O maior risco que Temer enfrenta para seguir no governo após a prisão de Cunha, segundo a LCA

Segundo a consultoria, se a opinião pública majoritariamente se convencer que Temer é tão corrupto quanto Cunha, a continuidade de seu governo estará em risco

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O mercado e os analistas políticos seguem de olho nos efeitos da prisão de Eduardo Cunha para o governo do presidente Michel Temer. O principal temor é sobre uma possível delação premiada do ex-presidente da Câmara dos Deputados, que tem potencial de comprometer integrantes do governo e impactar as votações do ajuste fiscal no Congresso.

Mas qual é o maior risco para Temer após a prisão de Cunha? A LCA Consultores aponta que, encarcerado, o ex-presidente da Câmara terá mais incentivo para aderir à delação, ainda mais se essa decisão puder evitar a prisão de sua esposa e filha, também implicadas no processo da operação Lava Jato que corre em Curitiba.

A eventual delação pode sim atingir diversos políticos do PMDB e de outros partidos, avalia a LCA, uma vez que o peemedebista circulou durante muito tempo nas altas rodas do PMDB. “Porém, a negociação para a delação tende a demorar alguns meses, pois, como afetará políticos com foro privilegiado, envolverá necessariamente a Procuradoria Geral da República e o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF”, ressaltam os analistas políticos da consultoria.

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Para a consultoria, grandes delações como a da Odebrecht e, possivelmente, a de Cunha, não devem afetar o trabalho do Congresso uma vez que nem a Câmara nem o Senado cassarão dezenas de parlamentares até 2018. Além disso, o STF tampouco terá condições de investigar e processar tantos parlamentares nos próximos dois anos. Portanto, os parlamentares acusados permanecerão no Congresso, aponta a LCA. “Para eles, faz mais sentido, até como estratégia de defesa, manter a normalidade dos trabalhos congressuais. Vale o mesmo para ministros atingidos por delações”, ressalta.

Para o governo, no caso dos ministros, havendo evidências fortes de envolvimento em corrupção, podem ser substituídos. Segundo a LCA, a governabilidade somente será drasticamente afetada se surgir algo muito sério, amparado por sólidas evidências, contra Temer. “Pedir dinheiro a empreiteiras para campanha política e chancelar indicação política de diretor de Petrobras não nos parecem delitos suficientemente graves para inviabilizar o governo Temer”, avaliam os analistas.

Porém, há um outro risco maior para o presidente da República, afirma a consultoria: “se a opinião pública majoritariamente se convencer que Temer é tão corrupto quanto Cunha, a continuidade de seu governo estará em risco”.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.