O que esperar do encontro entre Jair Bolsonaro e Donald Trump

Apesar de todo o simbolismo que esta conversa tem, especialistas apontam que não há muito o que se esperar desta reunião em termos concretos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Ocorre nesta terça-feira (19) o tão aguardado encontro entre os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e Estados Unidos, Donald Trump. Especialistas apontam que não há muito o que se esperar desta reunião em termos concretos – porém, há muito simbolismo com esse encontro. 

O fato de os EUA serem o primeiro país a recebe Bolsonaro é bastante significativo e é uma forte sinalização do atual governo do quanto os americanos são importantes para os negócios brasileiros. “Esta visita demonstra a prioridade que o governo atribui à construção de uma sólida parceria com os Estados Unidos”, disse o porta-voz Otávio Rêgo Barros, na semana passada.

O chanceler Ernesto Araújo diz que o Brasil só tem a ganhar a partir de uma relação mais estreita com os norte-americanos. “No passado houve limites à relação com os EUA sob desculpa de não ter subserviência, mas isso é uma grande falácia. Existe percepção equivocada de que uma boa relação com os EUA vai contra o interesse da nossa política externa. Os Estados Unidos são um país democrático, livre, aberto e que gera tecnologia”, disse o ministro em entrevista.

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O problema é que, apesar de todo apoio público demonstrado por Trump desde a eleição de Bolsonaro, não há nada concreto sendo oferecido pelo governo norte-americanos. Se de um lado o governante brasileiro já falou que serão assinados acordos em sua visita, não houve qualquer sinalização por parte do republicano.

Entre os principais assuntos deste encontro está uma negociação para que o Brasil faça parte da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a que os EUA têm sido resistentes a aceitar. Segundo a Eurasia, “a entrada na OCDE constituiria um selo de aprovação por ter as melhores práticas integradas, o que é um passo importante para receber investimentos diretos estrangeiros”.

A consultoria destaca ainda conversas para estabelecer as bases para futuras negociações do Acordo de Livre Comércio com os EUA. A equipe econômica do ministro Paulo Guedes anunciou sua intenção de reduzir unilateralmente as tarifas, ainda que de forma gradual, para introduzir mais concorrência aos bolsos da economia brasileira.

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Em meio a estas tratativas, que devem ocorrer mas dificilmente trarão uma solução concreta, o que deve ocorrer mesmo é a assinatura de um acordo que permite o uso comercial da base de Alcântara, no Maranhão, para lançamento de foguetes americanos.

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Mas enquanto Bolsonaro demonstra toda sua intenção de parceria com os EUA e buscar acordos comerciais, para os americanos este encontro tem um objetivo bem claro: Venezuela. A ideia é que os dois se alinhem sobre estratégias de atuação na região.

Apesar de a Venezuela ser prioridade também para o Brasil, uma intervenção militar não está na pauta, de acordo com o embaixador Sergio Amaral. Em vez disso, os dois países discutirão maneiras de aumentar a pressão sobre o presidente Nicolás Maduro.

O encontro é simbolicamente muito importante e tende a render frutos para os dois países, ainda que não no curto prazo. É como diz a Eurasia: “em última análise, é provavelmente mais uma questão de estabelecer as bases para futuras negociações do que anunciar acordos significativos”.

(Com Bloomberg)

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.