Novo “round” Dilma X Aécio, o Papa e a decepção chinesa: as frases que marcaram a semana

Em uma semana agitada por conta de China e Grécia, a política brasileira seguiu no radar, com mais um embate entre a presidente Dilma e o candidato derrotado Aécio Neves

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A semana que passou foi emblemática: China e Grécia foram as grandes protagonistas e ofuscaram até mesmo o Federal Reserve, que teve a sua ata marcada justamente pelas preocupações com os dois países (antes das duas nações atingirem o ápice de seus problemas).

Mas, como não poderia deixar de ser, o cenário político foi o grande destaque, com uma troca de farpas entre a presidente Dilma Rousseff e o candidato derrotado no ano passado Aécio Neves também atingindo o ápice do ano de 2015. Há até quem diga que o ambiente remonta ao cenário eleitoral de 2014, que foi repleto de ataques entre os então “presidenciáveis”. Agora a questão é: há golpismo ou não há golpismo?

Além de Grécia, China e “golpismo”, transtorno também com a paralisação de mais de três horas na Bolsa de Nova York. Mas calma, não houve nenhum ataque e sim um problema técnico.

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Confira as frases que marcaram a semana:

Golpista, eu?

“Uma das heranças que a presidente Dilma deixará para cada um já conhecemos: meia década perdida. Ao final de seu governo, que não sei quando ocorrerá, talvez mais breve do que alguns imaginem, os brasileiros terão ficado mais pobres”
Senador Aécio Neves (PSDB-MG) durante a convenção do partido onde foi reeleito presidente da legenda, ao sugerir que, talvez, Dilma não termine seu mandato.

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“Mas estamos prontos para assumir. O PSDB sabe governar”.
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, ao dizer na mesma convenção de que “não somos donos do que vai acontecer nas próximas semanas, nos meses seguintes”, mas que o partido está pronto para assumir.

“Eu não sou Getúlio, não sou Jango, não sou Collor. Não vou me suicidar, não faço acordo, não renuncio”.
Dilma Rousseff, voltando a usar a frase que tinha dito logo quando o PSDB apresentou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) um pedido para recontar votos, em meio ao “clima de impeachment”.

“Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso aí é moleza, é luta política (…) não tem base para eu cair, e venha tentar. Se tem uma coisa que não tenho medo é disso”.
Dilma, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, acusando setores da oposição de serem “um tanto golpistas”. 

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“Na verdade, o discurso golpista é o do PT, que não reconhece os instrumentos de fiscalização e de representação da sociedade em uma democracia”.
Aécio, ao criticar a fala de Dilma e dizer que, para o PT, tudo o que contraria os interesses do partido é golpe. 

“Eu acho que foi infeliz. Nós (da oposição) cumprimos a Constituição. Os fatos é que decidirão o futuro. Nós temos é o dever de cumprir a Constituição e apurar as coisas. Ninguém deve ter medo de apuração, de investigação”.
Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo, afirmando que a presidente foi “infeliz” ao criticar a oposição e que “os fatos decidirão o futuro”

“Ela está indignada porque vem sendo desrespeitada seguidamente por opositores. Chega um momento em que tem que dar uma resposta”.
Alberto Cantalice, vice-presidente do PT, defendendo e comemorando a fala de Dilma.

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“Ele vestiu a carapuça”
Dilma, comemorando as falas de Aécio, surpresa com o que classificou como “atos falhos” do tucano em entrevistas.

“O que nós dissemos na convenção que me reelegeu, neste domingo, presidente da República, é que o PSDB é um partido pronto para qualquer que seja a saída. Inclusive a permanência da presidente”.
Aécio, em um de seus “atos falhos”, ao dizer que foi reeleito “presidente da República”, durante entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha. Alertado pelos apresentadores, Aécio se corrigiu: “não, presidente do PSDB! Estamos longe de 2018. E o partido tem quadros muito qualificados” .

