Novas suspeitas contra Lula e ministros de Temer; Marcos Valério promete entregar 20 nomes e mais

Ministros Mendonça Filho e Eliseu Padilha envolvidos em polêmicas, Aécio Neves na delação de Pedro Corrêa, Lula e lobby da OAS e mais notícias da política agitaram o fim de semana

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário político foi bastante movimentado no final de semana, com destaque para novas informações das delações de Léo Pinheiro, da OAS, e Pedro Corrêa, além de uma possível delação de Marcos Valério. O “efeito Sérgio-Machado” e mais notícias também estão no radar desta segunda-feira (20): 

Novas polêmicas envolvendo ministros de Temer
O ministro da Educação, Mendonça Filho, negou que tenha recebido doações ilegais da UTC Engenharia em sua campanha para a Câmara dos Deputados em 2014. A denúncia de suposto repasse ilegal a Mendonça Filho foi feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em janeiro e tornado público na sexta-feira (17) após a retirada de sigilo. A UTC é citada na Operação Lava Jato.

Segundo Janot, foram encontrados indícios de possível recebimento de propina por parte do deputado federal José Mendonça Bezerra Filho, do DEM/PE, consistente em imagem arquivado em um dos celulares apreendidos em poder de Walmir Pinheiro [ex-diretor da UTC].” 

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Em nota publicada em sua página no Facebook, o ministro nega qualquer irregularidade ligada à UTC e diz que a empreiteira não fez aportes diretos a sua candidatura. “A campanha de 2014 do então deputado federal Mendonça Filho não recebeu doação da UTC. O deputado foi, à época, procurado por interlocutores da UTC oferecendo doação legal no valor de R$ 100 mil. Neste contato, Mendonça Filho disse que não queria essa doação, mas se a empresa quisesse doar para o partido o fizesse. A doação foi feita ao partido de forma legal e está registrada na prestação de contas do partido de 2014, junto a Justiça Eleitoral”, diz o texto. Na nota, Mendonça Filho cita doações da Queiroz Galvão e da Odebrecht, também envolvidas na Lava Jato, e diz que todas foram feitas legalmente e registradas na Justiça Eleitoral.

Além disso, Janot enviou uma denúncia contra o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) ao Supremo Tribunal Federal por crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas em razão de conta atribuída a ele na Suíça. Alves se demitiu do ministério na quinta-feira da semana passada, um dia após ser divulgada a delação de Sérgio Machado em que citava que o político teria recebido propina. 

Por fim, o  ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, rebateu as informações de que teria seus bens bloqueados a pedido do Ministério Público Federal. “Ação de Improbidade contra mim ainda não foi recebida pela Justiça. Não houve nem há qualquer indisponibilidade de bens. A Ação de Improbidade não deve prosperar, pois foi fundada em documento nulo e o praticado por mim é legal”. Matéria da Veja desta semana disse que o MPF pediu o bloqueio de bens e devolução de R$ 300 mil aos cofres públicos; ele seria alvo de uma ação de improbidade administrativa na Justiça Federal por supostamente ter mantido uma funcionária fantasma em seu gabinete quando deputado federal. 

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Aécio Neves na delação de Pedro Corrêa
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o
 ex-deputado Pedro Corrêa afirmou em depoimentos de sua delação premiada que o então deputado e hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG), foi um dos responsáveis pela indicação do diretor de Serviços da Petrobras, Irani Varella, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Segundo Corrêa, Varella era responsável por conseguir “propinas com empresários para distribuir com seus padrinhos políticos” por meio de seu genro, identificado apelas como Alexandre. Esta é a primeira vez que o nome do tucano é relacionado por um delator da Operação Lava Jato a um suposto esquema de pagamento de propinas na Petrobras.

Em sua página no Facebook, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse que Aécio nunca lhe pediu ou indicou nomes de diretores para a Petrobras. “O senador Aécio Neves nunca me pediu nem indicou diretores da Petrobras. Nem eu interferi na nomeação do sr Irani Varella, a quem sequer conheço. O resto é pura especulação”, disse o tucano. 

Lula e lobby da OAS
Segundo informações da Istoé deste final de semana, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro adiantou detalhes sobre os passos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva envolvendo o sítio em Atibaia e o tríplex no Guarujá. Ele também antecipou que confirmará que os dois pertenciam a Lula, diz a publicação, citando integrantes da força-tarefa. Pinheiro afirmou ainda que Lula ajudou a empreiteira, através de tráfico de influência, a melhorar suas relações com o exterior em troca de obras no sítio e no tríplex. A corporação não tinha em 2008 tanta influência no mercado internacional e, hoje, possui 14 escritórios e é responsável por 20 obras no exterior. 

