O fator crucial para aprovar a reforma da previdência (e não é a troca ministerial)

O sinal mais importante para ficar de olho, no entanto, é como o debate público está evoluindo

Lara Rizério

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O Ibovespa ganhou força na reta final da última segunda-feira (13) após a carta de demissão do ministro das Cidades, Bruno Araújo, do PSDB, abrir margem para a tão esperada reforma ministerial do governo Michel Temer.

Isso porque a saída do ministro deve levar a uma reorganização de forças no governo, aumentando o espaço do Centrão, que tanto vem reclamando da falta de representação e do grande espaço ocupado pelos tucanos, que vivem uma grave crise em seu partido. Com essa reforma, a realocação dos espaços poderia levar a uma maior margem para aprovar a difícil reforma da previdência.

Conforme destacou a consultoria de risco político Eurasia Group (antes do anúncio da saída de Bruno Araújo) este é um fator importante e Temer precisará contemplar os partidos centristas com a reforma, mas sem perder muito apoio do PSDB. “Essa não é uma engenharia fácil, mas é possível”, avaliam os consultores.

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Contudo, apesar de significativo esse não é o evento mais importante a ser observado. “O sinal mais importante para ficar de olho, no entanto, é como o debate público está evoluindo. Se, de fato, a mídia, as associações empresariais e o governo puderem reformular essa nova proposta com o discurso de que ela enfrentará os privilégios do setor público, tornará o trabalho mais fácil para o governo no congresso”, avaliam os consultores.

Eles destacam que os parlamentares estão muito de olho em como se dará a cobertura política, uma vez que a eleição se aproxima e os efeitos de votar numa reforma altamente impopular são observados com atenção. 

Isso faz com que os analistas acreditem que esse seja o ponto mais fraco e o tempo é bastante curto para tal reestruturação. Com base nesse cenário bastante desafiador, os consultores da Eurasia revisaram na semana passada a probabilidade de aprovação da reforma de 55% para 40%. 

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A ideia foi reforçada pelo diretor executivo para as Américas da Eurasia, Cristopher Garman, em entrevista à Bloomberg na manhã desta terça. Ele mantém a probabilidade de aprovação de 40%, apontando ter verificado uma resistência maior do que a esperada dos aliados do governo para a aprovação da reforma. Isso reforça a avaliação de que o governo deve mudar a sua abordagem com relação à previdência – já que os deputados não estão nada propensos a tomar riscos.  

Assim, o pontapé inicial para a aprovação da reforma da previdência foi dada com a perspectiva da reforma ministerial que, segundo Michel Temer, deverá ocorrer em meados de dezembro. Porém, alerta a Eurasia, a troca de nomes no ministério é uma condição necessária, mas não suficiente para aprovar a reforma. Há mais desafios no radar. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.