“Quem coloca como já tendo tido uma decisão está cometendo, eu acho, um desserviço para a instituição, um desserviço para o TCU e para o TSE, porque não há nenhuma garantia que qualquer senador da República possa, muito menos o senhor Aécio Neves, possa pré-julgar quem quer que seja ou definir o que uma instituição vai fazer ou não.”
Dilma, na quinta-feira, comentando novamente as declarações do senador Aécio de que ela teria se munido de um discurso “golpista” ao tentar inibir as instituições.

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“O que nós ouvimos é algo absolutamente fora do sentido – aliás, me perdoem, como têm sido algumas das últimas declarações da presidente da República”.
O senador mineiro, em resposta às declarações de Dilma na quinta-feira, na tribuna do Senado.  

”Dispute-se a eleição, ganhe-se na eleição. Mas não o golpe; o golpe nós não podemos aceitar”.
Senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), criticando setores da oposição um dia depois da convenção do PSDB em que alguns tucanos defenderam a saída da presidente Dilma Rousseff do poder.

“Eu sou um senador da oposição. Você chamou a oposição de golpista. Estou contestando”.
Senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), contestando a fala da senadora e dizendo que os ataques mais cruéis a Dilma vieram não da oposição, mas do ex-presidente Lula, que teria dito que o governo está no “volume morto”.

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“Não lhe chamei de golpista. Vossa excelência vestiu a carapuça”.
Gleisi Hoffman, rebatendo as afirmações do senador tucano. 

“Não precisa segurar a presidente Dilma, ela não cai.”
Michel Temer, vice-presidente, ao dizer que Dilma concluirá o seu mandato. “Tem capacidade de trabalho e somos aliados. Naturalmente colaboramos com o país”, continuou. 

”O tempo do golpismo passou para nunca mais”.
Lula, ex-presidente, criticando o que classificou como “golpismo da oposição”.

“Mas Lula tem que medir as palavras, não é comportamento de ex-presidente ameaçar a população, é comportamento de bandido. Ele não é rei”
Senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) após Lula ter entrado com uma queixa-crime contra o senador pelos crimes de “calúnia, injúria e difamação”. O motivo foi a seguinte fala de Caiado: “Lula tem postura de bandido. E bandido frouxo!” 

“A maior parte das pessoas gostaria de se ver livre dela”.
José Serra, senador pelo PSDB-SP, sobre Dilma Rousseff em entrevista na quinta-feira para a Rádio Gaúcha. Mesmo com as críticas, Serra disse que não defende a saída da presidente no fim do mandato. 

E mais política…

“Não tem mais nenhum risco em termos de rodízio”
Alckmin, durante audiência da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado sobre os desafios da crise hídrica.

“Governar é escolher, e ficou claro que o PT não gosta dos pobres, do social. Gosta do poder, a qualquer preço”. 
Alckmin, durante a convenção do PSDB no domingo.

“Alckmin cortou o leite de 37 mil crianças carentes. O PT tirou 36 milhões de pessoas da miséria. Quem é que não gosta de pobre?”
Emídio de Souza, presidente do PT-SP, em resposta ao governador.

“A OAB não tem muita credibilidade há muito tempo”
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, ao comentar pesquisa encomendada pela OAB mostrando que a maioria dos brasileiros não concordam com o financiamento privado de campanhas.  

“São eles [os comentários de Dilma], aliás, ofensivos ao Egrégio Supremo Tribunal Federal que homologou os principais acordos de colaboração, certificando-se previamente da validade dos pactos e da voluntariedade dos colaboradores”.
Sérgio Moro, juiz federal que conduz os processos da Operação Lava Jato, afirmando que as críticas de Dilma ofendem o STF

“O ambiente aqui no Senado me lembra a Alemanha nazista de 1933, quando Hitler botava os ‘bate-paus’ para constranger todo mundo. Os caras que divergiam dele, tinha que constranger. É o que estava acontecendo aqui. Isso aqui virou um mercado persa. Isso é uma vergonha”.
Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado, ao dizer que o ambiente de votações na Casa, após as derrotas do governo em votações de grande impacto para as contas públicas, lembra a “Alemanha nazista”. 

A bolha chinesa…

“As autoridades nos fizeram acreditar que poderíamos ganhar dinheiro com um mercado de touro, mas na verdade estamos caindo em um abismo ao perder a maior parte de nossas economias de uma vida.”
Investidor chinês, falando sobre o “estouro” da bolha no mercado de ações do país, que levou a bolsa a cair 30% em apenas 3 semanas.

“Esta é a maneira mais rápida de destruir a credibilidade do sistema financeiro. Os reguladores deveriam ser demitidos por causar tanto pânico”.
Shaun Rein, fundador e diretor do China Market Research, ao criticar que a decisão dos reguladores para interromper as negociações de ações provavelmente piorou a venda irracional dos mercados vista na última quarta-feira.

O referendo grego

“O referendo de hoje não teve ganhadores nem vencedores. É uma grande vitória em si mesma. Quero agradecer cada um e todos vocês. Independentemente de como tenham votado, hoje nós somos um”.
Alexis Tsipras, primeiro-ministro da Grécia, após a vitória do não ao acordo com os credores, que obteve 61,31% no referendo, contra sim de 38,69% dos gregos e 5,8% votaram em branco ou nulo. A abstenção foi 37,5%, em um universo de quase 10 milhões de eleitores.

“Por esse motivo, deixo o Ministério das Finanças hoje”.
Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças grego, deixando o governo após a vitória do não ao acordo com os credores no país, como ele defendia. Varoufakis saiu do governo por avaliar que um acordo seria mais fácil com a saída dele. 

“Tsipras e o seu governo estão levando a Grécia por uma via de renúncia amarga e desespero”.
Sigmar Gabriel, vice-chanceler alemão, que afirmou que Tsipras “rompeu as últimas pontes” entre a Grécia e a Europa logo após a vitória do “não”.

“Nós reivindicamos um acordo com nossos vizinhos. Mas um que nos dê um sinal de que estamos saindo de forma duradoura da crise, que vá demonstrar que existe luz no fim do túnel… Nosso principal objetivo tem que ser combater o desemprego e encorajar o empreendedorismo.”
Tsipras, no Parlamento europeu, voltando à mesa de negociações com os credores após o “não” aos credores. “Deixem-me garantir à Casa que, para além da crise, continuaremos com nossas reformas”, afirmou.

“Não traias o teu povo, Alexis. Porque 80% das pessoas querem ficar no euro. Mostre para eles, e para nós, que é um verdadeiro líder e não um falso profeta”.
Guy Verhofstadt, belga líder dos liberais no Parlamento Europeu, em discurso em que rebateu o primeiro-ministro grego (e o constrangeu)

Nyse, Yellen e o Papa

“As portas não estavam carregadas com a adequada configuração compatível com a nova atualização”.
Bolsa de Nova York, confirmando na quinta-feira que os problemas técnicos que tiveram na quarta-feira e levaram a paralisação das operações por três horas e meia e motivaram a suspensão das operações do pregão se deveram a uma atualização de um programa de computador.

“Eu acho que será apropriado em algum momento ainda este ano dar o primeiro passo para elevar as taxas e, assim, começar a normalizar a política monetária”.
Janet Yellen, presidente do Federal Reserve, em discurso no The City Club de Cleveland, destacando que vê sinais de que a economia dos EUA está melhorando e que acredita que a primeira alta nas taxas de juros serão necessários ainda este ano.

“O capitalismo impôs a lógica dos lucros a qualquer custo, sem pensar na exclusão social ou na destruição da natureza”
Papa Bento XVI, em um discurso crítico ao capitalismo, afirmando que ele é uma “ditadura sutil”. A fala ocorreu em um encontro com movimentos sociais em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.
 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.