“Não temos competência para acabar com o Brasil”, diz Delfim

Delfim ainda afirmou que Dilma deve readquirir o espírito guerreiro e assumir o protagonismo político, ou então ir embora

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto, afirmou hoje em palestra que a presidente Dilma Rousseff perdeu seu protagonismo político e que o governo tem ganhado as votações no Congresso “por acidente”. Porém, não há porque achar que o Brasil vai acabar: “não temos competência para acabar com o Brasil”.

“Estamos em um presidencialismo de coalizão, que, já dizem, é um presidencialismo de colisão. Os 29 partidos representados no Congresso não têm fidelidade ao governo e os parlamentares não têm fidelidade aos seus partidos”, afirmou, durante evento sobre o histórico do debate econômico na imprensa brasileira promovido pelo Insper e pelo jornal Valor Econômico.

Ele ainda afirmou que o grande problema não é a situação do País. “O que é ruim e atrapalha o Brasil é a perspectiva e a desconfiança de que perdemos o controle sobre a dinâmica da dívida pública”, afirmou. “Não é tanto o nível que importa. É a dinâmica que faz a tragédia”, afirmou. “O déficit primário ainda vai piorar e terminar o ano em 2% do Produto Interno Bruto (PIB)”, estimou. 

Delfim afirmou que há “desequilíbrio estrutural implícito na Constituição que deixa perspectivas ruins. Se isso não for mudado, vamos caminhar muito mal. Mas isso só pode ser feito com o domínio da política. A solução é o governo readquirir os instrumentos políticos para fazer 4 ou 5 mudanças fundamentais para mudar a dinâmica da dívida”.

Para o ex-ministro da Fazenda, Dilma precisa retomar a governabilidade, garantindo condições favoráveis ao futuro econômico do Brasil. “Dizem que ela foi guerrilheira”, afirmou, destacando que ela deve readquirir seu espírito guerreiro, ir ao Congresso apresentar propostas ou ir embora. 

“Ela devia readquirir o espírito guerreiro, apresentar as propostas para o Congresso e ir para a rua tomar panelada, dizer para o sujeito: ‘é para salvar o teu neto’”. “Ou então vai embora, se não quiser reassumir o seu protagonismo”. 

Delfim falou ainda sobre a falta de governabilidade que a presidente enfrenta, podendo contar apenas com cerca de 120 parlamentares nas votações, apesar da base aliada possuir 324 parlamentares, dizendo que não há maior probabilidade disso acontecer. Sobre a reforma ministerial, que deu mais espaço ao PMDB, ele afirmou:  “a mudança de ministério foi o pior sinal do mundo. Uma parte esperta do PMDB impôs um ‘171’ a Dilma. Tanto é verdade que depois da reforma, o governo não ganhou nada”, afirmou.

Para ele, só há uma solução para a situação fiscal atual, que passa pela política. “Só há uma solução, em que você readquira os instrumentos políticos para fazer quatro ou cinco mudanças que são fundamentais e que vão mudar a perspectiva da dívida.”

(Com Agência Estado) 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.