Publicidade
O ministro Alexandre de Moraes, relator do julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), classificou como “esdrúxula” e “vergonhosa” a nota assinada pelo então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, em novembro de 2022, sobre a segurança das urnas eletrônicas. Para Moraes, o texto só não seria apenas vergonhoso porque também configuraria crime.
Segundo o relator, a nota teria sido redigida por ordem direta de Jair Bolsonaro (PL) para manter viva a tese de fraude eleitoral, mesmo após auditoria conduzida pelas Forças Armadas, a convite do TSE, não ter identificado falhas relevantes no sistema de votação.
“Foi uma das mais esdrúxulas e vergonhosas notas que um ministro da Defesa poderia ter emitido. Seria uma conduta só vergonhosa se não fosse criminosa”, afirmou Moraes.
Continua depois da publicidade

Líder da oposição diz que Bolsonaro e réus da trama golpista “já estão condenados”
Zucco (PL-RS) acompanhou julgamento no STF e criticou clima de prévia definição do resultado

AO VIVO: “Não há dúvida de que houve tentativa de golpe”, diz Moraes em voto
1º Turma do STF inicia nesta terça-feira a apresentação dos votos em julgamento da suposta trama golpista
A cronologia da trama
Paulo Sérgio, que coordenou a força-tarefa militar para auditar o processo eleitoral em 2022, é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de atrasar a divulgação dos resultados da perícia para criar ambiente de incerteza.
No mesmo período, o Ministério da Defesa divulgou nota admitindo a segurança das urnas, mas sugerindo a existência de supostos “riscos” que nunca foram comprovados.
Moraes vinculou o episódio a outros atos executórios que, segundo a PGR, caracterizam a tentativa de golpe. Entre eles está a ação protocolada pelo PL no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a anulação dos votos de 48% das urnas.
A iniciativa, assinada pelo presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, acabou rejeitada pelo plenário do TSE, na época presidido pelo próprio Moraes, e foi incluída na cronologia da denúncia como parte da estratégia golpista.
O julgamento em andamento
A Primeira Turma do STF, presidida pelo ministro Cristiano Zanin, retomou na terça-feira (9) a análise da denúncia contra o chamado “núcleo crucial” da suposta trama golpista, apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como responsável por articular medidas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após a eleição de 2022.
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, rejeitou todas as preliminares arguidas pelas defesas e agora apresenta seu voto com relação ao mérito. O julgamento terá sessões extraordinárias até 12 de setembro.
Continua depois da publicidade
Quem são os réus
Além de Bolsonaro, respondem na ação:
• Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Abin;
• Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
• Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF;
• Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
• Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
• Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
• Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, candidato a vice-presidente em 2022.
Os oito réus são acusados de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. No caso de Ramagem, parte das acusações foi suspensa por decisão da Câmara dos Deputados.