O “bagaço” econômico ofuscado pela guerra Dilma X Cunha: o resumo da semana em frases

Enquanto a guerra é finalmente declarada com a aceitação do pedido de impeachment por Cunha, a economia sofre: confira os eventos que marcaram a semana em frases

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Aconteceu somente na quarta-feira mas, desde então, não se fala em outra coisa. O destaque da semana foi a aceitação do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff feito por Hélio Bicudo, Miguel Reale e Janaína Paschoal pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Se Cunha estava encalacrado em meio à possível continuidade das investigações contra ele no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar, o parlamentar conseguiu desviar as atenções ao aceitar o pedido, o que exaltou ainda mais os ânimos já acirrados. As tensões, aliás, se espalham pelos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.

Na economia, más notícias. O PIB do terceiro trimestre, divulgado na terça-feira, registrou queda de 4,5% na comparação com o ano anterior, o que fez com que economistas revisassem suas projeções ainda mais para baixo. Porém, um dia depois, a declaração de Cunha ofuscou todas as atenções do mercado. Aliás, espera-se que o início do processo de impeachment piore ainda mais a economia. Veja abaixo as frases que marcaram a semana: 

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Enfim, o impeachment

“A mim não tem nenhuma felicidade em praticar esse ato. Não o faço em natureza política. Aceito o pedido] Lamentando profundamente o que está ocorrendo. Que nosso país possa passar por esse processo, superar esse processo”
Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, ao anunciar que acatou o pedido de impeachment contra a presidente, na última quarta-feira (2) 

“Recebi com indignação a decisão do presidente da Câmara de processar pedido de impeachment contra mandato democraticamente conferido a mim pelo povo brasileiro. Não podemos deixar as conveniências abalarem a democracia e a estabilidade de nosso país”
Dilma Rousseff, em pronunciamento na noite de quarta-feira, afirmando que tem convicção sobre a improcedência do pedido

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“Nos últimos tempos, em especial nos últimos dias, a imprensa noticiou que haveria interesse na barganha dos votos. Eu jamais aceitaria ou concordaria com qualquer pedido de barganha”
Dilma, no mesmo pronunciamento, em referência a possíveis chantagens de Cunha para não abrir o processo em troca de sua salvação no Conselho de Ética da Câmara

“Eu quero deixar bem claro que a presidente mentiu à nação quando disse que o seu governo não autorizou qualquer barganha. Ela simplesmente estava participando de uma negociação”
Cunha, no dia seguinte, ao afirmar que a presidente mentiu  quando disse que não faria barganha sobre o caso dele no Conselho de Ética. Ele afirmou que Dilma chamou o deputado André Moura (PSC-SE), aliado do presidente da Câmara, para propor que, em troca da aprovação da CPMF, o PT votasse a favor de Cunha

 “Sobre a afirmação do presidente da Câmara, ele é que mentiu, na medida que disse que ontem o deputado André Moura teria estado com a presidente Dilma, levado por mim. O deputado André Moura não esteve com a presidente Dilma, esteve comigo, sempre discuti com ele como emissário do presidente da Câmara, sempre discuti com ele pauta econômica”
Jaques Wagner, ministro-chefe da Casa Civil, ao rebater as acusações de Cunha 

“Vou lutar contra esse pedido de impeachment porque nada fiz que justifique esse pedido e, principalmente, porque tenho um compromisso com a população deste país.”
Dilma, em declaração feita nesta sexta-feira ao dizer que lutará contra impeachment 

“Quem faz isso não é digno da confiança de ninguém. Essa prática não é papel de homem e, sim, de moleque”
André Moura, negando que tenha feito gravação de uma conversa que teve com o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, o que comprovaria a “barganha”

As reações 

 “Eu já não esperava mais que isso acontecesse e estava pensando sobre quais providências poderíamos tomar para não passar em branco. Mas o Cunha, enfim, despachou. Ele não fez mais do que a obrigação”
Hélio Bicudo, fundador do PT e que é um dos autores do pedido de impeachment acatado por Cunha

