O primeiro presente de Bolsonaro para o mercado após as eleições

Já é esperado o avanço da agenda de independência do Banco Central como um dos primeiros acenos do novo governo aos agentes econômicos. Bolsonaro teria à disposição uma série de projetos sobre o tema já em tramitação no Congresso

Marcos Mortari

(Reprodução/Facebook)

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SÃO PAULO – Após a vitória nas urnas, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) deverá conciliar uma agenda econômica com pautas de costumes focadas na questão da segurança pública.

Essa é a expectativa do analista político Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores. O especialista participou, no último domingo (28), de uma mesa redonda na InfoMoneyTV para analisar os primeiros passos do próximo governo.

Do lado da economia, já se imagina um aceno ao mercado a partir da independência do Banco Central. Além de bem vista pelos agentes econômicos, trata-se de uma agenda cara a Paulo Guedes, futuro ministro da Fazenda.

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Há tempos que o economista, apelidado como “posto Ipiranga” ao longo da campanha de Bolsonaro, defende um BC independente, com mandatos não coincidentes com os do presidente.

Um dos desejos seria, inclusive, a possível permanência do atual presidente da autoridade monetária Ilan Goldfajn pelos próximos dois anos, o que já poria em prática a ideia sobre os mandatos, em uma blindagem completa em relação a trocas de governo.

“Essa medida pode evoluir muito rapidamente, porque existem vários projetos em tramitação na Câmara e no Senado. É uma questão de Bolsonaro e seus operadores políticos escolherem qual projeto vão assumir, e pode ser que consigam já uma votação neste ano. Não sei se aprovar integralmente o projeto, mas acredito que alguma evolução significativa conseguirão”, observou Ribeiro durante o programa.

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Do lado da segurança, as expectativas são de avanço célere em agendas como a da flexibilização do acesso a armas de fogo, em contraste com o estatuto do desarmamento.

Reformas econômicas

Já a pauta da Reforma da Previdência tende a ficar para mais tarde, já que se trata de tema mais complexo. “Essa é um pouco mais complicada, então essa é para o ano que vem, se eles mantiverem a decisão de não pegar carona no projeto de Temer”, complementou o especialista.

Neste caso, a transição de governo será importante para dar novos indicativos. Nas últimas semanas, nomes importantes da área técnica da atual gestão fizeram acenos a Bolsonaro. O então candidato também havia amenizado críticas ao governo Temer, o que pode indicar colaboração nos próximos meses.

Para Paulo Gama, analista político da XP Investimentos, também presente na transmissão ao vivo do último domingo, é preciso observar, a partir da construção de uma agenda de interesse de Bolsonaro, como as diferentes forças que compõem a coalizão do novo governo deverão atuar.

É o caso da equipe econômica, capitaneada por Guedes, e as alas política e dos militares, que costumam ser mais resistentes à reforma previdenciária.

“O primeiro ponto que vamos começar a ver é qual vai ser o discurso adotado oficialmente. Passou a hora da campanha, teremos que ver se vale mais Paulo Guedes ou Bolsonaro e Onyx [Lorenzoni]. Essa contradição, de alguma maneira, terá de ser esclarecida no decorrer das próximas semanas”, observou.

Para o especialista, o andamento desta agenda do novo governo também dependerá de como caminhará a eleição para a presidência das duas casas legislativas. Na Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) já indicou interesse na recondução e é apoiado por figuras relevantes do chamado ‘centrão’ e outras lideranças da casa.

Na avaliação da cientista política Suelma Rosa, do Irelgov (Instituto de Relações Governamentais), é importante observar as sinalizações dadas pelo governo Temer de disposição em colaborar com uma transição, o que pode ajudar na condução de uma agenda comum à de seu sucessor.

“Ele vem sinalizando não só que está disposto a colaborar, mas principalmente em fazer avançar a pauta que ele gostaria de marcar como legado pessoal, que é a reforma da Previdência. Talvez seja uma forma, porque no quadripé do próximo governo ainda tem o lado militar que é muito resistente a reformas que atinjam os servidores públicos ou a corporação. Então, uma forma de se proteger e começar o governo com créditos para fazer avançar outras reformas seria pedir ajuda ao presidente Temer e fazer entrar. Sempre há tempo quando há vontade”, pontuou a especialista.

Caberá ao novo presidente avaliar se vale a pena o ônus neste momento, o que poderia liberar a pauta no início do mandato.

“Precisamos ver quanto ele desce do palanque e e caminha para esse lado de se aproximar e quanto ele acha que isso pode corroer ou não sua popularidade e se vale a pena tentar investir nessa agenda para começar o ano que vem com uma folga pela frente, tirando esse peso dos ombros. Para um presidente eleito, seria um grande presente se virasse o ano e assumisse com uma reforma da Previdência aprovada”, concluiu Gama.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.