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SÃO PAULO – Em artigo publicado no último domingo para os jornais O Estado de S. Paulo, El País e O Globo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que os brasileiros sentem “a dor das oportunidades perdidas” com o governo Dilma e destacou que, nos últimos anos, houve uma guinada não para a esquerda, mas para o “despropósito”.
“O que havia sido penosamente reconstruído na década de 1990, o Plano Real; a responsabilidade com as finanças públicas; o incentivo à iniciativa privada (sem subsídios descabidos); a manutenção do setor produtivo e financeiro estatal longe do alcance dos interesses clientelísticos; em suma, o início da reorganização do estado e, ao mesmo tempo, a reformulação e universalização do atendimento à saúde e à educação, bem como do acesso à terra, perdeu-se por ‘desmesura’. Em politica econômica tão importante quanto o rumo é a dosagem. No caso, o rumo foi perdido e o limite da prudência na dosagem, ultrapassado”, afirmou.
Por outro lado, FHC também criticou as medidas mais imediatistas dos parlamentares do PSDB, que votaram contra o fator previdenciário. Em entrevista ao Estadão, ele também criticou o apoio de deputados e senadores do partido à medida ao destacar que “acabar com o fator previdenciário ou diminuir as exigências de idade e tempo de trabalho como foi feito agrava a situação fiscal e, a médio prazo, o custo cairá no bolso do povo. Na campanha de 2014, o PSDB prometeu substituir o fator previdenciário por outro mecanismo, o que seria razoável. O PSDB votar como votou abala seu prestígio, embora em camadas de menor peso eleitoral”.
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“Sabemos quais foram os responsáveis pelo estado a que chegamos. Cobra-se agora das oposições: o que fazer? É preciso primeiro reconhecer que, dada a reeleição de Dilma e do PT, há que dizer: quem pariu Mateus que o embale. Tudo bem, é verdade. Mas o Brasil não é do governo ou da oposição, é de todos”, afirma o presidente no artigo.
E ele continua: “a oposição de hoje será governo amanhã. Portanto, não deve escorregar para o populismo, e, sim, apontar caminhos para superar os problemas”, afirmou. “O fator previdenciário, por exemplo, é indispensável, em longo prazo, para o equilíbrio das finanças públicas”.
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