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O ministro Alexandre de Moraes aproveitou um aparte durante o voto da ministra Cármen Lúcia, nesta quinta-feira (11), para rebater pontos centrais da argumentação de Luiz Fux, que na véspera absolveu os réus do crime de organização criminosa no julgamento da chamada trama golpista.
Segundo Moraes, Jair Bolsonaro atuou como “líder” e “ponta de lança” de uma organização criminosa que visava perpetuar-se no poder. “Foi ponta de lança de um discurso populista contra as instituições democráticas, que caracteriza ditaduras. Não há como negar o nexo causal desde julho de 2021 até janeiro de 2023”, afirmou.

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O relator também confrontou diretamente a tese de Fux de que o grupo não teria cometido “crimes determinados”. Para Moraes, o objetivo era claro: a tomada do poder. “Se, para isso, precisasse matar um ministro do STF, envenenar um presidente da República, praticar peculato, usar estruturas do Estado, são crimes determinados”, disse.
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Moraes exibiu ainda vídeos de discursos inflamados de Bolsonaro contra o Supremo. Em um deles, na Avenida Paulista em 2021, o então presidente chama Moraes de “canalha” e exige seu afastamento. Em outro, no 7 de Setembro de 2022, Bolsonaro volta a ameaçar o ministro.
“Eu pergunto: algum de nós aqui permitiria que um prefeito inflamasse o povo contra o juiz da comarca e consideraria isso liberdade de expressão? Qual recado queremos deixar para o Poder Judiciário?”, questionou Moraes.
Para o ministro, não se tratam de atos isolados, mas de uma engrenagem: acampamentos, bloqueios e os ataques de 8 de Janeiro. “Esses atos tiveram um líder. Essa organização criminosa queria calar o Judiciário e perpetuar-se no poder”, concluiu.