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Por Rodrigo Abel
As manifestações do último dia 29 encheram de esperanças os setores progressistas, democráticos e de esquerda no país. As ruas deram um grito de
liberdade em meio a uma primavera que até então se mostrava cheia de intolerância, racismo e preconceitos.
Mas a pergunta que fica é se as mulheres serão suficientes ao ponto de decidirem as eleições contra Bolsonaro? Minha resposta: nem tanto.
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As eleições de 2018 têm sido um exemplar ensinamento para os cientistas políticos. A todo instante os institucionalistas são pegos com uma barreira
quebrada, com um tendência histórica subvertida pelo asfalto ou com uma pesquisa desalinhada de uma projeção longitudinal.
O candidato Geraldo Alckmin, neste caso, lidera esse quadro de permanente realinhamento. A cada pesquisa divulgada, por exemplo, ele subverte a lógica de que o candidato que detém o maior tempo de televisão ganharia ou estaria no segundo turno das eleições – posição confirmada em todas as eleições desde a redemocratização. Ao se confirmar as pesquisas, sairá destas eleições em quarto lugar.
Outra verdade absoluta existente desde as eleições regulares de 1994 é a polarização entre azuis e vermelhos – PT versus PSDB. Ao que tudo indica esta
disputa não acontecerá mais, pois há um novo player, um nanico e inexpressivo partido chamado PSL.
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E por fim, a luta de David contra Golias, representada pelos eleitores do Nordeste contra o Sul e o Sudeste.
Todos estes exemplos, consolidados em milhares de planilhas de Excel por longos anos, embalaram as análises políticas até aqui, e não irão se confirmar
em 2018.
É deste ponto de reflexão que coloco a última barreira a ser subvertida nestas eleições, qual seja: o futuro presidente não ganhar em São Paulo, Minas
Gerais e Rio de Janeiro. Esses três estados juntos, detém 40% do eleitorado nacional – SP – 22%, MG 10% e RJ 8%.
Desde as eleições de 1994, todos os presidentes eleitos em primeiro ou segundo turno ganharam nestes estados, ou em pelo menos 2 destes.
Fernando Henrique Cardoso ganhou nos três estados em 1994 e 1998; Lula ganhou em todos em 2002, perdendo somente em São Paulo em 2006, ano
da sua reeleição; Dilma saiu vitoriosa em Minas Gerais e Rio de Janeiro em 2010 e 2014, perdendo em São Paulo em ambas eleições.
Ao se confirmar as projeções de um segundo turno entre Haddad e Bolsonaro, por mais que o petista aumente seu percentual de votos no Nordeste, é Bolsonaro quem lidera com folga nestes três estados.
Parece ficar claro que para não colocar a eleição sob risco, será necessário para Haddad reverter as posições no sudeste, ou na pior das hipóteses, perder
por menos, o que já seria uma grande vitória.
Como fazer isso? É uma outra história.
Rodrigo Abel é cientista político e membro da Comissão Brasileiro sobre Drogas e Democracia
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