Oposição traça estratégia para impeachment de Dilma com ajuda de Cunha, diz colunista

Mesmo que de forma contraintuitiva, a rejeição de Cunha aos pedidos de impeachment seria uma estratégia mais rápida para abrir o processo, segundo Fernando Rodrigues, do UOL

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Enquanto o governo comemorava a denúncia da Procuradoria Geral da República ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra Eduardo Cunha no final da tarde da última quinta-feira (20), a oposição definia a melhor estratégia para prosseguir com o impeachment da presidente Dilma Rousseff. E, para isso, contará com o apoio do próprio presidente da Câmara dos Deputados, de acordo com o colunista Fernando Rodrigues, do UOL.

Os ministros destacaram em fala para diversos jornais que a tese do impeachment deve ser enfraquecida mas, em salas adjacentes à presidência da Câmara, deputados de partidos da oposição decidiram ressuscitar uma estratégia pensada e depois esquecida há cerca de dois meses, informa o colunista. A conjuntura atual indica que o ideal seria voltar a recomendar a Cunha que arquive os pedidos de impeachment que estão sendo analisados por ele. 

O colunista destaca que pode parecer contraintuitivo que a oposição esteja sugerindo o arquivamento e ao mesmo tempo desejando o impeachment, mas há uma lógica nesta estratégia. 

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Cunha tem três opções: receber os pedidos e fazer o processo andar, rejeitar o pedido e mandar arquivá-lo e não fazer nada, pois não há prazo legal que o obrigue a tomar uma decisão dentro de algum prazo definido.

Para a oposição, a rejeição aos pedidos é o caminho mais rápido. Se a rejeição se tornar pública – e a oposição deseja que isso ocorra já na semana que vem – algum deputado anti-Dilma apresentaria recurso contra o arquivamento, que seria apresentado ao plenário da Câmara. Para tanto, basta maioria simples para conseguir a vitória. 

A maioria simples ocorre quando metade dos 513 deputados já registraram presença – ou seja, 257 deputados no plenário. Nesta hipótese,  129 votos já seriam suficientes para colocar o processo do pedido de impeachment em andamento. O colunista destaca ainda que o governo tem perdido quase todas as disputas na Câmara e uma votação  como essa é muito mais fácil para a oposição do que para o Planalto. Além disso, com esta estratégia, Cunha ficaria preservado num momento em que se defende da denúncia de envolvimento na Lava Jato. 

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Não fazer nada em relação aos pedidos de impeachment seria a maneira mais eficaz de Cunha ajudar Dilma. Por muito tempo, os pedidos ficaram parados mas, agora, Cunha tomou uma providência e pediu que a assessoria da Câmara verificasse todos os problemas formais e perguntou aos autores se desejariam fazer alguma correção. Na avaliação dos técnicos, dois ou três pedidos de impeachment atendem a todos os requisitos técnicos. E, se Cunha concordar em rapidamente mandar arquivar todos os pedidos, a oposição escolherá um deles para ser debatido no plenário.

Fernando Rodrigues ainda destaca que, se depois da votação em plenário, a maioria dos deputados reverter o arquivamento promovido por Cunha (cenário mais provável na conjuntura atual), o processo de impeachment começa a tramitar de maneira irreversível – e muito rápida. Neste processo, Dilma teria que apresentar a sua defesa em uma comissão especial em até cinco sessões e, depois que a comissão der o seu parecer, o assunto entra na “ordem do dia” da Câmara em 48 horas. 

Por outro lado, quando o impeachment for apreciado de fato, o cenário é mais difícil para a oposição, já que são necessários dois terços dos votos, ou 342, a favor do impeachment para que ela seja impedida, sendo afastada do cargo até que o Senado julgue o processo de forma definitiva. 

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O que pode dar errado é Cunha, que tem se mostrado “ambíguo” nas suas conversas com a oposição, se recusar a entrar nessa estratégia. O colunista destaca ainda que o processo está bem distante de ocorrer, mas avaliar que há disposição dos oposicionistas para isso e que, mesmo se o impeachment não ocorrer, haverá um desgaste grande no Planalto. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.