O “super extremismo” das eleições nos EUA pode abalar o mercado financeiro?

Especialistas indicam que os investidores querem um candidato mais tradicional, fugindo de figuras como Donald Trump e Bernie Sanders

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Para quem acompanhou as eleições brasileiras em 2014, não é nenhuma novidade que o efeito da disputa nas urnas pode ser muito forte. Porém, nos Estados Unidos não temos visto um grande impacto do pleito no mercado (por enquanto), mas o cenário como está se formando começa a preocupar os investidores, principalmente por conta do discurso extremista de boa parte dos candidatos, algo que pode mudar os negócios caso estes políticos sejam eleitos.

Desde que a corrida eleitoral começou, dois nomes se destacaram como os que mais preocupam os investidores: Donald Trump e Bernie Sanders. O primeiro, para tristeza de muitas pessoas, está andando a passos largos rumo à vitória do partido republicano, enquanto o segundo, apesar de estar atrás de Hillary Clinton, não pode ser considerado um derrotado.

Muito se fala sobre a mudança de pensamento dos americanos nesta eleição, procurando um nome que fuja do político convencional. Mas visão dentro dos próprios partidos não é a mesma, principalmente entre os republicanos, que não gostam nada das opiniões de Donald Trump, que se distancia do partido e já mostrou fortes ideias contra hispânicos, muçulmanos, entre diversas outras polêmicas.

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Por outro lado, o democrata Bernie Sanders, que se autodeclara um socialista, não só mostrou diversos projetos para elevar impostos e realizar diversas obras, mas tem como uma de suas propostas criar uma taxação em Wall Street, o que, por si só, já o torna um “inimigo” do mercado.

Ainda em fase prévia, as eleições acabam tendo um impacto limitado no mercado, mas a “Super Terça”, que ocorre hoje, pode ser o primeiro passo para uma definição sobre cada candidato, o que deve começar a pesar na Bolsa assim como ocorreu por aqui. Se por um lado no Brasil a escolha era entre a manutenção ou a mudança do governo, nos EUA será inevitável o novo cenário, a questão é: qual é melhor para o mercado?

Na grande disputa desta terça-feira (1), o mercado já espera começar a precificar as eleições. “O pior cenário é se continuar um empate no lado democrata, ou se ninguém mais ganhar força no lado republicano”, disse Art Hogan, estrategista-chefe de mercado da Wunderlich Securities, para a CNBC.

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Analistas dizem que as expectativas de Wall Street são altas de que Trump vai vencer as primárias republicanas em 11 estados que ocorrem hoje. Porém, se qualquer um dos seus mais tradicionais rivais forem melhor que o esperado, o mercado poderia sinalizar novas altas. Por outro lado, se Hillary Clinton se mostrar mais fraca do que o esperado contra Bernie Sanders, a reação da Bolsa poderia ser bastante negativa.

A semana seguinte a “Super Terça” tende a ser historicamente positiva para a Bolsa. Desde 1992 o mercado tem registrado ganhos uma semana após a grande primária das eleições, com um ganho médio de 0,88%. Mas isso não traz nenhum indício sobre como serão os próximos meses. “Se Trump ganhar com força eu não esperam um grande movimento de mercado, porque isso já está precificado”, disse Brian Gardner, diretor de pesquisa de Washington da Keefe, Bruyette & Woods, à CNBC.

O mercado ficaria mais confortável com Hillary na Casa Branca do que com Trump, e uma vitória da democrata é amplamente esperada caso seja este o cenário para novembro. “Há certos setores que vão perder, mas há familiaridade com a Hillary, e o mercado vai ficar bem com isso”, disse Gardner.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.