Nos EUA, Mauro Vieira ainda não tem resposta sobre reunião com Trump, diz emissora

Governo brasileiro tenta abrir canal de negociação, mas reforça que soberania não será negociada

Marina Verenicz

Chanceler brasileiro, Mauro Vieira
28/04/2025
Mauro Pimentel/Pool via REUTERS
Chanceler brasileiro, Mauro Vieira 28/04/2025 Mauro Pimentel/Pool via REUTERS

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A menos de uma semana da entrada em vigor das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas pelo presidente Donald Trump, o governo dos Estados Unidos ainda não respondeu ao pedido do chanceler Mauro Vieira para uma reunião bilateral.

O ministro das Relações Exteriores está em Nova York para um encontro da ONU e busca viabilizar um canal diplomático direto com Washington antes da implementação da medida, marcada para 1º de agosto.

Segundo a CNN Brasil, até o momento não houve sinalização oficial do governo norte-americano para um encontro. A ausência de resposta preocupa integrantes do Itamaraty, que consideram o diálogo diplomático fundamental diante da escalada da tensão comercial entre os países.

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“Soberania é inegociável”

Apesar da disposição para negociar, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem reiterado que não aceitará qualquer tipo de interferência política nas tratativas comerciais.

“O Brasil continua e seguirá aberto para negociar com os Estados Unidos, mas a soberania nacional e o Estado democrático de Direito são inegociáveis”, afirmou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em nota divulgada no domingo (27).

A pasta, comandada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), também reforçou que o diálogo com os EUA será conduzido com base em princípios técnicos e sem “contaminação política ou ideológica”.

“Brasil e Estados Unidos mantêm uma relação econômica robusta e de alto nível há mais de 200 anos. O governo brasileiro espera preservar e fortalecer essa parceria histórica, assegurando que ela continue a refletir a profundidade e a importância de nossos laços.”

Para o governo brasileiro, a decisão norte-americana representa um ataque à soberania do país e à sua política interna, e não está amparada por critérios técnicos ou comerciais.

A resposta brasileira tem sido articulada em diferentes frentes: diplomática, institucional e jurídica, com o governo avaliando inclusive recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio), caso o diálogo político não prospere.