O político que pode abrir os caminhos de Alckmin no Nordeste (mas abalar o PSDB em SP)

Com costuras importantes feitas nos últimos dias, Márcio França ganha fôlego para governo paulista e busca trazer apoio integral do PSB ao tucano

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Tido como candidato favorito a representar o centro governista nas próximas eleições presidenciais, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, enfrenta dificuldades para confirmar as expectativas. A primeira delas seria apresentar algum crescimento nas pesquisas de intenção de voto, a fim de esfriar a atual disputa entre muitos nomes que surgem nos balões de ensaio. Enquanto não se consolida como o herdeiro natural da base para a sucessão de Michel Temer, o tucano vê figuras como o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) ou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) sonharem com voos mais altos. Isso sem contar com possíveis outsiders.

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Hoje, o governador não chega aos 10% do eleitorado nas principais sondagens, ficando muito abaixo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). “Alckmin precisa começar a ‘empolgar’ o eleitor até março”, afirmou um parlamentar da bancada paulista de um partido que provavelmente apoiará o tucano na disputa presidencial. Para isso, o governador terá de enfrentar uma de suas constantes dificuldades na construção de uma imagem efetiva.

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Outro fator que deverá influenciar no êxito ou não da candidatura de Alckmin será a administração dos interesses difusos de membros da coalizão construída durante os anos de seu governo em São Paulo. O gerenciamento das disputas por sua sucessão precisará ser bem construído para não minar seus planos para assumir o Palácio do Planalto. A ampla base construída em torno da gestão tucana no Palácio dos Bandeirantes agora exigirá habilidade política de Alckmin. O sucesso na costura para o governo paulista definirá o tamanho do apoio que o tucano terá em sua corrida presidencial, e, consequentemente, o possível fôlego de sua candidatura.

Enquanto o PSDB, do governador, sinaliza não estar disposto a abrir mão do Palácio dos Bandeirantes, o vice-governador Márcio França (PSB) registra avanços políticos importantes no intuito de viabilizar sua candidatura ao conquistar apoio de PR, Solidariedade e PROS. Agora, França busca fechar acordo com PCdoB, PHS e PRB, além de PP, PPS e PV, também da base do atual governo. O experiente político do PSB terá, a partir de abril, com a confirmação da candidatura de Alckmin, a máquina paulista nas mãos, o que ajuda em alguma medida na costura de alianças.

Os avanços de França ocorrem em um momento em que o PSDB se divide em torno de três principais pré-candidaturas próprias: a do prefeito de São Paulo, João Doria; do secretário de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro; e do cientista político Luiz Felipe d’Ávila. Antes, também compunha a lista o senador José Serra, mas na última quinta-feira anunciou que não concorrerá a nenhum cargo público neste ano. Neste momento, ganha força o nome de Doria, em uma tentativa de duas alas distintas do tucanato assumirem o controle dos principais postos do estado de São Paulo: o prefeito saltaria para o governo, e o vice, Bruno Covas, assumiria a prefeitura.

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Nas últimas semanas, Doria intensificou os movimentos para viabilizar candidatura para suceder Alckmin, apesar de publicamente declarar que ser candidato “a ser prefeito de São Paulo”. Também cresceram esforços de deputados estaduais do PSDB em torno da candidatura do prefeito, a fim de que o partido mantenha a cabeça de uma chapa pelo governo paulista. Falta combinar com os russos.

Enquanto Doria era assediado por 12 parlamentares estaduais tucanos aliados de Alckmin, o vice-governador declarava publicamente que poderia retirar cargos do partido após assumir o governo se não contar com apoio da legenda em outubro. Para piorar as coisas, o PSB é legenda cobiçada por Alckmin para a formação de uma candidatura sólida, com bom tempo de televisão e palanques importantes, sobretudo na região Nordeste, onde a sigla de França é forte.

Quem explicou alguns pontos importantes do xadrez paulista foi o deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) em entrevista ao InfoMoney na última sexta-feira (19). Para ele, uma vez fora do governo paulista, Alckmin terá de acenar a França, sobretudo se o herdeiro do governo até as eleições ganhar musculatura para o pleito. Disse o parlamentar: “Na atual condição eleitoral, máquina pesa muito. Quando você não tem outros recursos e com o tempo [para campanhas] compactado, a máquina tem um peso fundamental. Então, a máquina do estado de São Paulo não pode ser desprezada. E Geraldo Alckmin, sendo candidato a presidente, vai ter que ter apoio dessa máquina. Para isso, inversamente, vai resultar na desidratação da candidatura do PSDB em nível estadual, ainda que não seja assumido declaradamente por Alckmin. Mas a candidatura de Márcio França cresce e vai ter grande viabilidade. Serra poderia conseguir apoio nacional das grandes figuras tucanas. Ele não sendo, o outro candidato não terá esse apoio. E isso acaba abrindo um espaço muito grande para França se consolidar, tendo a máquina do estado”.

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Além disso, se o nome que ganhar força entre os tucanos for mesmo o de João Doria, é possível que Alckmin não encontre motivos para se esforçar tanto a favor do prefeito, sobretudo após as tentativas frustradas de puxar o tapete do governador em seu sonho pelo Palácio do Planalto. Arnaldo Faria de Sá também chama atenção para o potencial de França em oferecer aliança importante ao tucano para a disputa federal, o que reduziria espaço para uma campanha efetiva de Alckmin a favor de Doria ou qualquer outro tucano. “Se Joaquim Barbosa não assinar a ficha do PSB [e se candidatar pelo partido à presidência], ele (Márcio França) vai procurar o PSB e tentar trazer o apoio para o Alckmin. Se conseguir trazer esse apoio do PSB nacional para Alckmin, aí o governador vai declarar apoio aberto a Márcio França”.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.