Moro e advogado de Lula discutem em depoimento de Pedro Corrêa: “A defesa está querendo humilhar a testemunha?”

A confusão começou quando o advogado do ex-presidente perguntou à testemunha se confirmava uma afirmação feita em outro depoimento

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O advogado Cristiano Zanin Martins, que atua na defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o juiz federal Sérgio Moro discutiram durante audiência realizada na manhã desta segunda-feira (5) para ouvir o ex-deputado do PP Pedro Corrêa. A sessão se deu no âmbito de processo que o petista responde fruto da operação Lava Jato.

A confusão começou quando o advogado do ex-presidente perguntou à testemunha se confirmava uma afirmação feita em outro depoimento. O juiz interrompeu dizendo que o ex-deputado já havia respondido a questão. “O senhor vai negar que a testemunha responda a essa questão?”, indagou Zanin, alegando que o questionamento era relevante à defesa.

Moro, por sua vez, respondeu que a defesa estava confundindo a testemunha. O advogado de Lula continuou: “Vossa Excelência que parece que está respondendo no lugar da testemunha”. O juiz chegou a questionar se Martins estava querendo humilhar a testemunha, após o advogado de Lula perguntar a Corrêa se ele já havia sido condenado pelo juízo após cassação do mandato parlamentar. “Está indeferido, doutor. A defesa está querendo o quê? Humilhar a testemunha? Vossa Excelência está querendo humilhar a testemunha, é inapropriado. Esses são fatos notórios, que nós colocamos já no começo”, criticou Moro.

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O juiz, então, questionou se o advogado teria mais perguntas “sobre fatos” à testemunha. Zanin respondeu: “Eu fiz as perguntas. Se as perguntas infelizmente incomodam, eu lamento”. Sem mais perguntas do advogado do ex-presidente, a sessão se encerrou.

Durante a audiência realizada nesta manhã, o ex-deputado disse que estranhou o fato de Lula ter dito, em audiência, que não tinha feito nenhuma reunião com ele. A testemunha mostrou fotos de um dos encontros em que, dentre outros políticos, estava presente o ex-presidente. “Eu não era um desconhecido do ex-presidente Lula, como ele afirmou que não tinha nenhuma relação comigo. Eu vivia no Palácio do Governo e no Palácio do Planalto, porque eu era presidente do partido, e, consequentemente, participava pelo menos duas vezes por mês das reuniões do conselho político”, disse Corrêa.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.