Moraes chama ofensiva de bolsonaristas nos EUA de “traição à pátria”

Ministro do STF afirma que ações coordenadas no exterior tentam coagir a Corte e afetar a economia brasileira

Marina Verenicz

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou nesta sexta-feira (1º) como “covarde, traiçoeira e criminosa” a ofensiva internacional promovida por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o Judiciário brasileiro.

Em discurso na reabertura dos trabalhos do STF, Moraes afirmou que os ataques configuram “uma verdadeira traição à pátria” e buscam submeter a Corte à pressão de um Estado estrangeiro.

“Estamos verificando condutas dolosas e conscientes de uma organização criminosa que, de maneira jamais vista no país, tenta submeter o funcionamento do Supremo ao crivo de um Estado estrangeiro”, afirmou Moraes, em referência à articulação internacional de bolsonaristas para pressionar por anistia aos acusados da tentativa de golpe de 8 de janeiro e, agora, pela imposição de tarifas à economia brasileira.

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O ministro citou as tarifas de 50% impostas pelo governo Donald Trump sobre produtos brasileiros como exemplo concreto da atuação de bolsonaristas para prejudicar o país em nome de interesses políticos pessoais.

Segundo ele, há fartas provas nas investigações conduzidas pelo STF e pela Polícia Federal que demonstram a tentativa de obstruir a Justiça brasileira por meio de “negociações espúrias e traiçoeiras com autoridades estrangeiras”.

“São condutas ilícitas e imorais, impregnadas com o sabor amargo da traição ao povo brasileiro”, disse Moraes. “Assumem a autoria da intermediação com o governo estrangeiro para imposição de medidas econômicas contra o próprio país. Isso não é patriotismo. É sabotagem.”

Golpismo por outros meios

Na avaliação do relator das ações penais sobre o 8 de janeiro, o padrão se repete: antes os acampamentos e as invasões aos prédios dos Três Poderes, agora a tentativa de desestabilizar a economia e as instituições com ajuda externa.

“O modus operandi golpista é o mesmo. A tentativa agora é de criar uma crise econômica e social para viabilizar nova ruptura institucional”, afirmou o ministro.

Moraes também acusou o grupo bolsonarista de recorrer à chantagem e intimidação direta contra ministros da Corte, com ameaças às suas famílias. Disse ainda que houve pressão explícita sobre os presidentes da Câmara e do Senado para a abertura de impeachment de ministros do STF, visando encerrar as ações penais contra os réus da trama golpista.

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“Não estão lidando com milicianos, estão lidando com ministros do Supremo Tribunal Federal. Enganam-se ao esperar fraqueza institucional”, declarou.