“Não foi coincidência que Cunha tenha decidido acolher o impeachment no momento em que deputados do PT decidiram votar favoravelmente à sua cassação no Conselho de Ética. Foi uma chantagem explícita, mas Cunha escreveu certo por linhas tortas”
Miguel Reale Junior, ex-ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso

 “Eventuais interesses político-partidários divergentes da autoridade apontada como couatora [Cunha] em face da Presidente da República, que poderiam revelar, inclusive, a existência de inimizade, não significariam a violação das garantias decorrentes da organização e procedimento do processo vindouro, iniciado com o ato ora atacado”
Gilmar Mendes, ministro do STF, ao negar o pedido de três deputados petistas para suspender o ato do impeachment 

“PT está querendo fazer um test-drive de juízo no Tribunal, quer dizer, o juiz a quem cair a demanda é confiável ou não segundo os critérios por eles estabelecidos”
Mendes, na sexta-feira, ao criticar a decisão de deputados petistas de tentar recuar de ação contra o impeachment ao saberem que a relatoria do processo iria para o ministro, famoso crítico do PT

“Eu acho que impeachment não deve ser objeto de desejo. Acontece. No caso, precisamos ver, se acontecer mesmo vamos ter que levar a fundo porque o Brasil não pode ficar paralisado e neste momento ele está”
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, ao comentar em Lisboa sobre o pedido de impeachment contra Dilma

“A tarefa maior, neste instante, é não permitir que essa loucura que o Eduardo Cunha fez ontem tenha prosseguimento. Acho que é preciso decidir isso logo. Decide logo, porque se a gente for esperar passar o Natal, passar fevereiro, passar o carnaval, passar não sei das quantas, qual será o clima político deste país? Qual investidor que vai querer investir aqui no Brasil?”
Lula, ex-presidente da República, ao defender  rapidez na decisão do Congresso sobre o processo de impeachment de Dilma

“Temos de acelerar a discussão sobre o impeachment. Quanto antes superarmos isso, melhor”
Joaquim Levy, ministro da Fazenda, ao dizer que, quanto antes forem encerradas as discussões, melhor para o país para haver aprovação de medidas econômicas necessárias

“Depois de me explicar o que estava acontecendo com a situação política local, ela manifestou seu compromisso em trabalhar ativamente em retomar uma agenda do Mercosul. Ficou claro que são processos paralelos. Para mim está claro que, se o Brasil vai melhor, a Argentina vai melhor e vice-versa, por isso temos que trabalhar em conjunto 24 horas por dia, aconteça o que acontecer. O que está em jogo é criar melhores oportunidades para os brasileiros e os argentinos”
Mauricio Macri, presidente eleito da Argentina, ao afirmar que a presidente estava estava “muito tranquila” durante o encontro com ele, nesta sexta em Brasília 

“Ironicamente, o movimento de Cunha para um impeachment pode ter feito ser mais provável, e não menos, a sobrevivência de [Dilma] Rousseff até 2018. O momento trabalha a seu favor”
Economist, ao afirmar na edição semanal de sua revista de que Cunha, ao abrir o processo de impeachment agora, pode ter gerado o efeito reverso e ter dado fôlego para a presidente ficar no poder até 2018 

 E a economia?

“Que diabos aconteceu? Uma tempestade perfeita”
Martin Sandbu, colunista do Financial Times, ao comentar o cenário bastante complicado para a economia brasileira em meio à divulgação dos dados do PIB, que mostrou uma contração de 4,5% na economia na base de comparação anual

“O ano que começou com uma recessão e a necessidade de ajustes, graças ao acúmulo de grandes desequilíbrios macroeconômicos, agora se transforma em uma franca depressão econômica”
Alberto Ramos, diretor do Grupo de Pesquisas Econômicas para América Latina do Goldman Sachs, em relatório comentando o PIB brasileiro, em um cenário que ele qualificou como “sombrio”

“A economia está um bagaço”
Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, ao defender reformas como alternativa “ao caos”, em entrevista ao jornal Valor Econômico

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.