O que Campos, Dilma e Aécio propõe para o setor de destaque da economia brasileira?

Em conferência realizada pela CNA, os presidenciáveis destacaram o que pretendem fazer nos próximos quatro anos para o setor agrícola

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Nesta quarta-feira (6), os três candidatos mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais participaram do evento da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), em Brasília. Vale ressaltar que o PIB da agricultura é o que registra uma das maiores expansões, em um cenário de atividade fraca. No primeiro trimestre, enquanto o País cresceu 0,2%, o setor agropecuário viu sua atividade avançar em 3,6% na comparação com o quarto trimestre e 2,8% na base de comparação anual. 

O candidato do PSB, Eduardo Campos, foi o primeiro a falar, fazendo algumas críticas contra a política econômica do atual governo. Segundo ele, o centro da meta de inflação tem que ser compromisso de todas as políticas do governo e, desta forma, o compromisso com o centro da meta da inflação fará o PIB voltar a crescer. 

“O juro não baixa por voluntarismo, por decreto, mas por uma política coordenada, macroeconômica, que nos leve a um câmbio no lugar certo, que não mate a competitividade do
agronegócio ou da indústria brasileira”. Campos ressaltou que a retomada do crescimento é um desafio enorme e que a inflação está batendo nas portas das empresas. 

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“Pela primeira vez, o País será entregue pior do que foi recebido”, afirmou Campos, ressaltando que é fundamental crer na meritocracia e na mudança de cultura.

Sobre o setor agrícola, o candidato do PSB ressaltou que o Brasil tem que ser a maior potência de bioeconomia e, neste sentido, assumiu o compromisso de fortalecer o ministério da Agricultura. “Precisamos do álcool, biomassa, biodiesel e temos que fazer esforço para investir em hidrovias. O plano de logística também deve ser seguido por qualquer governante”, afirmou. Por fim, ele criticou a condução dos ministérios do governo, destacando que a “apropriação de ministérios por partidos deve acabar”. 

Assim, Campos defendeu uma nova governança macroeconômica, investimentos em produtividade e a busca de mercados no exterior como formas de impulsionar o setor agropecuário brasileiro. “É fundamental… uma governança macroeconômica que coloque o câmbio no lugar certo para que as exportações não percam”. “É fundamental o investimento na produtividade, e isso passa por infraestrutura, mas também passa por investimentos em ciência e tecnologia, educação”, afirmou, acrescentando que o país também precisa buscar novos mercados com uma “política muito mais ativa” do que a atual, afirmou em coletiva com jornalistas após o evento.

Aécio Neves 
O candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, também criticou o governo e ressaltou que o Brasil ” pode superar esse momento de gravíssima crise e recuperar credibilidade”, afirmando que o “PT perdeu um momento extraordinário para fazer reformas”. Aécio ressaltou que gosta de governar com metas factíveis e que não cabe ao governo fixar taxa de retorno ao investidor. 

O candidato também criticou a política fiscal, destacando que os astos correntes crescem mais do que a receita hoje. “O que ofereço é estabilidade econômica e responsabilidade fiscal. Temos que abrir espaço fiscal com reforma tributária”, afirmou. 

Sobre política externa, ele afirmou que fará uma que respeite o Brasil e que não haverá nenhuma tributação à exportação agropecuária. “Podemos dar segurança jurídica para o Brasil produzir mais”, afirmou. Aécio anunciou que haverá super ministério da Agricultura e da Pecuária, incluindo o da Pesca novamente à Agricultura. Aécio ressaltou que é preciso resgatar segurança jurídica no campo e também a Embrapa de uma forma significativa. 

Se eleito, afirmou, ele vai ampliar a cobertura do seguro agrícola para 60% da área plantada no país e ampliar a capacidade de armazenagem em 50 milhões de toneladas nesse período. “Apenas 9% da área plantada no Brasil tem seguro rural… o Brasil é a única potência agrícola no mundo que não soube avançar nesse tema”, disse o tucano. 

“Eu gosto de metas… Num período de 4 anos, (vamos) chegar a ter 60% da área plantada no Brasil com cobertura do seguro rural”, prometeu. Segundo ele, o governo também falhou ao não incentivar a construção de estruturas de armazenagem suficientes para atender os aumentos de produção do campo brasileiro. “O Brasil tem que estabelecer uma estratégia de ampliar armazenagem em mais de 50 milhões de toneladas por quatro anos”, prometeu o tucano.

Aécio também afirmou que a atual política de reforma agrária está ultrapassada, porque não dá condições de vida a quem ganhou a terra. Ele se comprometeu ainda a levar segurança jurídica ao campo e impedir que terras invadidas sejam desapropriadas. “No meu governo as fazendas invadidas não serão mais desapropriadas por período de dois anos”, disse.

O tucano disse que está preocupado também com as demarcações indígenas no país e que cumprirá a Constituição nesse tema e espera aplicar a decisão de súmula do STF (Supremo Tribunal Federal) adotada na demarcação da reserva Raposa Serra do Sol. “A Funai vai continuar ter papel (nas demarcações), mas não pode ser a única voz a definir essas questões”, disse.

Dilma Rousseff
A presidente Dilma Rousseff, ao falar durante o evento, assumiu o compromisso de melhorar a defesa agropecuária que, segundo ela, está aquém da necessidade do País. “O código florestal é fruto do coletivo, não do consenso”.  

Dilma ressaltou que o governo se preocupa com o trabalho escravo que, segundo ela, é uma chaga a ser exterminada e que a terceirização não pode ser vista como precarização. 

A atual presidente afirmou ainda que mantem o seu compromisso com um ambiente juridicamente claro e que transformar as condições de produção no setor tem sido a marca de seu governo. “A agropecuária pode contar comigo por mais quatro anos, setor em que construí forte parceria e o crescimento sustentável tem sido eficiente”. 

Dilma falou sobre o salto de produtividade nos últimos anos do agronegócio de mais de 40% que, segundo ela, é fruto da parceria do governo com os agricultores e do esforço de pesquisa da Embrapa e das universidades. 

A presidente ressaltou que o plano agrícola atual contempla R$ 156 bilhões em investimentos, um crescimento de mais de 200% do crédito para o setor.

Dilma ainda ressaltou os feitos do governo petista, afirmando que ela e Lula fizeram a “maior reforma agrária deste País”. Dilma afirmou ainda que o Brasil está pronto para entregar proposta de acordo comercial à União Europeia e que o País precisará de posição mais aguerridas em novos mercados. 

A presidente Dilma afirmou  que as ações do governo, principalmente ampliando e barateando o crédito, foram fundamentais para o crescimento do agronegócio no país, evitando fazer promessas para os representantes dos agricultores caso reeleita.

Dilma tratou das principais demandas apresentadas pelo setor como desafios que terão que ser vencidos num segundo mandato.Entre esses pontos, ela citou os investimentos em infraestrutura, principalmente em hidrovias, a demarcação de terras indígenas e incentivos à construção de mais estruturas de armazenagem.

Por fim, em coletiva com jornalistas, Dilma manifestou confiança ao dizer que o governo tem condição de cumprir com o primário previsto para este ano. 

(Bloomberg e Reuters)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.