“Nós fomos levados para uma arapuca”; veja reações de senadores ao cerco na Venezuela

O senador Ricardo Ferraço disse que vai apresentar requerimentos de convocação do ministro de Relações Exteriores e do embaixador do Brasil na Venezuela para prestar esclarecimentos sobre a falta de apoio da diplomacia brasileira à visita dos senadores à Venezuela

Equipe InfoMoney

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“Nós fomos levados para uma arapuca previamente armada”. Essa foi a síntese feita pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), sobre a missão “humanitária e democrática” de oito senadores brasileiros à Venezuela. Ao relatar o episódio em Plenário, nesta sexta-feira (19), Aloysio cobrou a responsabilidade do governo brasileiro pela situação de risco físico enfrentada pela comitiva, que se deslocou a Caracas, nesta quinta-feira (18), para visitar lideranças políticas presas por oposição ao governo Nicolás Maduro.

— A delegação brasileira ficou totalmente desprotegida sem a presença de alguém da embaixada, evidentemente orientada pela própria presidente da República (Dilma Rousseff), que tem simpatia ideológica, de cumplicidade, com o regime ditatorial da Venezuela — criticou Aloysio.

Integrante da comitiva, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) disse que vai apresentar, na próxima quinta-feira (25), requerimentos de convocação do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do embaixador do Brasil na Venezuela, Rui Pereira, para prestar esclarecimentos sobre a falta de apoio da diplomacia brasileira à visita dos senadores à Venezuela.

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Segundo Aloysio, a delegação do Senado começou a enfrentar problemas ainda no desembarque em Caracas. Depois da demora para serem liberados da aeronave, os senadores se depararam com um congestionamento “monstruoso” no deslocamento entre o aeroporto e a prisão onde o líder oposicionista Leopoldo Lopez está preso há mais de um ano. A ameaça de risco físico surgiu – acrescentou – quando manifestantes começaram a agredi-los verbalmente e a golpear o veículo que os transportava.

Indignação

Vários senadores manifestaram indignação em Plenário pelo abandono imposto à comitiva brasileira na Venezuela. Membro da delegação, o senador José Medeiros (PPS-MT) refutou a alegação de falta de apoio diplomático pelo fato de não se tratar de uma missão oficial.

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— Se não era oficial, o que um avião da FAB (que transportou os senadores) estava fazendo por lá? — indagou Medeiros.

Críticas de aliados à postura do governo brasileiro frente ao episódio, como as feitas pelos senadores Ivo Cassol (PP-RO) e Sérgio Petecão (PSD-AC) – este, também integrante da comitiva – levaram o presidente da CRE a saudar “o amplo movimento político” que respaldou a atitude do Senado na busca pela preservação da democracia, da liberdade de expressão e dos direitos humanos naquele país.

Farsa e truculência

Se governistas reagiram ao episódio, a intensidade foi ampliada do lado dos oposicionistas.

— A responsabilidade pela exposição da delegação brasileira é sim, também, do governo brasileiro. Nossa missão continua aqui e é fundamental que se inicie a discussão se a Venezuela tem condição adequada de continuar no Mercosul (suposta violação de cláusula democrática imposta a Estados integrantes do bloco) —sustentou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), também membro da delegação.

Por sua vez, o senador José Agripino (DEM-RN) justificou o interesse do Senado brasileiro em defender essa “causa democrática regional” para afastar o risco de o Brasil, no futuro, viver a crise enfrentada atualmente pela Venezuela. Ele também integrou a comitiva a Caracas.

— Fomos instrumentos de uma farsa. Isso tudo tem que ser esclarecido — cobrou Agripino.

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) – outro membro da delegação – comparou o posicionamento da presidente Dilma no episódio dos senadores na Venezuela com a postura adotada no caso da prisão de um brasileiro na Indonésia por tráfico internacional de drogas.

— Em vez de nos oferecer ajuda, o governo brasileiro preferiu a cumplicidade com o governo bolivariano e nos virou as costas – comentou Cássio, realçando, no caso da Indonésia, a gestão pessoal de Dilma pela libertação do brasileiro condenado à morte.

Se a missão dos senadores não alcançou o objetivo previsto inicialmente, pelo menos serviu para cobrar um posicionamento mais firme do governo brasileiro em relação à situação da Venezuela, avaliou o senador Blairo Maggi (PR-MT).

Já o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) observou que coube à Anistia Internacional – e não ao Senado brasileiro – divulgar ao mundo um relato da “truculência” do governo Nicolás Maduro. Além de um saldo de 43 mortos, o levantamento aponta mais de 800 feridos e três mil presos e torturados nos embates com oposicionistas.

— Os próprios juízes não podem dar decisão contrária ao governo porque são perseguidos e transferidos — acrescentou Caiado, que também participou da visita oficial a Caracas.

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