NYT: Brasil está em “frangalhos”, mas impeachment levaria a sério dano à democracia

Apesar da má gestão econômica, o jornal americano afirma que isto não pode ser encarado como justificativa para um pedido de impeachment

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em editorial da edição desta terça-feira (18), o jornal americano New York Times afirmou que “o Brasil está em frangalhos” e que a economia está em recessão. Além disso, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a classificação de risco no limite do grau de investimento. O Congresso está em revolta. A avaliação da popularidade da presidente Dilma Rousseff, menos de um ano depois da reeleição, foi para baixo de um dígito e protestos em todo o País repercutiram a vontade popular do impeachment.

Apesar do cenário ruim, o NYT afirma que isto não pode ser encarado como justificativa para um pedido de impeachment. O jornal defende que a saída de Dilma sem evidência concreta levaria a um sério dano à democracia, sem que houvesse contrapartida positiva. “Não há nada que sugira que qualquer líder de outros partidos possa fazer melhor do que ela na economia, hoje”, diz o jornal.

Conforme destaca o jornal, em meio a toda essa turbulência, é fácil perder a boa notícia, que é a fortaleza das instituições democráticas do Brasil. O NYT ressalta que ex-executivos da Petrobras foram presos, o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, foi preso, assim como o almirante que supervisionou o programa nuclear brasileiro, Othon Luiz Pinheiro da Silva. Além disso, o ex-presidente Lula também passa por escrutínio. 

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“Embora as investigações tenham criado enormes problemas políticos para Dilma e levantaram questões sobre o seu mandato como presidente do Conselho da Petrobras, antes de se tornar presidente, ela admiravelmente não fez nenhum esforço para restringir ou influenciar as investigações. Pelo contrário, ela tem salientado repetidamente que ninguém está acima da lei, e apoiou um novo prazo para o procurador-geral, Rodrigo Janot”, afirma o jornal.

E reforça que, até agora, as investigações não encontraram nenhuma evidência de ações ilegais da parte dela. Enquanto ela é, sem dúvida, responsável pelas políticas e grande parte da má gestão que levaram ao cenário ruim para a economia brasileira, estes não são crimes de responsabilidade. “Tirar Dilma sem nenhuma evidência concreta de irregularidade iria causar sérios danos a uma democracia que vem ganhando força há 30 anos, sem qualquer benefício. E não há nada que sugira que qualquer líder faça um trabalho melhor na economia”, afirma. 

“Não há dúvida de que os brasileiros estão enfrentando tempos difíceis e frustrantes, e as coisas tendem a piorar antes de melhorar. Dilma também deve enfrentar muito mais problemas e críticas. Mas a solução não deve ser o de minar as instituições democráticas que são, em última análise, as garantias da estabilidade, credibilidade e de um governo honesto”.

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O jornal foi em linha com o britânico Financial Times, que destacou que a presidente deve continuar no cargo apesar da “posição precária”. “Mesmo que Dilma saia, ela provavelmente só iria ver um outro político medíocre substituí-la – e, em seguida, tentar implementar o mesmo tipo de estabilização econômica que ela está tentando fazer”, diz o jornal.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.