O grande temor de Meirelles será o trunfo para aprovar a previdência em 2018?

Perspectiva de rebaixamento pode assustar tanto asssim os parlamentares? Pode ser melhor recorrer a outra estratégia

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Logo após a reforma da previdência ser adiada para fevereiro de 2018, agências de classificação de risco como a Moody’s e a Fitch foram taxativas ao destacar a maior chance de um novo rebaixamento de rating, uma vez que as chances para passá-la parecem bem menores agora – o que leva a uma renovação das incertezas sobre a já complicada situação fiscal.

Atualmente, as três principais agências de classificação de risco – além de Moody’s e Fitch, também está no rol a Standard & Poor’s – mantêm o Brasil dois níveis abaixo do grau de investimento com perspectiva negativa, com a possibilidade de rebaixamento a qualquer momento. O grau de investimento representa a garantia de que o país não corre risco de dar calote na dívida pública.

Com o alerta vermelho ligado, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está buscando “evitar o pior” e conversará, na próxima quinta-feira, com representantes das principais agências de classificação de risco por teleconferência. Meirelles tem afirmado que conversará com as agências para decidir sobre uma eventual queda da nota só após fevereiro, quando está em pauta a nova votação. Contudo, elas podem não querer esperar.

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Mas afinal, será que o grande temor do ministro pode ajudar a conquistar os votos que faltam para aprovar a reforma da previdência? Em entrevista à Bloomberg, Carlos Gribel, chefe da área de renda fixa da Andbanc Brokerage, apontou que há sim essa possibilidade.

“Há a chance de a reforma da Previdência passar em fevereiro sim e o governo vai tentar usar o possível rebaixamento como forma de pressão para conseguir os votos necessários. Se não passarem a reforma, o rebaixamento virá logo depois”, aponta ele.

Gribel aponta que mesmo o rebaixamento não teria um impacto tão grande, uma vez que não haverá uma queda do grau de investimento para o grau especulativo (o Brasil tem nota em grau especulativo desde dezembro de 2015). De qualquer forma, a percepção será ruim e estrangeiros e venderiam suas posições, derrubando os preços do mercado, afirma Gribel.

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Mas isso seria suficiente para conquistar os 308 necessários para aprovar a previdência no ano que vem? Os analistas políticos veem chance sim de aprovação da reforma, mas as probabilidades estão mais dirimidas, com o fato de ser um ano eleitoral e o atual governo ser muito impopular devendo prevalecer em relação a esse argumento sobre o rating.

A consultoria de risco político Eurasia Group, por exemplo, reduziu as chances de aprovação da reforma de 40% para 30% e destacou um ponto que pode ser melhorado pelo governo para conquistar mais votos: ter o maior apoio popular para reforma. Assim, a estratégia de comunicação do governo sobre as mudanças propostas, apesar da melhora, tem que registrar ainda mais avanços para que os deputados aliados do governo votem a favor da reforma.

O governo ganhou tempo para “contar votos”. Mas, a cada dia que passa, os desafios para aprovar a reforma só aumentam.

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.