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O Plano B de Guedes para viabilizar o novo Bolsa Família

Em meio às dificuldades para a reforma do IR no Congresso, ministro agora diz que Auxílio Brasil não depende economicamente de imposto sobre dividendos

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou, nesta quinta-feira (26), que o Auxílio Brasil − programa de transferência de renda que o governo tenta tirar do papel para substituir o Bolsa Família − não depende economicamente da aprovação da reforma do Imposto de Renda para ser implementado.

O discurso contrasta com o que vinha sendo defendido pela própria equipe econômica. Inclusive, na exposição de motivos do PL do Imposto de Renda, Guedes disse que a tributação sobre dividendos poderia ser considerada “medida compensatória” para eventual aumento de despesas, “decorrente do novo programa social do governo federal”.

O ministro participou do painel “Perspectivas econômicas e a agenda de reformas”, pela Expert XP 2021. Assista os destaques pelo vídeo acima.

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Durante o painel, ele explicou que há duas abordagens para a relação entre o Auxílio Brasil e o projeto de lei que trata da reforma do Imposto de Renda, em tramitação na Câmara dos Deputados.

Do ponto de vista econômico, o ministro argumenta que “uma coisa não tem nada a ver com a outra”. “A reforma tributária é neutra”, disse. Ou seja, em tese, a proposta não geraria recursos, de forma direta, para dar conta de um aumento de despesas previsto no novo programa.

“Por outro lado, houve um aumento de arrecadação de R$ 270 bilhões acima do previsto [em 2021]. Se eu pegar 10% disso, é justamente um Bolsa Família, que vai para R$ 300 [de tíquete médio mensal]. Então, evidentemente, você tem dinheiro de sobra para fazer isso. Só que o Brasil é o país do carimbo”, pontuou.

Mas, do ponto de vista jurídico, a Lei de Responsabilidade Fiscal determina que nenhum governante pode criar uma despesa continuada sem indicar respectiva fonte de receita ou a redução de outra despesa.

Diante da restrição, o governo optou por indicar, na reforma do IR, que receitas oriundas da tributação de lucros e dividendos distribuídos seriam justamente a fonte de financiamento do Bolsa Família “turbinado”.

“Então, nós somos obrigados a buscar no pacote do Imposto de Renda um pedaço do Imposto de Renda e dizer: ‘é esse dinheiro que estamos carimbando para dar o Bolsa Família’”, explicou.

Em meio às dificuldades enfrentadas para aprovar o projeto de lei no Congresso Nacional, crescem as dúvidas sobre caminhos alternativos do governo para bancar as novas despesas com o programa social – prioridade de Bolsonaro para 2022.

O plano B de Guedes, contudo, soa não muito mais simples do que a ideia inicial.

“Se não houvesse esse caminho, aí tem que buscar o carimbo em outra coisa, embora o recurso já exista. Por exemplo: eliminação de subsídios, que também é uma solução boa economicamente”.

O corte de benefícios fiscais a setores econômicos é movimento normalmente considerado complexo no mundo político. Às vésperas de eleições gerais, a janela de oportunidade pode ser ainda menor.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.