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Em Brasília, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), falou a repórteres para se defender das acusações contra ele feitas pelo delator Júlio Camargo, da Toyo Setal. O líder da Câmara afirmou: “eu, como político, vou pregar que o PMDB rompa com o governo e que [Michel] Temer saia da articulação política”. Ele afirmou ainda: “estou rompido pessoalmente com o governo. O presidente da Câmara a partir de hoje é oposição. Já avisei a Temer”. O que muda na prática, afirmou, é o seu posicionamento político.
“O governo abriu uma devassa fiscal contra mim”, disse o deputado, dizendo que a ação é orquestrada e que “há participação do governo nisso”. “O governo fez tudo para me derrotar”, disse Eduardo Cunha, ao anunciar seu rompimento com relação ao governo.
O presidente da Câmara afirmou ainda que não domina o plenário, domina o seu voto e o que vai acontecer vai ser fruto da luta política que será travada daqui em diante. “O governo sempre me viu como pedra no sapato”, lembrando de outras ocasiões em que o governo tentou enfrentá-lo, como na eleição da Câmara. ” O governo tem ódio a mim”. Cunha afirmou ainda que vai tentar que o seu partido vá para a oposição.
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Apesar do tom, Cunha voltou a dizer que o rompimento com o governo Dilma Rousseff é pessoal e não afeta a relação institucional dele, como presidente da Câmara, com o Executivo.
O parlamentar disse que a delação de Camargo é “nula” por ter sido feita à Justiça de primeira instância e lembrou que, como parlamentar, tem foro privilegiado e só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Cunha disse que seus advogados vão pedir a transferência do processo de investigação para o STF. “O juiz não poderia conduzir o processo daquela maneira. Vamos entrar com uma reclamação para que venha [o processo] para o Supremo e não fique nas mãos de um juiz que acha que é dono do país”. Ontem (16), o presidente da Casa disse que está tranquilo e não teme acusações.
O peemedebista lembrou que, desde a divulgação da lista de Janot com nomes de políticos suspeitos de participar de irregularidades na Petrobras, tem “estranhado” o envolvimento de seu nome e voltou a afirmar que há uma clara motivação política.
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Mudança de depoimento
Cunha falou que gostaria de rebater muitas coisas que leu e afirmou que os depoimentos de Camargo são incoerentes. Cunha afirmou que o delator Júlio Camargo mudou o seu depoimento: os jornais apontam pressão da Procuradoria Geral da República para a Camargo mudar a versão, algo que não foi desmentido pelo procurador geral, Rodrigo Janot, destacou.
O político afirmou que a Procuradoria Geral da República escolheu a ele para investigar. “O procurador-geral está a serviço do governo”. Cunha ressaltou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff também foram citados pelo doleiro Alberto Youssef, mas não foram abertos inquéritos. “Por que não investigou Dilma, Mercadante, após a delação? As ações do Ministério Público são combinadas com o governo. O governo não pode usar a máquina para me perseguir”. Ele ainda afirmou que nenhum senador do PT foi constrangido nesta semana pela Operação Lava Jato.
“Há outras coisas do Youssef que são colocadas e não têm nenhum tipo de punição ou investigação”. “Seletivamente, estão pegando as coisas do Yousseff e colocando importância onde querem. E, efetivamente, essa importância não existe”. Segundo ele, o juiz violou o foro privilegiado e “se acha o dono do País”.
Segundo Cunha, ele não sairá nem da sessão, muito menos da presidência da Câmara.
Bando de aloprados
“Tem um bando de aloprados no Palácio”, disse o político durante a entrevista. Mas, questionado pelos repórteres, não citou nomes. “É muita gente, é um bando.”
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