O que Meirelles, Loyola, Maílson e Setúbal pensam da eleição de 2014

A maior parte dos economistas acredita que, com reeleição de Dilma Rousseff, pouca coisa irá mudar; já Meirelles ressalta que menor euforia com o Brasil pode ser positivo

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Brasil não melhorará nem piorará muito com uma reeleição de Dilma Rousseff, em 2014. Os avanços institucionais são mais prováveis com a vitória da oposição, afirmaram o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega (Governo Sarney), o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola e Roberto Setúbal (Itaú Unibanco), durante debate no evento de lançamento do DVD “O Brasil deu certo. E agora?”, traçando cenários para a eleição de 2014. 

O ex-presidente Henrique Meirelles, que completa o time dos palestrantes presentes no evento, se esquivou de dar parecer sobre os prováveis cenários para a eleição, mas afirmou que não vê a sociedade brasileira retroceder e acredita que existe uma consciência de que cada um tem que atuar para que essa dinâmica de crescimento continue. Veja abaixo o que cada um respondeu sobre o assunto:

Maílson da Nóbrega
O economista Maílson da Nóbrega destacou que o cenário mais provável, olhando para as pesquisas, é de que Dilma se reeleja, o que deve aumentar a probabilidade de continuidade do governo.

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Para ele, há três fatores que contam a favor: já está no governo – a probabilidade de quem estar no poder ser reeleito é grande -, tem mais tempo de televisão. E, por fim, está o fato de que, por maior que seja “a mediocridade do Brasil esteja grande em termos de desenvolvimento econômico, não haverá grandes desastres”.

Por outro lado, o cenário que se desenha é de uma eleição mais competitiva, destacando que a probabilidade de que Eduardo Campos, do PSB, seja eleito é mais alta se ele for para o segundo turno das eleições. “O PSDB não teria outra alternativa a não ser apoiar Campos”, destaca Nóbrega, enquanto o contrário não é verdadeiro. Nóbrega vê esse cenário com positividade uma vez que que o PSDB poderia trazer quadros de funcionários de grande competência na equipe econômica, o que traria uma “mudança para melhor” no governo. 

Já com a reeleição de Dilma Rousseff, haveria um movimento de continuidade, “mais do mesmo”, uma vez que a presidente não teria força nem liderança para fazer as reformas necessárias para o desenvolvimento do País. “Bem ou mal, a infraestrutura irá melhorar, havendo contribuição para o aumento da produtividade. Contudo, se Aécio [Neves, candidato do PSDB] ou Campos vencessem, haveria um maior espaço para avanços institucionais”, avalia.

Gustavo Loyola
Já Gustavo Loyola reitera a visão de Nóbrega e destaca que, se Dilma for reeleita, dificilmente haverá uma mudança na política econômica. Conforme destaca o ex-presidente do BC, os últimos anos foram de poucas novidades no campo econômico, sem muitos desastres, mas com alguns recuos.

Dentre eles, está a piora da política fiscal, que deve voltar atrás e mostrar menos expansão para não deteriorar a nota de risco do Brasil, assim como a maior intervenção em agências reguladoras, que têm perdido espaço e autonomia, e com um cenário dificultado para reformas. 

Loyola destaca que Lula era um presidente mais pragmático, o que é difícil de encontrar atualmente com a presidente Dilma. Neste cenário, haveria um maior espaço para reformas com Aécio e Campos no poder. 

Roberto Setúbal
Setúbal manteve a mesma postura de Loyola e Maílson de que a continuidade do atual governo deve trazer “mais do mesmo”, enquanto que com uma vitória da oposição (Aécio Neves-PSDB ou Eduardo Campos-PSB) haveria mais espaços para mudanças. Entretanto, ele afimou: “não vejo o Brasil andando para trás”.

O banqueiro destacou que os efeitos de uma mudança política devem ser vistos somente no médio a longo prazo. “Com a eleição de Aécio ou Campos, haveria um maior impacto para o final da década”, disse. 

Henrique Meirelles 
Meirelles se esquivou de dar parecer sobre os possíveis cenários políticos para 2014, mas afirmou que não vê a sociedade brasileira retroceder. “Acredito que existe uma consciência de que cada um tem que atuar para que essa dinâmica [do crescimento] continue”. 

Para o ex-presidente do BC, o debate político começou cedo e isso tende a tornar passional e politizado o debate econômico. “É quase uma ofensa e não uma discussão a politização do debate econômico”, disse.

Meirelles lembrou ainda do início da sua presidência no BC. “Quando entrei no BC era visto como uma celebridade. Todos olhavam como ‘o problema chegou’. Mas com o passar do tempo isso foi mudando. Em 2008, o BC adotou as medidas acertadas [para conter a crise financeira]. Em 2010, época da capa do foguete decolando na The Economist, comecei a ficar preocupado, pois uma hora seria inevitável uma virada. O fato de termos vivido esse processo posterior foi extremamente necessário”. 

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