Moro refuta críticas de que “agora é político” e relembra episódio em aeroporto com Bolsonaro

Em entrevista coletiva, o futuro ministro da Justiça listou ainda algumas propostas à frente do ministério

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O juiz Sérgio Moro, futuro ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PSL), concedeu nesta tarde coletiva de imprensa no auditório da Justiça Federal do Paraná em Curitiba, a primeira desde que aceitou o convite do presidente eleito de integrar o governo. 

O juiz federal afirmou ter decidido fazer uma entrevista coletiva para atender às demandas da imprensa após ter anunciado a sua ida ao governo de Bolsonaro.

Moro fez um histórico sobre a Operação Lava Jato e diz que aceitou o convite de Bolsonaro para buscar implantar no “governo federal uma forte agenda anticorrupção” e contra o crime organizado.

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Ele ainda afirmou que não faltaram momentos de tensão durante a Operação, seja pontualmente, seja com decisões revertidas. Assim, Moro sinalizou que o que pretende não é um projeto de poder, mas sim em fazer algo em um “nível mais elevado”, para afastar a sombra de possíveis retrocessos na Justiça.

Moro ainda lembrou o episódio cujo vídeo acabou viralizando na internet, quando teria ignorado Bolsonaro em 2017 num aeroporto. Moro afirmou que não tinha a intenção de ser mau educado, mas não tinha identificado o deputado federal e depois até ligou para Bolsonaro para pedir escusas.

Já em 2018, o juiz afirmou ainda ter sido procurado em outubro, antes do segundo turno, pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, para uma sondagem sobre uma participação no governo, mas apontou que só falaria sobre o assunto depois das eleições. E apenas em 1 de novembro se encontrou com Bolsonaro, ou seja, depois que ele foi eleito presidente.

Moro ainda falou sobre algumas críticas que recebeu depois de ter aceitado o ministério de que as suas decisões na Lava Jato, principalmente a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teria motivação política. O futuro ministro afirmou que a condenação do ex-presidente à prisão não teve nenhuma relação com a eleição.

“O que existe um crime que foi descoberto, investigado e provado e as cortes apenas cumpriram a lei. Não posso pautar minha vida num álibi falso de perseguição política”, afirmou. Ele ainda disse que líderes de vários espectros políticos, incluindo o adversário político do PT, Eduardo Cunha, foram presos no âmbito da Operação. 

Ele ainda destacou que não há contradição da sua entrada no governo Bolsonaro com a sua fala durante entrevista em 2016 ao Estadão de que “jamais entraria para a política”. “Vou atuar num cargo técnico, não pretendo me candidatar a nada”, apontou Moro. 

Sobre o que deve propor no ministério, Moro disse que apresentará uma série de propostas de combate ao crime organizado. A ideia, diz, é resgatar parte das “dez medidas contra a corrupção”, proposta encabeçada pelo Ministério Público Federal. Ele ainda destacou medidas como alteração nas regras de prescrição, clareamento da execução em segunda instância, proibição de progressão de pena quando houver prova de ligação com organizações criminosas e a proteção de denunciantes anônimos.

Ao ser perguntado sobre quem fará parte de sua equipe, Moro disse que não divulgará nomes ainda, mas destacou que alguns dos integrantes podem ser da Lava Jato. “Alguns nomes estão em mente e serão sondados, mas ainda não sei se divulgaremos de uma vez ou paulatinamente”, afirmou.

O futuro ministro ainda desconversou sobre um possível interesse em uma vaga de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), cuja próxima vaga será aberta em 2020, com a aposentadoria do ministro Celso de Mello. “Não existe uma vaga no momento. Não acho apropriado [discutir agora]. Quando no futuro existir vagas, isso tem que ser discutido nesse novo contexto”, afirmou Moro.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.