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SÃO PAULO – A correlação entre as crises política e econômica pode ser invertida no ano que vem, com o aumento do desemprego, inflação e queda da renda pressionando um clima de maior instabilidade para a presidente Dilma Rousseff no Congresso e entre a sociedade civil. Essa é a leitura que faz o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o tucano acredita que o xadrez político hoje é mais complicado do que na época em que comandou o país, sobretudo por conta da maior fragmentação partidária no parlamento.
“Aprovei várias emendas à Constituição, que demandam 308 votos na Câmara. Hoje, as dificuldades são grandes, mas não só pelo lado do Congresso. Vivemos numa democracia. Você não faz nada sem o Legislativo. Nosso sistema de governo é presidencialista. Agora, esquecemos que, na Constituinte, a ideia que prevalecia era a do parlamentarismo. O arcabouço da Constituição não é presidencialista. O presidente, para obter maioria tem que ter uma agenda e convencer a sociedade dessa agenda”, argumentou. Na visão dele, isso hoje não acontece e é agravado pelo “regime esdrúxulo” brasileiro, que dá muita força ao presidente, mas também ao parlamento.
Para o tucano, o cenário se complica na medida em que Dilma não aceita o diálogo e não tem agenda para apresentar à sociedade. Ele aproveitou para fazer comparações entre o atual mandato e a época em que governava o país: “Falam de fraude eleitoral, mas eu falei de crise o tempo todo. Ainda no mês de setembro de 1998, anunciei que a situação ia piorar. Eu não vi isso agora, mesmo depois da campanha. Ela não chamou a sociedade para uma coesão. O que fez foi nomear um ministro da Fazenda que pensa o oposto dela. Não se sai deste buraco sem coesão. Quem está no governo tem a responsabilidade de encontrar o caminho para isso. Mas continuam não fazendo”, disse.
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FHC acredita que, com o cenário econômico mais deteriorado, “há um mal estar maior do que em outras épocas”. O tucano faz coro à tese do estelionato eleitoral na entrevista ao insinuar que Dilma usou de manobras sobre a economia para a criação de um quadro mais favorável à eleição em outubro. “O governo sabia no ano passado qual era a situação econômica, melhor do que nós. Em vez de enfrentar, disseram que não vinha crise alguma. Ela organizou o governo como se não houvesse crise”, criticou.
Ainda no campo das comparações, quando questionado sobre o comportamento do PSDB para tentar derrubar os vetos presidenciais, o ex-presidente disse não concordar. “Posso até entender a lógica eleitoral, mas não acho correto diante da responsabilidade que temos com o Brasil. Não acho que fosse bom derrubar o veto. O PT votou contra o Plano Real, votava contra sempre. Eu não acho que o PSDB deva fazer a mesma coisa”, argumentou.
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