“O cemitério está cheio desses heróis”, afirma Gilmar Mendes ao falar sobre procuradores da Lava Jato

Ministro do STF mostrou insatisfação com vazamento de informações sobre Dias Toffoli e acusa procuradores de vazarem informações

Lara Rizério

O ministro do STF, Gilmar Mendes (Divulgação)

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SÃO PAULO – O vazamento de parte do acordo de delação premiada que cita o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli deflagrou uma crise entre o Supremo e o Ministério Público Federal. Na delação, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, segundo a revista Veja, revelou detalhes de uma obra na residência de Toffoli. 

Mais cedo, a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, destacou uma conversa com Gilmar Mendes, também ministro do STF, em que ele criticou os procuradores. Mendes afirmou que os magistrados podem estar diante de “algo mórbido que merece a mais veemente resposta” e se disse indignado com o vazamento da citação. 

Mendes diz que é possível que os próprios procuradores tenham vazado as informações e fez críticas a algumas das dez propostas de combate à corrupção elaboradas pelo MPF. “Eles estão defendendo até a validação de provas obtidas de forma ilícita, desde que de boa-fé. O que isso significa? Que pode haver tortura feita de boa-fé para obter confissão? E que ela deve ser validada?”

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O jornal O Estado de S. Paulo revelou novas críticas do ministro do STF, até mais contundentes. Nesta terça, Mendes afirmou que ‘é preciso colocar freios’ na atuação dos procuradores da República. Ele não especificou, mas se referiu claramente aos procuradores da Operação Lava Jato.

Gilmar Mendes afirma que o vazamento seria um acerto de contas de procuradores uma vez que Toffoli os teria contrariado ao determinar a soltura do ex-ministro Paulo Bernardo e “fatiado” a investigação sobre a senadora Gleisi Hoffman (PT/PR) na Lava Jato. “Como eles (procuradores) estão com o sentimento de onipotentes decidiram fazer um acerto de contas.” O ministro do STF afirma que Toffoli está na mira dos investigadores. 

E afirmou: “isso não vai prosseguir assim, a gente tem instrumentos para se colocar freios. É preciso colocar freios nisso, nesse tipo de conduta. No caso específico do ministro Toffoli, provavelmente entrou na mira dos investigadores por uma ou outra decisão que os desagradou.” 

Gilmar Mendes ainda ressaltou que “sso já ocorreu antes no Brasil”. E prosseguiu: “o cemitério está cheio desses heróis. Mesmo no elenco dos procuradores. Ninguém pode esquecer de Guilherme Schelb, Luiz Francisco e tantos mais (procuradores da República que foram acusados de abusos). Estamos preocupados, mas está dado o recado.” O ministro ressaltou novamente que o STF tem mecanismos “para fazer valer a lei”. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.