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SÃO PAULO – O presidente dos EUA tem a oportunidade não somente a oportunidade de reverter a questão do abismo fiscal do país, mas também de consertar as finanças públicas da maior economia do mundo. É o que aponta a reportagem de capa desta semana da revista britânica “The Economist” avaliando que, se nada for feito, a situação dos norte-americanos pode levar à forte deterioração.
De acordo com a reportagem, a pior situação para os EUA não é caso um acordo sobre o “fiscal cliff” não seja alcançado já que, no curto prazo, o risco de uma catástrofe econômica é mínima. A ameaça real e a oportunidade real de Obama estaria no médio e no longo prazo.
A reportagem aponta que, caso nada seja feito pelos legisladores, os EUA enfrentará um aperto fiscal que corresponderá a 5% do PIB (Produto Interno Bruto), patamar próximo ao da Grécia. Desta forma, não serão necessários muitos meses para que a maior economia do mundo registre uma recessão. Desta forma, caso não haja um acordo entre Obama e o Congresso levará a um desastre em breve, avalia. Isso não ocorreria caso que o último vote em um aumento do teto da dívida que o Tesouro pode contrair, o governo federal pode não conseguir cumprir as suas obrigações incluindo, potencialmente, os detentores de título. Caso não for aprovado, os danos seriam superiores ao do chamado penhasco fiscal.
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Além disso, a percepção é de que no final de dezembro ou início de 2013 os republicanos congressistas e Obama consigam chegar a um acordo que levem a evitar um aumento de impostos e cortes de gastos, além de elevação do teto da dívida. A sensação é de que os elementos se tornam um pouco mais claros, com os republicanos já aceitando que os ricos terão que pagar mais impostos, provavelmente através de deduções mais limitadas e maiores alíquotas.
As verdadeiras prioridades
Contudo, há ainda dois motivos para os EUA se preocuparem. Primeiro: dependendo dos detalhes do acordo, o aperto fiscal em 2013 ainda pode ser muito grande. Em segundo lugar, e mais importante, os gastos no longo prazo continuam sendo o maior fator de preocupação.
A abordagem é de que qualquer acordo fiscal deve englobar reformas da segurança social (pensões), Medicare (para os idosos) e Medicaid (para os mais pobres). Neste cenário, Obama vem exigindo aumentos de impostos no valor de US$ 1,6 trilhões nos próximos dez anos, mas oferecendo cortes de apenas US$ 400 bilhões. Para atrair os últimos, este último valor deve ser aumentado, além de também ser a coisa certa a ser feita.
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Assim, os EUA possuem a chance de arrumar não somente a sua situação fiscal, como também a política, que é altamente polarizada ao contrapor os republicanos opostos a aumento de tributos e aos democratas que acreditam que deve haver revisão nos valores de pensão e de custos com saúde. Desta forma, o buraco fiscal está cada vez maior, aponta a reportagem.
Reforma tem que focar o longo prazo, e não o curto
Desta forma, para preservar a recuperação, as políticas devem se concentrar no longo prazo, ao invés de reformas de curto prazo. “Essa é uma boa política, uma vez que a revisão de direitos é uma prioridade republicana e, além de tudo, é uma boa economia”. Os gastos com os idosos irão subir mais rápido nos EUA do que em outros países, devido tanto à redução de custos na Europa e ao aumento natural da população norte-americana nesta faixa de idade.
A reportagem conclui que o presidente ousou pouco nos últimos tempos e que agora aparece novamente a oportunidade para se corrigir isso, com uma combinação entre sua reeleição e o “fiscal cliff” permitindo que os republicanos se tornem mais flexíveis em termos de aumentar a arrecadação fiscal. Assim, o presidente pode atuar de forma a forçar uma mudança real, com a redução de custos dos programas sociais e o aumento de impostos, aumentando assim a saúde das finanças do país.
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