Moro diz que vazamentos não afetam Lava-Jato e desafia publicação de mais conversas

Em entrevista ao Estadão, ministro reforçou ainda que conversas eram normais tanto com procuradores quanto com advogados

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em sua primeira entrevista após o vazamento das conversas com procuradores, o ministro da Justiça Sergio Moro disse estar tranquilo, negou mais uma vez ter visto qualquer irregularidade no conteúdo divulgado e ainda desafiou a divulgação completa do material em que está envolvido.

“Fui vítima de um ataque criminoso de hackers. Clonaram meu telefone, tentaram obter dados do meu aparelho celular, de aplicativos. Até onde tenho conhecimento, não foram obtidos dados”, disse o ex-juiz em entrevista ao Estadão.

Moro ressaltou também que estas conversas não ocorriam apenas com procuradores, mas também com advogados. “Isso do juiz receber procuradores, delegados, conversar com delegado, juiz receber advogados, receber demanda de advogados, acontece o tempo todo”, explica ele, destacando que dava sugestões para ambas as partes.

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Apesar das conversas, o ministro diz que isso não afeta a Operação Lava-Jato já que, após tomadas as decisões, “tudo era formalizado, colocado nos autos”.

Assim como fez em seus pronunciamentos nesta semana, ele negou qualquer conluio para a tomada de decisões. “Tanto assim, que muitas diligências requeridas pelo Ministério Público foram indeferidas, várias prisões preventivas. O pessoal tem aquela impressão de que o juiz Moro era muito rigoroso, mas muitas prisões preventivas foram indeferidas, várias absolvições foram proferidas. Não existe conluio”, disse ao Estadão.

Questionado se o caso do triplex, que condenou o ex-presidente Lula a 12 anos e 6 meses de prisão, está sob risco por conta das conversas, Moro falou que, “tirando o sensacionalismo” que estão fazendo, não existe problemas no que foi divulgado.

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“Eu fico numa situação delicada porque eu não posso reconhecer a autenticidade dessas mensagens, porque é assim, em vez de eles apresentarem tudo, e que a gente possa verificar a integridade desse material, eles estão com essa ideia de apresentar paulatinamente”, disse, criticando a postura do site The Intercept em não apresentar tudo que recebeu e também não ter procurado “autoridades independentes” para verificar os dados.

Por mais de uma vez, o ministro evitou comentar diretamente o conteúdo das conversas, dizendo que não tem como confirmar a veracidade do que está no material, já que ocorreu há muito tempo, ressaltando a possibilidade de algumas falas terem sido alteradas para mudar o entendimento do todo.

O ministro completou dizendo que em nenhum momento pensou em deixar o cargo e que recebeu apoio do presidente Jair Bolsonaro. Ele também disse não pensar se isso pode atrapalhar uma futura indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF), já que nem existem vagas abertas no momento.

“Os meus diálogos e as minhas conversas com os procuradores, com advogados, com policiais, sempre caminharam no âmbito da licitude. Não tem nada ali, fora sensacionalismo barato”, termina Moro.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.