Mudança e crise: BlackRock avalia cenário nos EUA para investimentos após eleição

Analistas debatem diferenças entre candidatos, mas ressaltam peso do Congresso; Democratas mais bem posicionados

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SÃO PAULO – “A mudança está a caminho”. Embora este seja o mote da campanha do democrata Barack Obama na campanha presidencial norte-americana, a afirmação foi feita por seu rival, o candidato republicano e ironicamente situacionista John McCain.

Sempre arriscada aos olhos dos investidores, as novidades políticas foram alvo de relatório do BlackRock, que avaliou quais cenários e impactos podem ser causados pelas eleições no país detentor da mais importante economia do planeta.

Com o país à beira de uma recessão, crescem os clamores populares por alteração das políticas econômicas do atual governo. Serenos, os analistas Bod Doll e Peter Fisher, autores do estudo, entendem que o resultado do pleito terá pouco impacto sobre os atuais investimentos – ao menos, não tão grandes quanto a maioria pensa.

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É a economia, idiota!

A famosa frase, cunhada durante a campanha do ex-presidente Bill Clinton à Casa Branca, demonstra o quão importante se tornou a clivagem econômica para a vitória nas urnas. Nem mesmo a tão discutida política externa do governo de George W. Bush consegue suplantar os desafios criados pela maior crise no mercado imobiliário desde o famoso crash de 1929.

Embora Doll e Fisher reconheçam as diferenças existentes entre as propostas dos dois principais candidatos, são duros na avaliação do quadro futuro: “não importa quem seja eleito, a economia dos Estados Unidos passará por ao menos mais alguns trimestres de fragilidade”.

Estabilidade

“É importante lembrar que quaisquer promessas de campanha deverão ser aprovadas e financiadas pelo Congresso”, afirmam os analistas do BlackRock, concluindo que o resultado das eleições parlamentares será tão importantes quanto o presidencial. Embora o chefe do executivo disponha de grande influência, a política norte-americana é historicamente marcada pela grande força do poder legislativo.

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Mesmo que a atual maioria democrata no parlamento seja ampliada, os analistas acreditam que não será suficiente para impedir que o partido republicano influencie a agenda legislativa.

Sejam quais forem as propostas, provavelmente não haverá dinheiro suficiente para implantá-las. No entanto, algum estímulo fiscal adicional deverá ser verificado em 2009, assim como alguma legislação que limite os riscos de curto prazo para a aquisição de casas e crédito – o que pode reduzir as pressões sobre o mercado imobiliário, admitem os analistas.

Mitos eleitorais

Mais ligados à concepção liberal do Estado mínimo, espera-se pelo senso comum que os republicanos diminuam os impostos, ocorrendo o contrário com os democratas. No entanto, os analistas entendem que “o governo será forçado a tomar mais dinheiro emprestado e a aumentar os impostos simplesmente para manter-se em funcionamento”. No entanto, acreditam que a política de Obama poderá ser menos positiva aos investidores, uma vez que pretende cortar o atual favorecimento fiscal concedido a investimentos focados no longo prazo e em dividendos.

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Outra marcante diferença entre os dois candidatos, a política comercial sob o governo de McCain deverá ser marcada pela continuidade da busca por novos acordos de livre-comércio, marca dos governos Bush e Clinton. Obama, por sua vez, pretende proteger as indústrias dos Estados Unidos.

Não obstante possa favorecer esse setor da economia, os analistas acreditam que a política mais protecionista possa causar efeitos negativos sobre o crescimento da economia como um todo, além de aumentar pressões inflacionárias.

Treasuries

Sobre investimentos em renda fixa, Doll e Fisher acreditam que haverá uma maior procura por crédito por parte do Governo, ao passo em que as ofertas de títulos de dívida do setor privado devem diminuir.

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Ainda que teoricamente o movimento governamental devesse aumentar os rendimentos de Treasuries, a desaceleração do crescimento econômico deverá impedir que subam em grande escala. Ademais, nos níveis atuais, os analistas acreditam que se encontram sobrevalorizados.

Sem fugir da indagação sobre quem sairá vencedor do pleito deste ano, os dois analistas concordam que o partido Democrata encontra-se melhor posicionado para ganhar espaço, em função do grande desejo por mudanças e da impopularidade do atual presidente.

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