Nikolas contesta no TCU contratação de escritório americano que negociaria sanções

Parlamentar argumenta que "a contratação anunciada pela AGU suscita preocupação quanto ao emprego de recursos orçamentários da União para atender a interesse pessoal do ministro sancionado"

Estadão Conteúdo

(Foto: Reprodução/TV Câmara)
(Foto: Reprodução/TV Câmara)

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O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), nesta quarta-feira, 27, enviou recurso ao Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo para que o órgão analise a contratação, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), de um escritório de advocacia dos Estados Unidos para reverter as sanções impostas pelo governo de Donald Trump, dentre elas, as tarifas de 50% aos produtos brasileiros e a punição de autoridades nacionais via Lei Magnitsky, que já foram aplicadas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O parlamentar argumenta que “a contratação anunciada pela AGU suscita preocupação quanto ao emprego de recursos orçamentários da União para atender a interesse pessoal do ministro sancionado (Moraes), sob o pretexto de defesa institucional do Estado”.

De acordo com a AGU, os advogados estadunidenses atuariam “administrativa e judicialmente em defesa do Estado brasileiro”. Os profissionais deveriam defender os interesses nacionais em tribunais dos EUA e também de forma extrajudicial, fazendo lobby – o que é permitido nos EUA – junto ao governo e à administração federal.

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O deputado ainda complementa: “O ponto a ser submetido ao controle externo é claro: não se pode utilizar recursos públicos – por meio de contratação da AGU – para custear, no exterior, a defesa de agente designado por autoridade estrangeira como violador de direitos humanos, pois isso: i) se afasta do interesse público primário; ii) subverte a finalidade institucional da AGU; e iii) afronta os princípios da administração pública, conforme disposto no art. 37 da Constituição”.

Até o momento, Alexandre de Moraes é a única autoridade brasileira punida com a aplicação da Lei Magnitsky. O dispositivo impede que o ministro acesse os EUA, movimente bens no país e tenha acesso a serviços de empresas americanas, como bancos com cartões de bandeira estadunidense.

Além do magistrado, outros sete integrantes do Supremo tiveram seus vistos americanos cassados, o que também já aconteceu com outras autoridades nacionais. As retaliações contra o País e representantes do Brasil têm como objetivo paralisar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e são articuladas pelo seu filho, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA.