Na Copa e na economia: o histórico favorece o Brasil, mas o momento é da Colômbia

Nesta sexta-feira, o Brasil irá enfrentar o seu adversário mais difícil até agora na Copa do Mundo: a Colômbia

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – Nesta sexta-feira (4), o Brasil irá enfrentar o seu adversário mais difícil até agora na Copa do Mundo: a Colômbia. Na história, uma comparação entre os dois países deixa claro que o Brasil sempre esteve à frente, tanto na economia, com um PIB de quase US$ 2,5 trilhões contra cerca de US$ 400 bilhões da Colômbia, quanto no futebol, com cinco títulos mundiais (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002) contra nenhum da vizinha sul-americana. No entanto, desta vez, a história é diferente, afinal, o momento é da Colômbia, tanto na economia, como nos gramados.

Em 1994, a criação do Plano Real trouxe ao Brasil uma estabilidade jamais imaginada anos anteriores – quando sofreu com a hiperinflação. Os oito anos de governo FHC foram o pontapé inicial para a criação do “País do futuro”, com estabilidade econômica e crescimento sustentável. O trabalho teve continuidade nos oito anos seguintes do presidente Lula e, em 2009, a grande mídia internacional passou a considerar o Brasil o país para o qual todos deveriam voltar a atenção na hora de investir.

No entanto, muita coisa mudou nos últimos anos. O excesso de intervenções em diversos setores da economia – seja no setor elétrico, nos bancos e na Petrobras – passou a ser visto com desconfiança pelos empresários e deixou os empreendedores mais apreensivos com o futuro e é apontado como responsável por impedir que os investimentos deslanchem e permitam que o Brasil volte a crescer forte sem desequilíbrios, como a inflação. O país demorou em começar a realizar concessões na área de infraestrutura, que poderiam aumentar a produtividade das empresas e, como paralelamente a isso há enormes incentivos ao consumo, o Banco Central tem sido obrigado a elevar as taxas de juros para manter os preços sob controle.

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Enquanto isso, os países latino-americanos da Aliança do Pacífico, como o Chile, o Peru, o México, o Paraguai e, principalmente, a Colômbia, têm conseguido sustentar taxas de crescimento bem mais elevadas que a brasileira, sem perder o controle sobre os preços. O que une esse grupo de países é uma política econômica aberta, ortodoxa e liberal, bastante distante do intervencionismo que foi colocado em prática na Argentina, na Venezuela e no Brasil.

O caso colombiano é emblemático. Além dos desafios econômicos, até a década passada o país vizinho também enfrentava problemas na área de segurança, com o narcotráfico, a guerrilha e a presença de tropas americanas. De acordo com Isabella Muñoz, diretora-executiva da ColCapital (Associação Colombiana de Fundos de Private Equity), em entrevista para a edição 48 da Revista InfoMoney (janeiro/fevereiro de 2014) a boa fase da Colômbia começou no governo de Álvaro Uribe, a partir de 2002. “Uribe mudou o país porque trabalhou fortemente no que mais o impedia de crescer: a violência. Ele fez um trabalho espetacular em prol da segurança nacional”, afirmou.

Já o atual presidente, Juan Manuel Santos, que foi reeleito no último dia 15 de junho, um dia após a estreia da Colômbia na Copa do Mundo, decidiu concentrar seus esforços na economia. “O que fez a Colômbia ficar atrativa para os estrangeiros, como é hoje, não foi a gestão Uribe nem a gestão Santos, mas o fato de elas terem vindo uma na sequência da outra. Uribe, advogado, acabou com a violência e arrumou a casa. Santos, economista, fez a gente crescer mais que os outros países, alcançou uma impressionante estabilidade macroeconômica e deixou todas as taxas, como inflação, juros e desemprego, em níveis muito bons”, afirmou a executiva.

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Com isso, as atitudes dos presidentes de ambos os países começaram a refletir nos indicadores econômicos deles, fazendo o Brasil começar a comer poeira da Colômbia. Em 2013, enquanto o Brasil cresceu 2,5% (dados atualizados), a Colômbia cresceu 4,7% (dados atualizados). No primeiro trimestre de 2014, nós crescemos 1,9% em comparação com o mesmo período de 2013 e apenas 0,2% em comparação com o período imediatamente anterior, enquanto nossa vizinha sul-americana cresceu inacreditáveis 6,4% e 3%, respectivamente. A taxa de juros brasileira atualmente está em 11% ao ano, acompanhada de uma inflação de 6,37% em 12 meses (dados de maio), enquanto a taxa de juros colombiana está em 3,75% ao ano, acompanhada de uma inflação de 2,93% em 12 meses (dados de maio).

Sucesso na Copa
Pois é, em termos macroeconômicos nós estamos tomando de goleada, mas, e no futebol? No futebol também. A seleção colombiana tem uma das melhores campanhas da Copa do Mundo até o momento, com quatro vitórias em quatro jogos e 11 gols feitos e apenas dois sofridos. Além disso, a seleção, mesmo sem contar com o seu melhor jogador, Falcão Garcia, cortado por lesão, tem o artilheiro da Copa, James Rodríguez (Mônaco/França), com cinco gols e uma nota de 9,74 pela FIFA, o que lhe dá o segundo lugar no ranking de melhores jogadores da Copa pela Federação. A seleção passou em primeiro lugar isolada no Grupo C e venceu com facilidade a seleção do Uruguai nas oitavas de final, por 2 a 0.

Já o Brasil vem recebendo críticas ferrenhas até o momento, por conta de seu desempenho nos jogos. A seleção ganhou dois jogos e empatou um na primeira fase, tendo que lutar pela classificação no último jogo contra a seleção do Camarões. Nas oitavas de final, contra o Chile, a seleção canarinha tomou sufoco e o jogo acabou empatado em 1 a 1, sendo assim decidido nos pênaltis. Para aumentar a emoção ainda mais, os brasileiros erraram duas das cinco cobranças, tendo que contar com a sorte e habilidade do goleiro Júlio César. A vitória por 3 a 2 nas penalidades deu alívio aos brasileiros, mas ainda mais medo em relação à próxima etapa.

Segundo a classificação da FIFA, o Brasil possui o melhor jogador da Copa do Mundo até o momento, David Luiz (Chelsea/Inglaterra, mas já negociado com o PSG/França), com nota 9,79 (0,05 a mais que James Rodríguez), e o segundo artilheiro, Neymar (Barcelona/Espanha), com quatro gols, ao lado de Müller, da Alemanha (Bayern de Munique/Alemanha), e Lionel Messi, da Argentina (Barcelona/Espanha), no entanto, a confiança dos brasileiros em relação à uma vitória contra a Colômbia em campo está tão afetada quanto a confiança dos investidores estrangeiros em relação ao Brasil. Ou seja, temos muitos motivos para nos preocupar.

Brasil

Economia
PIB 2013 atualizado: 2,50%
PIB 1T14 em comparação com o mesmo período de 2013: 1,90%
PIB 1T14 em comparação com o período anterior (4T13): 0,20%
Juros: 11% ao ano
Inflação 12 meses: 6,37% (dados de maio)

Copa
Brasil 3 X 1 Croácia
Brasil 0 X 0 México
Brasil 4 X 1 Camarões
Brasil 1 (3) X 1 (2) Chile
Melhor Jogador: David Luiz (Chelsea/Inglaterra) (negociado com PSG/França); Nota: 9,79; Ranking 1º
Artilheiro: Neymar (Barcelona/Espanha); Gols: 4; Ranking: 2º (Müller (Bayern de Munique/Alemanha), da Alemanha, e Messi (Barcelona/Espanha), da Argentina) 

Colômbia

Economia
PIB 2013 atualizado: 4,70%
PIB 1T14 em comparação com o mesmo período de 2013: 6,40%
PIB 1T14 em comparação com o período anterior (4T13): 3,00%
Juros: 3,75% ao ano
Inflação 12 meses: 2,93% (dados de maio)

Copa
Colômbia 3 X 0 Grécia
Colômbia 2 X 1 Costa do Marfim
Colômbia 4 X 1 Japão
Colômbia 2 X 0 Uruguai
Melhor Jogador: James Rodríguez (Mônaco/França); Nota: 9,74; Ranking 2º
Artilheiro: James Rodríguez (Mônaco/França); Gols: 5; Ranking: 1º

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