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SÃO PAULO – A resolução da crise econômica depende de uma superação dos impasses políticos; sem o controle da política, dificilmente será possível ter controle sobre a economia. Essa é a avaliação do economista, ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal Delfim Netto. Em entrevista ao jornal O Globo, o professor voltou a defender medidas que considera importantes para a recuperação brasileira, como é o caso da reforma da previdência.
Veja também: a entrevista que Delfim Netto concedeu ao InfoMoney para o especial “Cenários 2016”
“Há uma dúvida sobre a capacidade de o governo administrar o país. Você não pode ter um presidencialismo sem Presidência. Com a decisão do Supremo Tribunal Federal, o impeachment está fora do radar. Portanto, teremos que usar a Dilma”, analisou o especialista. Dificulta a recuperação de credibilidade e base de apoio da presidente o chamado “estelionato eleitoral”, que, na avaliação do entrevistado, não restam dúvidas que aconteceu.
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Durante a conversa com o jornal, Delfim disse que é um consenso que o sistema de aposentadoria “viola as regras da aritmética”. Para ele, parte da solução depende do enfrentamento da questão previdenciária, das vinculações obrigatórias no Orçamento, das indexações ao salário mínimo e da falta de previsibilidade a quem tenta investir no setor produtivo do país. “Nenhum empresário sabe qual o seu passivo trabalhista. Porque a Justiça do Trabalho parte da hipótese de que todo trabalhador é hipossuficiente e todo empresário é ladrão”, afirmou.
Como consequência dessas medidas que o professor avalia como necessária, haveria forte reação por parte da base política da presidente Dilma Rousseff. O PT já tem marcado posição contrária a mecanismos que se oponham aos interesses de trabalhadores e movimentos sociais, mas o ex-ministro provoca: “O PT não sabe regra de três. Se for necessário, (Dilma deve) dizer: ‘Nós vamos ensinar regra de três ao PT'”. Na visão dele, isso não seria se opor ao partido, mas se posicionar de maneira favorável ao futuro do país. “Se o PT for contra, ele está contra o Brasil. Ou faz isso, ou morre”.
Delfim Netto foi um dos entrevistados pelo InfoMoney para o especial “Cenários 2016”, em dezembro do ano passado. Na conversa, ele defendeu a necessidade de Dilma reassumir o protagonismo e aglutinar novamente sua base partidária, com o risco de o país viver um quadro de continuidade da crise até as próximas eleições presidenciais, quando uma nova onda de otimismo poderia trazer de volta a confiança. O ex-ministro aconselha a presidente a enviar ao Congresso as medidas necessárias para a recuperação da economia, embora impopulares, e vá à rua defender seus projetos. “No momento em que alcançarmos crescimento de 1%, muda tudo. Porque Economia é expectativa, depende muito do estado de espírito. Só cresce quem acha que pode crescer e vai crescer”, disse na ocasião.
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