O ano ainda está longe de acabar: as 7 maiores incertezas para o 2º semestre de 2015

O cenário é bastante parecido com o dos primeiros seis meses do ano, com Fed, Grécia, ajuste fiscal e rating no radar; contudo, mercado deve ficar muito atento, conforme destaca o economista-chefe da Garde Asset Management, Daniel Weeks

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Se os primeiros seis meses do ano foram repletos de emoções, o segundo semestre de 2015 não deve ser diferente.

E as questões devem seguir bem parecidas com a dos primeiros meses de 2015, com questões principalmente no campo político brasileiro e com relação aos próximos passos de política monetária pelos EUA.

Isso porque algumas questões que estavam no radar nos primeiros seis meses do ano devem seguir pautando os mercados brasileiros e mundiais. Com base nisso, o economista-chefe da Garde Asset Management, Daniel Weeks, destacou quais são os riscos que ainda deveremos levar em conta para a segunda metade do ano.

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1. Estados Unidos seguem na pauta
No âmbito internacional, boa parte das incertezas ficam por conta da evolução da política monetária nos EUA e a reação do mercado quando o Fed começar a subir juros.

A avaliação do economista-chefe é de que o Fed irá subir a taxa de juros ainda esse ano e, mesmo sinalizando uma alta gradual, alguma volatilidade deverá decorrer desse evento.

2. Europa: Grécia segue no radar
Quanto à Europa, o economista destaca que o mercado continuará convivendo com a ameaça da saída da Grécia da zona do euro, com movimentos de estresse no mercado de tempos em tempos. 

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A permanência da Grécia da união monetária e seus possíveis desdobramentos é outra incerteza para o segundo semestre.

3. China: o processo de desaceleração só começou
Na avaliação de Weeks, apesar das reações de política econômica para evitar uma desaceleração econômica mais forte, a China deve seguir com o seu processo de desalavancagem da economia está só começando e deverá assegurar.

“Na melhor das hipóteses, um crescimento mais fraco para o segundo semestre e manter vivos no ar os riscos de um hard landing”.

4. E no Brasil? O ajuste continua
Em meio ao pano de fundo desafiador da economia internacional, como isso irá se refletir sobre as incertezas da economia brasileira nesse ano de ajuste?

Conforme destaca o economista da Garde, o Banco Central do Brasil tem dado uma sinalização muito pertinente nesse aspecto, afirmando que, frente a choques externos, a melhor linha de defesa é ter fundamentos macroeconômicos mais sólidos. 

Enquanto isso, desde o começo do ano, o ministro da Fazenda Joaquim Levy tem tentado sinalizar a mudançado rumo da política econômica, embarcando na tarefa, considerada difícil, de desfazer a “nova matriz econômica” posta em prática nos últimos anos. A nova matriz econômica vigorou no primeiro governo de Dilma Rousseff caracterizada por expansão fiscal (estímulos), crédito abundante a juros subsidiados, e taxa de câmbio controlada.

“Achamos muito bem-vindo esse movimento do novo governo, mas a sustentabilidade dessa política é o grande risco que vemos para a economia brasileira nesse segundo semestre”, avalia o economista-chefe da Garde.

5. Atividade econômica: risco de baixa
Esse risco de queda da atividade econômica – a expectativa dos economistas ouvidos pelo Focus, do Banco Central, é de uma contração do PIB para 1,49% em 2015 – pode ser decomposto em algumas etapas que se sucederiam.

Primeiramente, uma piora adicional da atividade poderá ter consequências ainda mais dolorosas do que as já contratadas, intensificando a queda do PIB e a alta do desemprego, avalia o economista.

6. Risco sobre a sustentação política
A piora da atividade também pode, em algum momento, resultar na perda de sustentação política desse governo, avalia o economista. Cabe ressaltar que a última pesquisa CNI/Ibope de popularidade da presidente Dilma mostrou que apenas 9% dos brasileiros avaliam o governo como bom/ótimo. 

E, em entrevista coletiva em Brasília para repercutir a pesquisa o gerente de pesquisa da CNI, Renato Fonseca, afirmou não descartar nova queda de aprovação do governo Dilma. O motivo é o fato da aprovação do governo estar muito atrelada ao desempenho da economia e do emprego, sendo que não há sinais de melhoras. 

Segundo Weeks, esta perda de sustentação política, potencialmente resulta no aborto prematuro dos ajustes fiscais e monetários em curso tão necessários para a retomada da confiança na economia brasileira.

7. Perda do grau de investimento
Em última instância, a economia caminharia para a perda do grau de investimento ou à precificação dos ativos compatível com essa classificação de risco.

“Essa sequência de possíveis acontecimentos levaria a um cenário ainda pior do que estamos presenciando, uma vez que teríamos efeitos ainda mais severos para a atividade econômica e emprego pelo provável processo desordenado de reprecificação dos ativos”, avalia Weeks.

Segundo o economista, ao contrário do caminho proposto pela nova política econômica, essa alternativa não ensejaria uma luz no fim do túnel, pois se terminaria o processo com os fundamentos macroeconômicos enfraquecidos. Isso devido a uma posição fiscal fragilizada e inflação ainda significativamente acima da meta, condições essas necessárias (ainda que não suficientes)para um crescimento sustentável.

“Portanto, a mensagem que deve ficar é de que as consequências do ajuste em curso devem ser entendidas como algo necessário em que os custos serão menores do que no eventual cenário de interrupção ou reversão do ajuste”, afirma.

Nesse aspecto, o cenário internacional continua postando riscos relevantes para a economia brasileira no próximo semestre, o que, segundo o economista, reforça a necessidade da melhora adicional dos fundamentos domésticos.

O economista destaca que sempre se pode criticar como o ajuste fiscal está sendo feito, preponderantemente apoiado em aumento de impostos e corte de investimentos, e seus efeitos sobre o PIB. Contudo, uma alternativa a esse cenário, de não-ajuste ou ajuste insuficiente, iria nos levar a um cenário muito pior, “cuja intensidade das consequências é difícil de se antecipar”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.