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SÃO PAULO – Todos os olhos estão voltados hoje na proposta da reforma da Previdência, que será detalhada para a imprensa e entregue ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ainda nesta manhã. Se o projeto for robusto e prever uma grande economia, os investidores devem reagir com otimismo generalizado no mercado doméstico.
Após várias semanas de discussão entre a equipe econômica e o núcleo do governo, ficou decidido que a proposta fixará idade mínima de 65 anos para aposentadoria de homens e 62 anos para mulheres, com um período de transição de 12 anos.
Como pano de fundo, segue o imbróglio entre o governo de Jair Bolsonaro com o ex-ministro, Gustavo Bebianno. Ele disse, na noite de ontem, que o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, foi o responsável pela sua demissão do governo. Cientistas políticos acendem luz amarela sobre a possibilidade de o caso respingar na reforma da Previdência e colocar sua tramitação em passos lentos. Vale lembrar que o governo sofreu ontem sua primeira derrota na Câmara com a suspensão do do decreto sobre sigilo de documentos.
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Ainda no radar dos investidores está a divulgação da ata da última de política monetária dos Estados Unidos. O documento será conhecido às 16h (de Brasília) e o mercado busca por mais informações sobre os próximos passo do Federal Reserve em relação à política de juros.
Veja no que ficar de olho nesta quarta-feira (20):
1. Bolsas mundiais
Os índices futuros dos Estados Unidos apontam para uma abertura perto da estabilidade à espera de novidades sobre a rodada de negociações entre China e Estados Unidos que acontece nesta semana.
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Amanhã (21), começa a segunda parte das negociações, envolvendo funcionários de alto escalão. A equipe americana será liderada pelo Representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, e incluirá o Secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e o Secretário do Comércio, Wilbur Ross. O Ministério do Comércio chinês informou que o vice-primeiro-ministro da China, Liu He, participará das conversas.
Os investidores aguardam ainda a divulgação da ata do Fomc sobre sua última reunião, na semana passada. Vale lembrar que, no mês passado, o Federal Reserve sinalizou que não haveria mais aumentos nas taxas.
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As bolsas europeias operam em leve alta, também à espera de novidades sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China. As bolsas asiáticas encerraram em alta após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que as negociações com a China estão indo bem, acrescentando que o atual prazo de 1º de março não é uma “data mágica”, sinalizando – mais uma vez – que a data para início das tarifas sobre os produtos chineses pode ser adiada.
No mercado de commodities, os preços do petróleo interrompem a sequência de cinco altas seguidas e têm leve queda e o minério de ferro cai quase 2% no mercado futuro de Dalian.
Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 7h50 (horário de Brasília):
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*S&P 500 Futuro (EUA) -0,07%
*Dow Jones Futuro (EUA) -0,09%
*Nasdaq Futuro (EUA) 0,00%
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*DAX (Alemanha) +0,29%
*FTSE (Reino Unido) +0,10%
*CAC-40 (França) +0,14%
*FTSE MIB (Itália) -0,17%
*Hang Seng (Hong Kong) +1,01% (fechado)
*Xangai (China) +0,20% (fechado)
*Nikkei (Japão) +0,60% (fechado)
*Petróleo WTI -0,30%, a US$ 55,92 o barril
*Petróleo brent -0,39%, a US$ 66,19 o barril
*Bitcoin US$ 3.941 +2,21%
R$ 14.716 +1,65% (nas últimas 24 horas)
*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -1,98%, a 619,50 iuanes (nas últimas 24 horas)
2. Reforma da Previdência
O dia aguardado há meses pelo mercado financeiro chegou. O governo marcou para 10h15 (de Brasília) desta quarta-feira (20) uma coletiva para detalhar a proposta da reforma da Previdência. Segundo o porta-voz da presidência, Otávio Rêgo Barros, o presidente Jair Bolsonaro deve ir às 9h30 ao Congresso para entregar a proposta pessoalmente.
