Moro em ministério da Justiça de Bolsonaro pode estender lua de mel do futuro governo

Nomeação de juiz da Lava Jato para "superministério" coloca Bolsonaro mais próximo de agenda de combate à corrupção e pode dar força política à nova gestão

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A confirmação do juiz federal Sérgio Moro como novo integrante do futuro governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) tem impactos políticos relevantes esperados. Em um primeiro aspecto, a boa imagem que o magistrado tem junto à opinião pública e sua associação com uma das mais caras bandeiras atuais do país, a do combate à corrupção, pode dar ainda mais força à gestão do militar reformado entre o eleitorado, assim como o próprio mundo político na nova configuração do Congresso.

No mercado, a mensagem também pode ser positiva, já que a popularidade de Moro pode também facilitar na gestão da governabilidade e no relacionamento com outros setores ainda resistentes a aderir à gestão Bolsonaro. A avaliação é que a tradicional lua de mel que marca os primeiros meses de novos governos poderia ser prolongada com a população, o que traria reflexos em termos de força em aprovar medidas no parlamento.

“Dado o perfil do novo governo, isto deve tranquilizar o ambiente negócios para o investimento interno e externo sob uma espécie de compliance estatal, na prática até mesmo reduzindo o custo político das obras públicas”, observou o analista político Leopoldo Vieira, da Idealpolitik. Para ele, a ida de Moro para o governo deverá fazer com que o mundo político pense duas vezes antes de achacar a futura gestão dentro dos padrões mantidos até aqui.

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Ontem, a colunista Sônia Racy, do jornal O Estado de S.Paulo, já informava que o juiz responsável pelos casos da operação Lava Jato em Curitiba assumiria uma espécie de “superministério”. O novo desenho da pasta da Justiça contaria com a reintegração da área de Segurança Pública, além da Secretaria da Transparência e Combate à Corrupção, da CGU (Controladoria-Geral da União) e do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). Moro vai divulgar ainda nesta quinta-feira (1) uma nota detalhando os termos da proposta que aceitou.

“A aceitação do convite reforça muito a imagem do governo Bolsonaro de combate à corrupção. E deve ser uma escolha muito bem-vinda pela opinião pública. A grande incógnita é como fica a questão da Lava Jato, porque ela está muito centrada na figura do juiz federal”, pontuou Carlos Eduardo Borenstein, da consultoria Arko Advice. Ainda assim, do ponto de vista da operação em Curitiba, já não restam muitos casos e os trabalhos deverão seguir curso mais no TRF-4 e nos tribunais superiores.

“Por outro lado, o ingresso de Moro no governo ensejaria, principalmente por parte de setores da esquerda, o discurso de politização da Lava Jato, porque se trata do governo de alguém crítico ao partido. Mas, como sua indicação terá um respaldo popular, acho que, em termos de governabilidade, pelo menos a curto prazo, não deve ter grande impacto [negativo], porque esses velhos caciques, em sua grande maioria, saíram derrotados das urnas”, complementou o especialista.

Já Vieira acredita que um dos possíveis efeitos colaterais da ida de Moro ao governo Bolsonaro seria o fortalecimento de Ciro Gomes (PDT) como liderança na oposição, caso eleitores do futuro presidente vejam como um erro do juiz a aceitação do cargo. Seria uma indicação de que o antipetismo pode ser mais forte que o próprio bolsonarismo.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.