ONU solicita redução nas delegações da COP30 devido à crise de hospedagem no Pará

Falta de vagas e preços elevados em Belém geram alerta entre países europeus; Polônia e Estônia ameaçam não participar da COP30

Marina Verenicz

Obras do Parque da Cidade, em Belém, onde ocorrerá a COP30 em novembro, estão sendo concluídas - Foto Fabiola Sinimbú
Obras do Parque da Cidade, em Belém, onde ocorrerá a COP30 em novembro, estão sendo concluídas - Foto Fabiola Sinimbú

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A crise de hospedagem em Belém, cidade que sediará a COP30 em novembro, já começa a impactar diretamente a preparação para o evento. O secretário-executivo da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC), Simon Stiell, recomendou oficialmente às agências do sistema ONU que reduzam o tamanho de suas delegações, diante da escassez de vagas e dos altos custos cobrados pela rede hoteleira.

Em notificação divulgada na terça-feira (9), Stiell sugeriu que cada órgão “revise e reduza” suas equipes “sempre que possível” e destacou que a participação virtual será ampliada como alternativa.

O documento, direcionado a chefes de agências e parceiros da ONU, reforça que a orientação atinge principalmente os chamados overflow badges — credenciais extras que costumam inflar as delegações com assessores, técnicos e convidados.

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Reclamações

O problema, que vinha sendo tratado de forma reservada, já começa a gerar reações públicas. O vice-ministro do Clima da Polônia, Krzysztof Bolesta, afirmou que os custos em Belém são “sem precedentes” e podem levar seu país a enviar uma delegação mínima ou até a não participar da conferência.

Segundo ele, as tarifas locais são três vezes maiores que o limite permitido pela legislação polonesa e incluem exigência de estadia mínima superior ao tempo real da conferência.

Na mesma linha, a representante da Estônia, Katre Kets, classificou como “absurdo” o valor de US$ 500 por pessoa por noite, com estadia mínima de 19 dias. Para ela, a condição é “inaceitável” e mina a credibilidade do processo climático internacional. O país já cogita se retirar do encontro caso não haja solução.

Impacto

As críticas acendem um alerta a menos de dois meses da COP30. A conferência já tem a presença confirmada de 71 países, pouco mais de um terço do total de signatários da Convenção do Clima.

O temor é que delegações reduzidas ou ausências forçadas prejudiquem as negociações multilaterais, justamente em um momento considerado decisivo para a implementação do Acordo de Paris.

A Secretaria Extraordinária para a COP30 (Secop) afirma que negocia com hotéis e proprietários locais para flexibilizar prazos de reserva e reduzir pacotes mínimos de estadia. Também aposta em alternativas como navios e locação direta de imóveis.

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A embaixada da Suíça, por exemplo, confirmou ter fechado acomodações para seus 17 representantes, combinando hotéis e imóveis privados.