No apagar das luzes, 2 outsiders entram em cena e embaralham jogo eleitoral; conheça as estratégias

Com a entrada de Flávio Rocha e Joaquim Barbosa na corrida presidencial, lista de pré-candidatos está praticamente fechada

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A poucos dias do fim do prazo para filiação partidária a quem deseja disputar as eleições de outubro, dois nomes ganham destaque na corrida presidencial. Após muito flerte, o empresário e constituinte Flávio Rocha, dono da varejista Riachuelo, decidiu tentar novamente a sorte na política e filiou-se ao centrista PRB. Os próximos dias deverão definir ainda se Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, aceita o desafio de ingressar ao PSB para disputar o direito de ser o representante o partido na corrida ao Palácio do Planalto.

Com essas novas duas movimentações, somadas à ida do ministro Henrique Meirelles (Fazenda) ao MDB e a saída de Paulo Rabello de Castro (PSC) da presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a extensa lista dos presidenciáveis está praticamente definida. Daqui até outubro, a tendência é que alguns nomes abandonem a disputa e a corrida se afunile, ao passo que o espaço para novos entrantes diminui drasticamente. Pela legislação eleitoral, a partir de 7 de abril, não é mais permitida a entrada na disputa de políticos não filiados a qualquer partido, assim como de qualquer ocupante de cargo no executivo desde que não seja para tentar a reeleição (caso do presidente Michel Temer).

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Enquanto na esquerda a grande incógnita fica com a estratégia do PT para a eleição caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja realmente barrado pela aplicação da Lei da Ficha Limpa, na direita e centro-direita, respectivamente, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) tentam ganhar terreno antes do período de campanhas. O primeiro busca manter a dianteira nas pesquisas e acenar ao establishment para evitar futura desidratação devido à baixa estrutura partidária e os parcos recursos. Já o segundo, quer evitar a fragmentação da centro-direita e convencer o mundo político da viabilidade de sua candidatura enquanto tenta apresentar alguma melhora nas pesquisas de intenção de voto. Enquanto nada disso acontece, a disputa é intensa.

Por enquanto, a dificuldade em viabilizar candidaturas estimula novos pretendentes na disputa. É o que se observa na centro-direita. O MDB, de Michel Temer, pode lançar o presidente como postulante à reeleição ou mesmo tentar disputar com Henrique Meirelles, que deve deixar o PSD nesta semana. Além do próprio Alckmin, este campo ainda conta com as candidaturas do deputado Rodrigo Maia (DEM), do senador Álvaro Dias (Podemos) e de Paulo Rabello de Castro (PSC). Mais à direita, aparecem ainda o senador Fernando Collor (PTC), o novato João Amoêdo (Novo) e agora Flávio Rocha (PRB), que tenta o sonho com uma fórmula que combina liberalismo na economia e conservadorismo nos costumes.

A fragmentação hoje é um risco em todos os espectros políticos. Na esquerda, hoje estão postos os nomes de Ciro Gomes (PDT), Manuela D’Ávila (PCdoB), Guilherme Boulos (PSOL), além da própria expectativa de que o PT terá um nome próprio mesmo que Lula não seja candidato. Hoje, especula-se sobre o nome de Fernando Haddad, ainda alvo de muita controvérsia no PT. Na centro-esquerda, pretendem concorrer Marina Silva (Rede), bem posicionada nas pesquisas mas com grandes problemas de estrutura partidária e recursos de campanha, e Joaquim Barbosa (PSB), que caso aceite o desafio ainda enfrentará dificuldades em viabilizar sua candidatura entre os socialistas.

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É nesse contexto de grande indefinição que devem ser observados os ensaios de Flávio Rocha e Joaquim Barbosa. A seguir, listamos alguns dos principais desafios e possíveis estratégias de cada um nesta corrida. Antes, vale destacar que a janela partidária é também é o prazo dado pela lei eleitoral para que parlamentares detentores de cargos eleitos de forma proporcional mudem de legenda sem que corram o risco de perder o mandato. As expectativas são de uma semana de intensas movimentações em Brasília e nos Legislativos estaduais, com o troca-troca de partidos e a volta de parlamentares licenciados ao Congresso Nacional.

O que esperar de Flávio Rocha?

O empresário busca posicionar-se em uma combinação entre liberalismo econômico e conservadorismo nos costumes. A filiação ao PRB, partido tradicionalmente ligado à Igreja Universal, confere ativos relevantes para essas eleições em termos de estrutura e recursos, além de traduzir bem o discurso ancorado na “família” adotado.

Ainda não se sabe ao certo seu potencial de votos, mas acredita-se que inicialmente Rocha dispute votos com Jair Bolsonaro e João Amoêdo. Embora as chances de êxito hoje sejam baixas, o nome do empresário ajuda a embaralhar ainda mais a centro-direita, ampliando os riscos de fragmentação eleitoral neste espectro político.

“O mais importante neste momento a ser observado nesta candidatura é a possibilidade que se aventa na imprensa de o empresário também aceitar ser vice de alguém. O MDB é uma alternativa possível, mas uma eventual vaga na chapa de Bolsonaro poderia entregar ao candidato tudo que lhe falta: estrutura (do partido e da IURD), tempo de TV e dinheiro”, avaliou a equipe de análise política da XP Investimentos.

Uma possível chapa Bolsonaro-Rocha teria potencial eleitoral nada desprezível. Com o apoio do MBL (Movimento Brasil Livre), o empresário também pode apresentar poder de fogo relevante nas redes sociais.

O que esperar de Joaquim Barbosa?

A primeira grande incógnita de uma candidatura do ex-ministro do STF é se ele insistirá no sonho de ingressar na política por um cargo eletivo e se será capaz de viabilizar seu nome dentro do PSB, o que não é algo dado. O partido, inteligentemente, espera que o magistrado assuma um risco inicial e evita ser apenas uma espécie de legenda-hóspede de um projeto pessoal. A ideia é construir um programa eleitoral partidário, que pode ter Barbosa como o porta-voz na disputa presidencial.

A entrada do ex-ministro do STF está longe de ser unanimidade no PSB. Entre os deputados federais, há maior simpatia, ao passo que senadores e governadores oferecem maior resistência. Isso porque o lançamento de uma candidatura própria dificulta alianças regionais para eleições majoritárias.

De todo modo, caso as duas barreiras sejam superadas, a candidatura de Barbosa é vista como de grande potencial político. “Seja pelo perfil do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, seja pelo vazio absoluto de candidatos naturalmente competitivos, Barbosa apresenta candidatura bastante viável do ponto de vista político”, observou a equipe de análise política da XP Investimentos.

As expectativas são de que o relator do “mensalão” faça sombra na candidatura de Marina Silva, com a diferença de contar com uma estrutura partidária melhor, e ainda roube votos de outros candidatos na centro-esquerda e na faixa do eleitorado que deseja votar em um outsider. Neste caso, até mesmo Bolsonaro pode acabar atingido.

Da mesma forma que foi observado no caso de Rocha com Bolsonaro, não pode ser descartada a possibilidade de Barbosa levar o PSB a uma chapa na corrida presidencial. Neste caso, especula-se sobre o ex-ministro do STF compondo com Marina Silva, em uma dobradinha PSB-Rede, o que também tem potencial eleitoral relevante.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.