Nova “bomba” contra Lula baterá em Dilma e levará a governo Temer? Veja análises

As interpretações são diversas, mas muitas convergem ao indicar que Dilma deve se enfraquecer ainda mais, as chances de impeachment aumentam e a agenda propositiva do governo fica em segundo plano

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após a “bomba” da véspera com a delação não-homologada de Delcídio do Amaral, o mundo político voltou a ligar o sinal de alerta com a Operação Lava Jato tendo como alvo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

As interpretações são diversas, mas muitas convergem ao indicar que Dilma deve se enfraquecer ainda mais, as chances de impeachment aumentam e a agenda propositiva do governo fica em segundo plano.

“Os eventos desta quinta e sexta-feira tornam mandatório considerar como preponderante o cenário Governo Michel Temer”, diz a MCM Consultores. Sobre Lula, a interpretação é de que se aumenta as chances de inviabilidade da candidatura dele em 2018. O  analista político e fundador da Hold Assessoria Legislativa, Andre Cesar afirma que, para a imagem do Lula, ser levado pela PF significa o fim. No curto prazo, atenção para as manifestação, tanto pró quando contra Lula e o ex-presidente. 

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Veja as análises sobre a nova fase da Lava Jato 

Rafael Cortez, das Tendências Consultoria
Com a deflagração da nova fase da Lava Jato atingindo em cheio o ex-presidente, o analista político Rafael Cortez afirma que a agenda propositiva do governo perderá força e deve aumentar as chances sobre o impeachment.

“Lula alvo da Lava Jato enfraquece o governo e dificulta a mobilização dos defendores do impeachment, mas especialmente porque dificulta a construção da legitimidade do governo”, afirma o analista.

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O analista político aponta que a relação entre Dilma-Lula é bastante forte e é difícil que o Planalto tente afastar os dois para que a presidente sobreviva politicamente. Aliás, a estratégia de sobrevivência de Dilma foi dar poder a Lula e agora, com o ex-presidente sendo alvo, haverá maior dificuldade de aglutinar acordos e também de desvinculação. Porém, ainda é difícil dizer de que haveria uma ruptura entre a presidente e o PT, apesar de haver maior afastamento entre eles. 

O cenário base para o impeachment é de chance de 45% com viés de alta. “O processo de impeachment é uma questão iminente, não existe base política sólida”. Cortez ressalta que, agora, o jogo político do impeachment se inverteu: se havia uma tendência do governo resolver no curto prazo, parece que agora que a estratégia não vai se sustentar. Ao mesmo tempo, deve ficar no radar as manifestações, tanto pró contra o governo e o ex-presidente Lula, que devem ganhar intensidade agora.

Claudio Couto, professor da FGV
Em entrevista à Bloomberg, o professor de Ciências Políticas da FGV-SP, afirmou que a ação da Polícia Federal acelera o processo de impeachment.

“A gente vê um afunilamento do processo quando a Polícia Federal chega diretamente à pessoa do ex- presidente Lula e o conduz coercitivamente a depor”, disse.

Couto afirmou que a ação é resposta a quem achava que mudança do ministro poderia gerar alguma mudança na atuação da PF.  “Embora não haja evidências que comprometam diretamente a presidente Dilma Rousseff, piora de clima é significativa e pode acelerar processo de impeachment. Por outro lado, ele considera remota a possibilidade de hipótese de renúncia de Dilma, pelo perfil dela. 

Soma-se a isso a eventual delação do senador Delcídio Amaral, que promete ser explosiva e isso aumenta consideravelmente instabilidade política e no governo.

Andre Cesar, analista político da Hold
Andre Cesar, analista político e fundador da Hold Assessoria Legislativa, afirmou para a Bloomberg que qualquer votação importante no Congresso pode ser esquecida: “isso vai para o segundo plano”.

“A Operação encerra a semana da tempestade perfeita para o governo Dilma. É o pior momento para o governo, um governo que era incapaz de reagir em situações menos críticas e agora ficará mais inerme”, destaca. 

Segundo o analista, para a imagem do Lula, ser levado pela PF significa o fim: “é uma imagem forte, fácil de ser usada por qualquer rival”. Assim, ele perde a viabilidade como candidato.

Nome da operação, Aletheia, ou busca da verdade, mostra que a PF já planejou essa fase como uma espécie de Gran Finalle de tudo o que foi feito até agora

 Carlos Melo, analista político da Insper
Nova fase da Lava Jato e as informações sobre a delação de Delcídio Amaral dificultam ainda mais a atuação do governo e as votações no Congresso, disse Carlos Melo, cientista político e professor do Insper, a Bloomberg.

“Fatos criam elementos para se questionar Lula, Dilma e o PT, o que alimenta as discussões sobre impeachment. Porém, destaca, é difícil dizer que operação da Polícia Federal inviabiliza candidatura de Lula em 2018”.

Segundo ele, é preciso aguardar para ver se haverá reações nas ruas, da militância e dos movimentos sociais. 

“Existe enorme crise de liderança, tanto no governo como na oposição, e ficamos ‘meio bestificados’ esperando um guindaste. Será preciso acompanhar se Dilma fica ainda mais isolada ou se PT poderá ter ato de ‘solidariedade’ de aproximação com o governo. As imagens sobre a operação da Lava Jato serão exploradas pela oposição e irão rodar o mundo. Será preciso observar movimentação da ala da base aliada do governo se age conforme avaliação da opinião pública, tanto no PMDB como nos outros partidos”

MCM Consultores
“Os eventos desta quinta e sexta-feira tornam mandatório considerar como preponderante o cenário Governo Michel Temer”, diz a MCM em relatório por e-mail. “Este parece o desenlace natural do esboço da delação premiada do senador Delcídio Amaral e do avanço da Lava Jato em cima de Lula e de sua família.‘‘São crescentes os rumores de que o ministro Teori Zavascki homologará a delação de Delcídio, o que dará chancela oficial às graves acusações perpetradas por ele contra as altas esferas petistas. No ambiente atual, isto deve bastar para solapar as já precárias bases de sustentação políticas do governo Dilma”. 

“E é interessante notar que, do que se viu até o momento da suposta delação de Delcídio, não há menções a caciques do PMDB e da oposição. Por enquanto, é uma delação seletiva. Cerco a Lula tende a se acentuar”.

Com o governo Dilma e Lula nas cordas, aumentará incentivo para que outros envolvidos na Lava Jato despejem outras bombas contra eles, afirma a MCM.

“Nesse contexto, razões para sustentar um pedido de impeachment contra a presidente Dilma não faltarão. O que pode impedir tal desfecho? A desunião do PMDB e a possibilidade de estourar algum escândalo contra Michel Temer. A possibilidade de Temer ser atingido por alguma farpa da Lava Jato não pode ser descartada”. 

Porém, por enquanto, Temer não está na mira de tiro, já Renan Calheiros está. “Porém, os processos contra ele estão correndo lentamente no STF”.

“O terreno está preparado” para PMDB apoiar impeachment, afirma. O processo de impeachment “está sujeito a turbulências e, por certo, não se resolverá em menos de três ou quatro meses. “A hipótese Michel Temer presidente, na nossa avaliação, tornou-se bastante plausível, o suficiente para que passe a comandar a formulação de cenários prospectivos para as diversas variáveis macroeconômicas e para as condições da governabilidade política sob o comando do PMDB”. 

(Com Bloomberg) 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.