Marcos Valério promete entregar 20 nomes
O operador do mensalão Marcos Valério tentou novamente fechar um acordo de delação premiada e entregou ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais uma 
proposta de colaboração para revelar novos detalhes sobre os escândalos do mensalão do PSDB e do PT, diz o Estadão. O jornal ressalta informação do advogado Jean Robert Kobayashi Júnior, escalado para negociar a proposta, que afirma que Valério deve entregar cerca de 20 nomes, incluindo parlamentares com foro privilegiado de diversos partidos, e nomes envolvidos nos escândalos investigados na Lava Jato, a quem a defesa de Valério encaminhou uma proposta de colaboração no ano passado.

Edinho Silva e propina 
Em documento enviado ao STF, Janot levantou mais suspeitas sobre o PT, com destaque para o ex-ministro da Comunicação Social Edinho Silva. O PGR alega que o partido tinha como hábito receber doações eleitorais oficiais e não oficiais, muitas vezes mediante ameaças a empresas com contratos com o governo federal. A prática era centralizada, em parte, em Edinho Silva, tesoureiro em 2014 da campanha à reeleição da presidente afastada Dilma Rousseff. 

“Em verdade, o pedido de pagamento para auxílio financeiro ao Partido dos Trabalhadores, notadamente para o custeio oficial e não oficial (caixa 2) das campanhas eleitorais, muitas vezes mediante ameaças de cessação das facilidades proporcionadas ao Núcleo Econômico pelos Núcleos Político e Administrativo da organização criminosa, revelam-se como medida habitual, institucionalizada e centralizada, em parte, na pessoa de Edson Antônio Edinho da Silva, consoante se depreende dos indícios apresentados acima. Tais facilidades proporcionadas ao Núcleo Econômico ocorriam inclusive em contratos com a Petrobras — embora não se limitassem a estes”, escreveu o PGR.

Efeito-Machado
De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, dirigentes do PT e do Instituto Lula não acreditam na hipótese da presidente afastada, Dilma Rousseff, reassumir o cargo como consequência das acusações de Machado contra líderes do PMDB – entre eles, o presidente interino, Michel Temer. A delação de Machado, na avaliação deles, não reverterá a tendência dos senadores de aprovação do impeachment no Congresso. Uma nova etapa da Operação Lava Jato a partir da delação de Machado pode inviabilizar a permanência de Temer na Presidência, mas não deve levar Dilma de volta ao cargo.  

14% do PIB na Lava Jato
As empresas “oficialmente” envolvidas nas operações Lava Jato e Zelotes equivalem a cerca de 14% do PIB brasileiro. Segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, as 32 companhias com ações abertas na Justiça Federal ou com inquéritos públicos nas duas operações da Polícia Federal têm uma receita combinada de aproximadamente R$ 760 bilhões, o que, segundo analistas, dá uma ideia dos efeitos que as investigações sobre corrupção podem ter na economia brasileira.

“Não é um número desprezível. Se considerado o impacto indireto sobre a cadeia do petróleo e construção pesada do País, o estrago é chocante, de proporções incomensuráveis”, diz o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados. “A questão que fica é: quais serão os impactos para o País, olhando daqui pra frente?”

Os efeitos da Lava Jato sobre as empresas foram devastadores. Muitas companhias, sobretudo fornecedoras da Petrobras, quebraram e outras entraram em recuperação judicial. Grandes grupos estão vendendo ativos e com dificuldade de refinanciar suas dívidas. Cerca de 1 milhão de trabalhadores foram demitidos ao longo dos últimos meses, de acordo com estimativa da Força Sindical. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) calcula cerca de 140 mil cortes somente na área da construção. Fontes do setor de óleo e gás dizem que a Petrobras eliminou mais de 170 mil vagas. A Odebrecht cortou cerca de 50 mil pessoas desde 2014.

Para Mendonça de Barros, o resultado disso tudo deve ser uma mudança na forma de se fazer negócios no Brasil, já que a corrupção reduz a eficiência produtiva. “O inverso pode ocorrer agora. O governo terá de rever as concessões e as relações com o setor privado.”

(Com Agência Estado e Agência Brasil) 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.