Não existe jamais esse risco de eu entrar para a política, diz Sérgio Moro

Acusado pelo PT de ser algoz do partido, Moro disse que “processo é questão de prova” e acha “errado tentar medir a Justiça por essa régua ideológica” disse ele em entrevista ao Estadão

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em sua primeira entrevista a um jornal em dois anos e meio de Operação Lava Jato, o juiz da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, Sérgio Moro, responsável pelos julgamentos da Operação Lava Jato em primeira instância, falou sobre o foro privilegiado, os fatos que mais chocaram na Lava Jato e até se entraria para a política ao jornal O Estado de S. Paulo.

Acusado pelo PT de ser algoz do partido, Moro disse que “processo é questão de prova” e acha “errado tentar medir a Justiça por essa régua ideológica”. Sobre atuação político-partidária avisa que não será candidato: “Não existe jamais esse risco”.

“Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política. Acho que a política é uma atividade importante, não tem nenhum demérito, muito pelo contrário, existe muito mérito em quem atua na política, mas eu sou um juiz, eu estou em outra realidade, outro tipo de trabalho, outro perfil. Então, não existe jamais esse risco”, afirmou o juiz. 

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Ao falar sobre o foro privilegiado, Moro destacou que talvez a estrutura do STF não seja tão grande para tantos casos de políticos e que o ideal seria restringir o foro a um número menor de autoridades. “ Quem sabe, os presidentes dos três Poderes e retirar esse privilégio, essa prerrogativa, de um bom número de autoridades hoje contempladas. Acho que seria a melhor solução”.

Moro ainda afirmou que a Lava Jato não vai acabar com a corrupção no Brasil. “Não, não existe uma salvação nacional, não existe um fato ou uma pessoa que vai salvar o País. Um caso, pela escala que ele tem, como esse da Lava Jato, pode auxiliar a melhorar a qualidade da nossa democracia”.

O juiz ressaltou que a própria dimensão dos fatos foi o que mais o chocou na Operação. “Considerando os casos já julgados aqui, o que nós vimos foi um caso de corrupção sistêmica, corrupção como uma espécie de regra do jogo. O que mais me chamou a atenção talvez tenha sido uma quase naturalização da prática da corrupção. (…) Também a constatação, e aí me refiro a casos que já foram julgados, de que algumas pessoas que haviam sido condenadas na ação penal 470 (mensalão) persistiam recebendo propinas nesse outro esquema criminoso na Petrobras. Foi uma coisa bastante perturbadora”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.