Leia mais: Quatro pontos para monitorar na proposta da reforma da previdência
Após a entrega do texto no Congresso e a coletiva, o ministro da Economia, Paulo Guedes e uma equipe do governo irão se reunir com líderes das bancadas para discutir a proposta. Além disso, o porta-voz ainda afirmou que o presidente Bolsonaro fará um discurso na noite desta quarta em rede nacional de rádio e TV para defender a reforma da Previdência.
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3. Agenda econômica
A agenda doméstica é esvaziada e, nos Estados Unidos, a atenção fica para a ata da última reunião do Fomc e a expectativa por mais informações sobre os próximos passo do Federal Reserve em relação à política de juros. O documento será publicado às 16h (de Brasília).
Clique aqui para conferir a agenda completa de indicadores.
4. Noticiário político
Em primeira derrota do governo, a Câmara dos Deputados aprovou ontem a suspensão do decreto sobre sigilo de documentos. Os efeitos do decreto 9.690/19 permitia ocupantes de cargos comissionados classificar informações públicas nos graus de sigilo ultrassecreto ou secreto.
Antes dele, a classificação de informações públicas como ultrassecretas era exclusiva do presidente e do vice-presidente da República, ministros e autoridades equivalentes, comandantes das Forças Armadas e chefes de missões diplomáticas no exterior. O texto segue agora para o Senado.
Sobre o imbróglio envolvendo o agora ex-ministro Gustavo Bebianno, a novela ganha novos capítulos. Bebianno disse, na noite de ontem, que o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, foi o responsável pela sua demissão do governo. “Fui demitido pelo Carlos Bolsonaro. Simples assim”, afirmou Bebianno em entrevista à rádio Jovem Pan.
Para Bebianno, Carlos Bolsonaro é uma pessoa com “agressividade acima do normal” e reconhecido como um “destruidor de reputações”. “Minha indignação é ter servido como soldado disposto a matar e morrer e no fim da linha ser crucificado e tachado de mentiroso, porque Carlos Bolsonaro fez macumba psicológica na cabeça do pai”, acrescentou.
Para Ricardo Ribeiro, analista político da MCM Consultores, o clã Bolsonaro fez “tempestade em copo d’água” com o caso Bebianno. “Ao contrário do que normalmente ocorre nesse tipo rusga entre presidente e ministro demitido, Bebianno saiu disparando contra o presidente, fazendo jus à sua nova foto no perfil do Instagram. Parece disposto a aumentar a intensidade da artilharia. Pode se transformar numa bola de neve”, alerta o analista.
O receio é que a crise contamine a tramitação da reforma previdenciária. “Acho que já dá para dizer que essa tempestade está afetando o prognóstico para a reforma da Previdência. Não a ponto de descartá-la desde já. Mas aumentou a chance de demorar mais e de sair mais desidratada no final do percurso. Políticos vão se aproveitar da confusão”, avalia Ribeiro.
5. Noticiário corporativo
>> A Engie Brasil Energia registrou lucro líquido de R$ 2,3 bilhões no ano passado, alta de 15,5% na comparação com o ano anterior. No último trimestre de 2018, a empresa teve lucro líquido de R$ 761,6 milhões, alta de 8,1% ante o mesmo período de 2017. A receita operacional líquida cresceu 25,5% no ano passado, para R$ 8,8 bilhões, e o ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) foi de 4,36 bilhões em 2018, aumento de 24,1%.
O conselho da companhia aprovou ainda a proposta de dividendos complementares no valor de R$ 76,7 milhões, a ser ratificada pela assembleia geral ordinária. Assim, o total de proventos relativos a 2018 atingirá cerca de R$ 2,27 bilhões, equivalente a 100% do lucro líquido distribuível ajustado.
>> A Via Varejo, rede controladora das redes varejistas Casas Bahia e Ponto Frio, registrou prejuízo líquido de R$ 279 milhões no quarto trimestre do ano passado, revertendo um lucro líquido de R$ 111 milhões de igual intervalo de 2017. No acumulado de 2018, o prejuízo líquido atingiu R$ 267 milhões, ante um lucro líquido de R$ 168 milhões em 2017.
Segundo a empresa, o prejuízo do quarto trimestre foi impactado, apesar do crescimento das vendas, pela menor margem bruta no período e por outras despesas operacionais, resultantes da reestruturação realizada pela companhia.
