“Moro não pode continuar se comportando como um czar”, diz Lula

Em entrevista à rádio Capital, de São Paulo, ex-presidente diz que irá provar sua inocência e que é vítima de uma perseguição política

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Uma semana após ser condenado a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a insistir que irá provar sua inocência e que é vítima de uma perseguição política, em um processo marcado por mentiras de membros do Ministério Público e da Polícia Federal.

Em entrevista à rádio Capital, de São Paulo, realizada na manhã desta terça-feira (18), o líder petista comparou o magistrado a um imperador russo, agindo de acordo com seus próprios caprichos, sem considerar provas. “O juiz Moro não pode continuar se comportando como um czar. Ele faz o que quer, quando quer, sem respeitar o direito democrático, sem respeitar a Constituição. E não deixa a defesa falar”, criticou o petista.

“Eu não morrerei tranquilo se não provar à minha bisneta, que tem quatro meses, e a todos da família e ao povo brasileiro que há uma verdadeira perseguição”, disse. “Não vou, depois de 70 e poucos anos de vida, permitir que meia dúzia de jovens mal-intencionados venham tentar jogar a minha imagem na lama”.

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Para Lula, o juiz “não levou em conta nenhuma prova, a não ser a rasura de um documento que pode até ter sido a Polícia Federal ou alguém que fez”. “Eu me sinto indignado. A única prova existente no processo é a prova que eu apresentei da minha inocência e eu tinha certeza que era um processo político. Isso está ligado ao fato de não quererem que o Lula possa voltar a ser candidato à presidência da República. Estou convencido disso e vou continuar brigando”, afirmou o ex-presidente, que qualificou esse processo como “uma grande farsa”.

O ex-presidente argumenta que sua condenação ocorre como uma espécie de continuidade do processo de impeachment que tirou Dilma Rousseff do cargo que ocupou como sua sucessora. “Eles deram um golpe. Se eu voltar, o golpe não fecha. É por isso que vou brigar”, disse.

Na entrevista, Lula disse que Dilma errou ao conceder as desonerações na folha de pagamento para setores da indústria, mas elogiou os resultados de sua gestão antes da reeleição. “Seria importante voltarmos a dezembro de 2014, quando o Brasil teve o menor índice de desemprego de sua história. Dilma terminou o primeiro mandato dela numa situação invejável”, afirmou. Na segunda gestão, o petista lembra dos esforços contrários ao governo do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável pela condução do processo de impeachment. “O que está provado é que o problema do Brasil não era a Dilma”, defendeu.

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O ex-presidente ainda disse que Michel Temer “não mais tem condições de governar o Brasil” e defendeu eleições diretas imediatamente. “Esse país não pode ficar meses esperando uma eleição”, afirmou Lula. “Vamos transferir a responsabilidade para o povo outra vez. Não tem milagre”.

Assista a íntegra da entrevista publicada na página oficial do ex-presidente no Facebook:

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.