidores mudando foco da ata do Fed para o encontro da Opep em Viena, enquanto o minério segue em queda após o rebaixamento da China pela Moody’s. 

Às 8h13, este era o desempenho dos principais índices:

*FTSE 100 (Reino Unido) +0,07%

*CAC-40 (França) +0,08%

*DAX (Alemanha) -0,05%

*Xangai (China) +1,43% (fechado)

*Hang Seng (Hong Kong) +0,80% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,36% (fechado)

*Petróleo WTI -1,54%, a US$ 50,57 o barril

*Petróleo brent -1,32%, a US$ 53,25 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian -4,07%, a 448 iuanes

*Minério spot negociado em Qingdao, na China -0,46%, a US$ 60,24 a tonelada

2. Tensão política

Ontem foi mais um dia de tensão política. Após confrontos e depredações em ministérios, Michel Temer autorizou uso das Forças Armadas para “garantir ordem” até 31 de maio, segundo decreto publicado em edição extra do Diário Oficial, o que gerou polêmica, conflito entre poderes e afetou mercado na quarta-feira. Os manifestantes em Brasília incendiaram o Ministério da Agricultura, enquanto dezenas de milhares se reuniram na área da Esplanada dos Ministérios para exigir a saída do presidente Michel Temer. O ministro da Defesa Raul Jungmann disse que Temer decretou ação para “garantia da lei e da ordem”, o que levou a uma retomada do dólar na tarde de ontem com o agravamento dos protestos em Brasília.

Vale destacar que, na noite desta quarta, após a dispersão do protesto, integrantes da Defesa avaliavam que a ação das Forças Armadas não era mais necessária e Temer deve revogar o decreto. O governo ainda apontou, segundo o jornal, achar que a radicalização da manifestação deve esvaziar novos atos por diretas. Em reunião nesta quinta com o ministro da Defesa Raul Jungmann, o presidente avaliará se a medida será revogada. 

A tensão chegou na Câmara e, com a ausência de deputados da oposição, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite de ontem seis medidas provisórias (MPs) que trancavam a pauta de votações da Casa. A aprovação das MPs ocorreu sem a presença da oposição que decidiu se retirar do plenário em protesto contra a edição do decreto do presidente Michel Temer que autorizou a presença das Forças Armadas nas ruas do Distrito Federal.

A decisão de abandonar o plenário foi tomada por deputados do PT, PSOL, Rede, PDT, PCdoB e PMB. Após o reinício dos trabalhos, o líder do PT, deputado Carlos Zarattini (SP), anunciou que os partidos de oposição decidiram retirar todos seus deputados do Plenário em protesto contra o decreto do presidente Michel Temer que prevê o emprego das Forças Armadas na Esplanada dos Ministérios entre os dias 24 e 31 de maio para “garantir a lei e a ordem”.

 

3. O pós-Temer

Em meio à eclosão da crise política, as negociações para a substituição de Temer continuam: jornais destacam que a saída via cassação pelo TSE passou a ser mais provável e a Folha apontou que os ex-presidentes FHC, Lula e José Sarney articulam o pós-Temer.  

O Valor Econômico, por sua vez, aponta que o impasse na sucessão de Michel Temer aumenta as dúvidas quanto ao prosseguimento da reforma da Previdência, na hipótese de renúncia. A relação dos cotados, que já foi mais extensa, concentra-se em três nomes – Tasso Jereissati (PSDB-CE), Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim, aponta o jornal. Ao afunilar a lista de possíveis candidatos, começam a surgir, também, os vetos. 

Ainda sobre Temer, a Folha ressalta que a Procuradoria-Geral da República deve pedir a abertura de um novo inquérito com base em diálogo do deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) com o presidente. Já o relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, barrou o depoimento de Temer à Polícia Federal. A defesa de Temer argumentou que perícia da PF na gravação da conversa entre o presidente e o empresário Joesley Batista ainda não terminou e um depoimento de Temer, portanto, não poderia ocorrer agora

4. Agenda econômica

Entre os indicadores de destaque desta quinta-feira, atenção para as notas do Banco Central de política monetária e de operações de crédito de abril a serem reveladas às 10h30. Já às 11h30, o Tesouro Nacional apresentará o resultado primário do governo central de abril. Nos EUA, às 9h30, atenção para os dados da balança comercial, estoques no atacado e pedidos de auxílio desemprego referente a abril. Às 12h, atenção para a sondagem industrial do Fed de Kansas e, às 23h, James Bullard, do Fed de Sant Louis, discursará. 

Voltando ao Brasil, vale destacar que o BC oferta até 8.000 contratos de swap para rolagem na quinta-feira. O leilão das 11h30 às 11h40, com resultado a partir das 11h50. O BC vai oferecer até 8.000 contratos de swap cambial para rolar vencimentos de 1 de junho de 2017 para 2 de outubro de 2017 e 2 de janeiro de 2018. Restam US$ 1,64 bilhão para rolar do total dos US$ 4,44 bilhão que venceriam em 1 de junho. 

Por fim, após um longo dia de negociações para a construção de um novo texto para a medida provisória (MP) 766, que cria um Refis para dívidas tributárias, o governo brasileiro fechou um acordo para deixar a proposta caducar. Será editado um novo texto sobre a matéria, a ser enviado ao Congresso Nacional. Essa foi a alternativa viável diante de impossibilidades técnicas para a votação do texto da forma como havia sido acordado com a área econômica do governo.

 

5. Noticiário corporativo

A JBS segue em destaque no radar corporativo: a companhia informou à CVM que comunicou sobre fatos da delação logo que soube, enquanto o jornal O Estado de S. Paulo aponta que o MPF negou a oferta de R$ 4 bilhões da J&F para fechar leniência. Além disso, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, leu o requerimento de CPI para apurar empréstimos do BNDES. Uma das linhas de crédito do banco permitiu a internacionalização da JBS a partir de 2007. 

Destaque ainda para a Ser Educacional, que cancelou a oferta primária por causa do preço por ação. Na Petrobras, a Justiça extinguiu a ação contrária à cessão de diretos CE/SE. A BR Properties fechou acordo com Previ por condomínio de R$ 433,4 milhões. No radar de recomendações, a 
Azul foi iniciada com recomendação outperform pelo Safra, a EZ Tec foi rebaixada de overweight para neutra pelo JPMorgan, enquanto Even e TIM foram elevadas de neutra para overweight pelo JPMorgan.

(Com Reuters, Bloomberg, Agência Brasil e Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.