“O PT impôs ao País o padrão Fifa da corrupção”, diz Roberto Jefferson

“O PT a vida inteira deblaterou contra os adversários, mas 'blatterou' a prática política padrão Fifa", afirmou o ex-deputado condenado pelo mensalão em entrevista à Folha; ele sustenta não acreditar que Lula sabia do esquema

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo dez anos após a denúncia, o ex-deputado Roberto Jefferson, delator do chamado “mensalão”, acusou o PT de impor ao País “o padrão Fifa da corrupção”. “O PT a vida inteira deblaterou contra os adversários, mas ‘blatterou’ a prática política padrão Fifa. O PT impôs ao país o padrão Fifa da corrupção”, afirmou.

Para o ex-deputado, a grande contribuição de sua denúncia foi derrubar “aquele véu que havia sobre o PT, de partido ético, moralista”.

Jefferson foi o primeiro condenado na Ação Penal 470 a obter autorização judicial para conceder entrevistas. “Decidi dar a entrevista porque tinha sido vítima de uma matéria que deflagrou o processo da minha cassação. Aparecia um funcionário dos Correios, Maurício Marinho, recebendo R$ 3.000 e dizendo que era para o PTB. Era uma pessoa com quem eu não tinha nenhuma relação. Virei o grande vilão nacional por R$ 3.000. A matéria foi feita por encomenda da Casa Civil”

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Segundo o ex-deputado, havia pagamentos mensais a parlamentares. “As malas chegavam com R$ 30 mil, R$ 60 mil, R$ 50 mil. Não se comprovou porque não fotografaram”.

Jefferson ainda afirmou ter impedido José Dirceu de chegar à presidência da República e comparou-o ao ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, morto em 2013. “O Dirceu saiu da fila. Se fosse ele o presidente, nós já estaríamos vivendo aqui a Venezuela. A Dilma é o Maduro. O Chávez é o Dirceu. Com ele, teria cerceamento das liberdades democráticas, perseguição à imprensa livre, cadeia para opositor. Não ia ter papel higiênico”.

Ao falar sobre os R$ 4 milhões que recebeu do PT, ele afirmou ter gasto em eleições municipais. “Foi gasto nas eleições municipais do PTB em 2004, em campanhas de prefeito no Rio, em Minas, São Paulo. Isso ficou no passado. O partido no poder é que tem dinheiro para fazer eleição. O pequeno não tem, ele recebe o repasse do grande.”

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E destacou que o Brasil não tem financiamento privado de campanhas políticas. “O Brasil não tem financiamento privado. O financiamento é público de segunda linha, mas é. Quem financia campanha no Brasil são as empresas que têm grandes contratos com BNDES, Banco do Brasil, Petrobras.”

Ao ser perguntado sobre a participação do ex-presidente Lula no esquema de compra e venda de apoio no Congresso, Jefferson disse que a reação do petista ao ser informado “deu a impressão de que ele não soubesse”. “Quero crer que ele não sabia”, disse.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.