“O Brasil torceu muito para que Dilma desse certo”, diz Campos

Campos ressaltou que há uma crise na democracia brasileira e disse que a atual presidente perdeu uma oportunidade extraordinária: "será a primeira a entregar País pior que recebeu"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em sabatina realizada nesta terça-feira (15) pelo jornal Folha de S. Paulo, o candidato à presidência pelo PSB, Eduardo Campos, teceu críticas novamente à condução do Brasil por Dilma Rousseff, procurou reafirmar a coerência de suas alianças e reforçar seu nome como alternativa às polarizações PT-PSDB vistas nas últimas disputas pelo posto máximo da política nacional.

Campos ressaltou que há uma crise na democracia brasileira, evidenciada pela redução no sentimento de representatividade dos eleitores e no aparente menor interesse deles pela política de um modo geral, e disse que Dilma perdeu uma oportunidade extraordinária: “vai ser a primeira presidente da redemocratização a entregar o País pior do que recebeu”. O candidato do PSB afirmou ainda que, para uma desenvolvimentista, ela entregou o pior crescimento possível. Neste ano a expectativa, conforme aponta o relatório Focus, é de que o crescimento em 2014 seja por volta de 1%. 

“O Brasil torceu muito para que Dilma desse certo. Houve determinado momento que havia uma grande expectativa positiva que ela colocasse em prática certos valores. Nesses quatro anos, ela jogou fora essa oportunidade. Ela não teve capacidade política. A meu ver, precisava conservar as conquistas que havia herdado”, afirmou durante entrevista conduzida por Ricardo Balthazar, Josias de Souza, Kennedy Alencar e Patrick Santos.

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No mesmo sentido, Campos criticou aparentes paradoxos nas políticas de governo da presidente Dilma Rousseff. “No final, ela, que se dizia desenvolvimentista, vai nos legar o tempo de mais baixo crescimento. Ela, que dizia que iria reduzir os juros, vai nos legar os juros mais altos em tempos em que as famílias brasileiras estão mais endividadas. Ela, que dizia que iria abaixar [os preços] de energia elétrica, levou-os lá para cima. Ela, que comandou a Petrobras no governo Lula, nos entrega a companhia vulnerável”, complementou.

Outro alvo de alfinetada do candidato do PSB foi um dos principais aliados da candidatura de Dilma para reeleição – o PMDB, que tem segmentos internos que se veem em um momento de maior descontentamento com sua posição ocupada no momento do que se comparado a quando Lula comandava o País. “As novas demandas políticas só serão efetivadas se tivermos um novo padrão político. E aí é preciso que alguém diga como eu disse: com todo o respeito, a velha política do Brasil e o PMDB dominante estão com um pé em duas canoas. Eles têm uma sublegenda: um pé está na candidatura de Dilma e outro na candidatura de Aécio”, afirmou.

Quando questionado sobre uma possível incoerência na postura de seu partido nas alianças e coalizões em níveis estadual e federal, Campos defendeu que o eixo central deve ser a busca por mudanças mais radicais em Brasília. “A forma de renovar política não é disputar estado a estado, palanque estadual a palanque estadual; é disputar o poder em Brasília. Porque a Federação Brasileira concentra tantos recursos e poder que é ela que alimenta as velhas oligarquias e o velho jeito de fazer política nos estados”, explicou o candidato do PSB.

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Fé no Nordeste, Copa do Mundo e Passe Livre
Confiante com um avanço nas pesquisas a partir do começo do período de campanha eleitoral, o ex-governador de Pernambuco diz que a atual condição de baixa intenção de votos se deve à falta de conhecimento dos eleitores em relação à sua candidatura. “Quando as pessoas se ligarem [que eu sou candidato], vai haver uma queda na intenções de voto de Dilma. Já está havendo, mas vai cair mais ainda. Acredito que eu vou ganhar no Nordeste”.

Para Campos, o atual governo deixou a região que foi importante para sua eleição de lado. “O Nordeste tem um sentimento de frustração com Dilma”, observou. Segundo ele, quando o eleitorado começar a manifestar isso em suas intenções de voto, o PSB será um dos principais beneficiados, visto que “há uma dificuldade no Nordeste para votar no PSDB”, por todas as lutas travadas contra o partido e imagens negativas já construídas. Ainda falando sobre a região, Campos afirmou que Dilma e PT têm feito uma campanha terrorista no Nordeste, ao dizer que, se ele ou Aécio Neves (PSDB) ganharem as eleições, o Bolsa Família será extinto. “Isso é terrorismo político”, afirmou.

Sobre a Copa do Mundo, o ex-governador de Pernambuco prefiriu se esquivar de uma resposta sobre um possível posicionamento otimista ou pessimista sobre o maior evento esportivo do planeta e enalteceu sua postura inalterada sobre o Mundial, mesmo após seu desfecho. “Sou o único candidato que vou manter a visão sobre o que disse antes da Copa. Teve gente que mudou ao sabor da maré. O meu discurso é o mesmo: a Copa passou e o povo está de olho na Copa da vida real. A Copa da violência, que está infernizando a vida de todo mundo; dos ônibus lotados e da mobilidade; da educação, que precisa ser ganha pela juventude; a Copa da inclusão produtiva, com muitas pessoas que estão perdendo o emprego, porque a economia está rateando”, disse Campos.

Por fim, ele destacou os seus planos para mobilidade e educação de uma forma genérica ao afirmar que é do “time da educação em tempo integral. Somos do time do Passe Livre para estudantes mais pobres”. Campos também defendeu o fim da reeleição e que o mandato tenha a duração de cinco anos, afirmando que abriria mão da reeleição para que tal mudança ocorresse em seu próprio governo, caso necessário.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.