O que muda na Bolsa e nas eleições com a trágica morte de Eduardo Campos?

O cenário é bastante incerto e levou a bolsa a registrar forte queda nesta sessão, atingindo principalmente as ações da Petrobras; alguns acreditam um cenário que pode beneficiar Dilma e outros, Aécio

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As perspectivas de uma disputa eleitoral bastante disputada foram ofuscadas por uma tragédia sem precedentes. O candidato ao PSB pela presidência da república, Eduardo Campos, e mais seis pessoas morreram em queda da aeronave em Santos, São Paulo.

A notícia levou ao choque e à grande incerteza do mercado financeiro sobre o que deve acontecer com as eleições após a tragédia. Hoje, por exemplo, o Ibovespa registrou queda de 1,53%,com um volume bem acima da média, com cada especialista traçando um cenário diferente no pós-eleições. No calor do momento, ainda é prematuro traçar um novo horizonte, mas os especialistas já começam a comentar o novo cenário caso Marina Silva entre na disputa.

Conforme apontou o estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, o mercado ainda está avaliando a situação. Para o estrategista, é preciso ver se a sua vice, Marina Silva, será mesmo a ser a nova candidata, se o PSB vai mesmo escolhê-la.

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Em fala durante o Congresso do Aço, o presidente do Conselho da Gerdau afirmou: “era uma perda enorme, Campos era um líder jovem, competente”. Também no congresso, o economista Maílson da Nóbrega, da Tendências, manteve a opinião de que que a lógica é que Marina substitua Campos e um cenário de segundo turno continua o mais provável.  

Antes da morte de Campos ser confirmada, o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, destacou que, caso o cenário mais trágico fosse confirmado, um segundo turno seria mais improvável, o que foi atribuído para um motivo para a queda da Bolsa. Isso levou as ações da Petrobras (PETR3;PETR4), mais sensíveis ao cenário eleitoral, a registrarem perdas expressivas de 5% no dia. 

Já a consultoria Nomura destacou que, sem Campos, e com a candidatura de Marina Silva (até então vice na chapa do candidato), aumenta as chances de segundo turno, o que seria negativo para a candidata petista Dilma Rousseff. A morte de Campos torna mais provável a vitória de Aécio, aponta a consultoria.

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Enquanto isso, a economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados, Thaís Zara, destacou que não vê tantas mudanças no quadro eleitoral, que ainda prevendo a reeleição de Dilma Rousseff no segundo turno. Assim, o mercado deve aguardar as próximas pesquisas eleitorais para saber o que realmente essa mudança vai afetar no quadro eleitoral.

“É difícil saber agora, é um cenário bastante complicado. As cartas estão embaralhadas”, afirma a economista-chefe.  Segundo ela, também é difícil saber se Marina Silva será a candidata no lugar de Campos, em meio aos conflitos que a então vice-presidente tem com o partido. 

Carlos Pereira, pós-doutor em ciência política pela Universidade de Oxford, afirmou, em entrevista exclusiva ao InfoMoney, que se Marina Silva não se candidatar à presidência do país no lugar de Eduardo Campos, que faleceu nesta quarta-feira em um acidente aéreo, ela estará, literalmente, entregando o país de bandeja para a atual presidente Dilma Rousseff. 

Vale ressaltar que, mesmo após poucas horas do falecimento de Eduardo Campos, especialistas já começam a tentar traçar um novo cenário para as eleições deste ano. Durante o Fórum Exame 2014, realizado em São Paulo nesta quarta-feira, Christopher Garman, Diretor de Mercados Emergentes da Eurasia Group – maior consultoria de risco político do mundo -, comentou como ficaria o cenário com uma possível candidatura de Marina Silva.

“Desde antes da confirmação das candidaturas, nós tínhamos a Marina como a candidata que mais arriscaria a reeleição de Dilma”, destaca Garman. Segundo ele, ainda é cedo e agora o ambiente é de incertezas, mas a chance de Marina conseguir muitos votos vindos dos eleitores atualmente indecisos pode ser uma grande arma para a possível candidata.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.