Moraes reage à Espanha por Eustáquio e suspende extradição de acusado de tráfico

Ministro Alexandre de Moraes exige explicações do embaixador espanhol e suspende extradição de cidadão búlgaro em resposta à recusa de Madri

Paulo Barros

Publicidade

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu na terça-feira (15) a extradição do cidadão búlgaro Vasil Georgiev Vasilev, preso no Brasil a pedido da Espanha. A medida ocorre após o governo espanhol se recusar a extraditar o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, solicitado pelo Brasil.

Segundo Moraes, a decisão da Espanha violou o princípio da reciprocidade previsto na legislação brasileira e no tratado de extradição firmado entre os dois países em 1990. Diante disso, o ministro determinou que o embaixador espanhol no Brasil preste esclarecimentos em até cinco dias, comprovando o cumprimento do acordo.

“Em matéria extradicional, é pacífico o entendimento do Supremo Tribunal Federal no sentido da exigibilidade da reciprocidade pelo país requerente”, afirmou Moraes na decisão.

O influenciador Oswaldo Eustáquio é investigado pelo STF por incentivar atos antidemocráticos e teve sua prisão preventiva decretada no fim de 2023. Ele está na Espanha desde o mesmo ano. O governo brasileiro o acusa de promover manifestações golpistas e de perseguir policiais envolvidos nas investigações.

Leia também:

A Justiça espanhola negou o pedido de extradição sob o argumento de que a investigação contra Eustáquio teria “motivação política”. Também considerou que os atos atribuídos ao influenciador não configurariam crime na Espanha, por estarem protegidos pela liberdade de expressão.

Continua depois da publicidade

Em resposta, Moraes interrompeu a extradição de Vasilev, preso em fevereiro em Mato Grosso do Sul e acusado na Espanha por tráfico de drogas. O crime teria ocorrido em 2022, quando ele transportava uma mala com 52 quilos de cocaína em Barcelona. Com a suspensão, o acusado passará a cumprir prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.

A decisão ainda pode ser contestada judicialmente.

(com Folha de S.Paulo e Agência Brasil)

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas