Novo “homem-bomba”, Funaro acusa Temer de orientar distribuição de recursos ilegais para campanha de 2014

Operador financeiro afirma que a negociação gerou "comissões expressivas", em torno de 20 milhões de reais

Reuters

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BRASÍLIA (Reuters) – O operador financeiro Lúcio Funaro afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que o presidente Michel Temer orientou diretamente a distribuição de 20 milhões de reais em propinas para sua campanha à reeleição como vice-presidente da República, em 2014, e para a do ex-deputado Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo, em 2012.

De acordo com Funaro, que está preso há um ano em Brasília, os 20 milhões que foram distribuídos entre a campanha de Temer e de Gabriel Chalita eram fruto de uma negociação na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias (Vifug) da Caixa, uma das controladas pelo PMDB, para liberar recursos do fundo FI-FGTS para as empresas BRVIAS e LLX.

Funaro afirma que a negociação gerou “comissões expressivas”, em torno de 20 milhões de reais, montante “do qual se beneficiaram principalmente a campanha do ex-deputado federal Gabriel Chalita para prefeito de São Paulo no ano de 2012, e a campanha para Presidência da República no ano de 2014, sendo que ambas foram por orientação/pedido do presidente Michel Temer”.

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O depoimento foi prestado no dia 14 deste mês dentro do inquérito em que Temer é investigado por corrupção passiva, obstrução da Justiça e participação em organização criminosa. Nele Funaro confirmou que está em negociações avançadas para uma delação.

Funaro afirma que não tinha uma relação próxima com o presidente, tendo o encontrado apenas três vezes, e quem fazia a “interface” com ele eram o deputado cassado Eduardo Cunha, e os ex-ministros Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima.

 
ODEBRECHT
Funaro confirmou no depoimento as informações prestadas pelos executivos da Odebrecht, de que Temer sabia das propinas pagas pela empresa em troca de contratos com a Petrobras internacional.

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Segundo diz em seu depoimento, Funaro teria ficado sabendo por Cunha que Temer sabia do acerto entre a Odebrecht e o PMDB para pagamento de propinas em negócios da empreiteira com a Petrobras nas área de segurança e meio ambiente em dez países.

Marcio Faria, um dos delatores da Odebrecht, afirma em sua delação que foi a uma reunião no escritório de Temer em São Paulo onde estavam também Cunha e Henrique Eduardo Alves onde foi acertado pagamento ao PMDB. Temer reconheceu posteriormente a reunião mas afirmou que não tratou de dinheiro e participou do encontro por pouco tempo.

Em seu depoimento, o operador financeiro –tratado como homem da Cúpula do PMDB– implica ainda Geddel, Henrique Eduardo Alves e o ministro da Secretaria de Governo, Moreira Franco, no recebimento de recursos ilegais.

Segundo Funaro, o PMDB controlava duas vice-presidências na Caixa. Além da Vifug, a de Pessoas Jurídicas, onde Geddel foi vice-presidente e, mesmo depois de deixar o cargo, continuava exercendo influência. Foi neste cargo que o ex-ministro foi apresentado por Funaro a Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F.

Segundo Funaro, “de todas as operações feitas com o grupo J&F, Geddel recebeu ou receberia comissões pagas por ele, com exceção da operação de crédito para a compra da empresa Alpargatas pela J&F”. A estimativa do operador é que tenha pago apenas a Geddel 20 milhões de reais em “comissões”, não apenas em operações para a J&F mas também dos grupos Marfrig e Bertin.

Funaro também afirma que, quando Moreira Franco era o vice-presidente da Vifug, em 2009, fez uma operação para a empresa CIBE –uma sociedade entre os grupos Equipav e Bertin– e, para isso, pagou comissão ao ministro e a Eduardo Cunha, embora não se recordasse dos valores naquele momento.

Procurado, o Palácio do Planalto disse “que nunca houve tal orientação”, em resposta à pergunta sobre a acusação de que Temer teria orientado a distribuição de dinheiro.

Não foi possível entrar em contato com a defesa do ex-ministro Geddel. Em nota enviada por mensagem à Reuters, o ministro Moreira Franco afirma que nem mesmo conhece Funaro.

“Que país é esse, em que um sujeito com extensa folha corrida tem crédito para mentir? Não conheço essa figura, nunca o vi. Ele terá que provar o que está dizendo”, disse Moreira.

 

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