O que os conselheiros ouvidos por Dilma sugerem para a economia brasileira?

Luiz Gonzaga Belluzzo, Delfim Netto e Yoshiaki Nakano não se opõem à alta de juros, mas mostram algumas divergências frente à preocupação com inflação

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Na última segunda-feira (8), a presidente da República, Dilma Rousseff, almoçou em Brasília com o ex-ministro Delfim Netto e o professor Luiz Gonzaga Belluzzo – que costumam aconselhar o governo da presidente – além do também professor Yoshiaki Nakano, da FGV (Fundação Getulio Vargas). 

O ministro da fazenda, Guido Mantega, acompanhou o encontro, que se estendeu por três horas em meio às discussões sobre a ”conjuntura econômica” brasileira e mundial. Entre os assuntos abordados estavam presentes temas como o ritmo de crescimento da economia brasileira, inflação, além de impulsionar os investimentos do setor privado.

Entretanto, apesar de nenhum economista se pronunciar abertamente sobre o que foi tratado na reunião, há indicações do que cada um deles pensa sobre a economia, devido às suas linhas de pensamento e em meio às declarações feitas recentemente.

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Defesa da condução cautelosa da inflação
Os três economistas se mostram favoráveis à condução da política monetária de modo ”cauteloso” pelo Banco Central. Vale lembrar que muitos analistas criticam a condução da inflação pelo governo Dilma, defendendo uma alta na taxa de juros. Mesmo com a aceleração da inflação nos últimos meses e a ameaça de que o teto da meta seja rompido, o BC segue com a Selic em 7,25% ao ano.   

Com a inflação se destacando, as chances que a taxa de juro subam nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) subiram consideravelmente, apesar das preocupações com o crescimento econômico continuarem grandes. Neste cenário, Delfim, por exemplo, afirmou recentemente que o melhor a fazer seria adiar uma decisão para a reunião do próximo mês.

De acordo com a Folha de São Paulo, durante almoço de Dilma com os conselheiros, foram feitas as seguintes avaliações: o país possui condições de crescer entre 3% e 3,5% em 2013, enquanto a inflação deve recuar nos próximos meses.

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O que os economistas falam?
Belluzzo ressaltou na reunião com Dilma, o índice de difusão da inflação, que mostra que boa parte da economia está contaminada pelo aumento de preços, é um problema que exige que se dê um sinal, levando a um aumento da taxa Selic.

Contudo, conforme aponta em entrevistas recentes, um aumento de juros deve ser feito a partir das expectativas para os próximos meses, uma vez que não ”se pode basear uma decisão por só um mês”. 

Delfim aponta para o mesmo caminho afirmando que será correto, se o Copom achar necessário, elevar o juros com a mesma moderação usada em todos os países. Entretanto, se o que o Comitê previu para a economia não se realizar, Tombini seguirá com ”cautela” e ”autonomia”. 

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Por sua vez, o professor da FGV, Yoshiaki Nakano, mostra-se mais preocupado com a situação econômica brasileira, conforme ressalta em artigo publicado pelo jornal Valor Econômico: ”se o governo não está disposto a fazer uma ‘contração fiscal’ que mereça este nome, não resta senão o Banco Central elevar a taxa de juros”. 

De acordo com Nakano é necessário, no cenário em que vivemos atualmente, esfriar a demanda de serviços, de forma a conter a pressão inflacionária. O professor aponta ainda que, no curto prazo, ”a inflação pode comprometer o futuro do Brasil” e que o investimento pode não ser suficiente para sustentar o crescimento do País, conforme ressaltado em entrevista ao ”O Estado de São Paulo” em entrevista no início do mês

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.