>> A Itaúsa, holding de investimentos do Itaú Unibanco, deverá avaliar investimentos no setor de gás, afirmou o presidente do grupo, Alfredo Setubal. Dona da Alpargatas e acionista do gasoduto NTS, a holding também está em um dos consórcios que disputam Transportadora Associada de Gás (TAG), que pertence à Petrobras.
Segundo Setubal, há a expectativa de a Petrobras reabrir a disputa pelo ativo. “Temos olhado bastante o setor de gás, que traz um retorno muito bom”, disse o banqueiro, em teleconferência com analistas e investidores após a divulgação de seu balanço.
>> A Telefônica Brasil registrou um lucro líquido de R$ 1,486 bilhão no 4º trimestre de 2018, queda de 2% na base de comparação anual. O ebitda foi de R$ 4,046 bilhões no quarto trimestre, 7,4% superior frente o mesmo período de 2017, com margem de 36,5%, 2,4 pontos porcentuais acima na comparação anual.
>> A TIM Participações teve lucro líquido normalizado de R$ 592 milhões no quarto trimestre de 2018, queda de 2,1% em relação ao mesmo período de 2017, enquanto a receita líquida foi de R$ 4,479 bilhões, alta de 5,2% na mesma base de comparação.
O ebitda normalizado foi de R$ 1,868 bilhão, 5,6% acima quando comparado aos últimos três meses de 2017, enquanto a margem Ebitda teve leve alta de 0,2 ponto percentual, para 41,7%.
“Do lado positivo, a companhia reportou crescimento contínuo na receita vindo de serviços móveis e fixos e menores despesas de rede. Por outro lado, o resultado apresentou aumento nas despesas administrativas e inadimplência. A companhia atingiu seu guidance em 2018 e esperamos uma reação neutra no papel”, avalia o Itaú BBA.
>> A WEG teve lucro líquido de R$ 335,28 milhões no quarto trimestre de 2018, queda de 12,1% na comparação anual, enquanto a receita operacional líquida foi a R$ 3,12 bilhões, 16,9% superior na mesma base de comparação, mas com baixa de 3,5% frente o terceiro trimestre do ano passado. O Ebitda teve leve alta de 0,2%, a R$ 489,806 milhões, enquanto a margem teve aumento de 0,6 ponto percentual, para 15,7%.
>> O Conselho de Administração da BR Distribuidora aprovou a indicação de Alípio Pinto Júnior, diretor-executivo de Operação e Logística, para acumular interinamente o cargo de diretor-executivo de Mercado Corporativo e Lubrificantes. O antigo diretor, Gustavo Henrique Braga Couto, renunciou ao cargo.
>> De acordo com fontes ouvidas pela Bloomberg, a Vale estima que levará pelo menos três meses para recuperar a licença para operar uma barragem de rejeitos para produção em sua mina de Brucutu, em Minas Gerais. A licença provisória da Vale para operar a barragem de rejeitos de Laranjeiras foi revogada em 5 de fevereiro.
Brucutu é uma das maiores minas da Vale, respondendo por cerca de 30 milhões de toneladas/ano. A Vale apelou da decisão do tribunal que interrompeu a produção de Brucutu, de acordo com a fonte, enquanto a assessoria de imprensa da Vale não fez comentários imediatamente sobre a barragem de Laranjeiras. Já a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) de Minas Gerais diz que a Vale pode assinar um acordo que poderia garantir o funcionamento da Laranjeiras novamente, mas não especificou quanto tempo levaria para fazer um acordo.
>> A Estácio anunciou a saída de Orlando Ferreira (antigo diretor responsável pelas operações on-campus) e a substituição por Adriano Pistore (anteriormente responsável pelo ensino a distância). O novo diretor de EAD será Alexandre Aguieiras. “Vemos a notícia como um pouco negativa, pois é outra mudança significativa na liderança em um momento que é o principal ciclo de captação para o ano. Ferreira estava na empresa desde março de 2018”, avalia o Itaú BBA.
(Com Agência Brasil e Agência Estado)